Capítulo 2 - Jennifer

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Jennifer entrou na casa de classe média no bairro Jardim Social enxergando, em um único olhar, todas as patys e boyzinhos que estavam reunidos ali, regando o corpo com álcool e drogas. A noite fria não parecia incomodar as pessoas que se esquentavam umas nas outras com beijos calorosos e amassos ousados.

Tinha ido até ali a convite de um policial amigo seu, mas tinha se arrependido. Queria mil vezes estar atrás da sua mesa na delegacia do que ali naquele círculo vazio de cabecinhas ocas. A irmã desse policial iria embora para Itália e tirando Diego, não conhecia ninguém. Olhou para o relógio que marcava 00h45 AM e tomou uma pílula com um gole de uísque. Se estivesse com vontade de trabalhar atuaria todos por desordem pública e drogas. Saiu à procura de Diego para se despedir e ir para casa, mas uma ruiva de olhos castanhos interceptou seu caminho.

— Oi. Eu. Eu não te conheço. – Falou com um sorriso dopado.

— É. Eu também não te conheço. Com licença. – Respondeu empurrando-a delicadamente.

— Mal-educada! Meu nome é Beatriz.

— Muito prazer Beatriz.

— Não vai me falar seu nome?

— Pra quê? Você não vai lembrar amanhã.

— É verdade. Então seu nome não é importante. Vem. Quero conversar com você.

— Eu estou indo embora.

— Não vai não. Tem tanto tempo que não me divirto tanto!

— Quanto tempo? Um dia? Talvez três.

— Vou te chamar de senhorita ironia. Meu noivo é um chato de galocha sabe? Daqueles médicos nojentos e certinhos?

— Se você o ama, deve ser uma chata de galocha, certinha e pedante. Eu tenho que ir.

Jennifer se virou para se afastar, mas a garota interceptou sua frente quase caindo no chão. Com um gesto rápido a segurou pelos braços.

— Você tem braços fortes. – Falou a ruiva encarando os olhos verdes pela primeira vez. – Sabe o que dizem sobre braços fortes? Meu noivo não tem.

— Onde está o seu noivo? Vou te entregar a ele.

— Ele está fazendo plantão. Ele trabalha demais. E eu me divirto demais! – riu Beatriz.

— Vamos sentar um pouco. – Disse Jennifer guiando-a até o sofá. – Onde estão seus amigos?

— São todos meus amigos! — falou abrindo os braços — Todos eles.

— Toma essa pílula. – Falou entregando um dos seus comprimidos. – Vai combater o álcool no seu sangue.

— Eu acho que eu não tomo drogas.

— Eu também não. Agora toma.

Jennifer viu a ruiva colocar a pílula na boca e depois de se certificar que ela tinha engolido, sentou-se na sua frente, na mesinha de centro.

— Porque você é tão brava? – Quis saber Beatriz. – Seu namorado não veio?

— Não. Minha mulher está viajando.

03:45 AMWhere stories live. Discover now