12.1: somos feitos de recomeços

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Eu não pretendia deixar que Rebecca saísse simplesmente porque Natasha tinha ressurgido do mais profundo limbo por sabe-se lá qual razão

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Eu não pretendia deixar que Rebecca saísse simplesmente porque Natasha tinha ressurgido do mais profundo limbo por sabe-se lá qual razão. Mas ao olhá-la nos olhos soube que não conseguiria fazê-la ficar. Eu conseguia ler Rebecca Landstone de uma maneira nítida, talvez porque ela fosse péssima mentirosa e por consequência péssima atriz, mas era fácil.para mim entender seus pedidos apenas ao olhá-la, então, a deixei ir e acenei para que Natasha entrasse — algo que pensei que nunca precisaria fazer novamente após todos esses anos.

— O lugar não mudou muito nos últimos tempos — disse ela ao caminhar pela sala, observando ambos quadros enormes que ainda jaziam na parede ao sul.

— É. Ainda sou uma pessoa repetitiva.

Era cruel da minha parte, eu sabia, usar as palavras dela contra ela, mas, vê-la ali, parada na minha sala, bonita como nunca, feliz e perfeita, após tudo... Alguma parte pouco exercitada de mim queria muito magoá-la, ao menos um pouquinho, causar ao menos ⅓ da dor que ela me causou.

Mas esse não era eu. Era apenas a gotícula de mágoa remanescente falando mais alto que minha racionalidade.

Natasha me olhou com puro pesar e constrangimento, quem sabe até mesmo mágoa, após ouvir minhas palavras. Palavra que ela me disse tempos atrás. Palavra que durante um período chegou a me ferir, mas que agora, percebi, era insignificante. Já tinha conhecido outras mulheres após Natasha, nenhuma delas com quem tenha me decepcionado tanto, ou decidido construir algo mais. Tinha que lidar com essa parte de mágoa ainda restante, única parte do passado ainda não superado. Talvez, então, fosse bom ela ter reaparecido. Para acertamos isso de uma vez por todas.

— Sebastian — ela suspirou, baixando os olhos.

— Não, tudo bem — a interrompi, enfiando as mãos nos bolsos da bermuda. — Foi imaturo da minha parte dizer isso.

Natasha começou a balançar a cabeça em negação, um sorriso triste nos lábios.

— Não, não foi. Foi imaturo da minha parte ter feito o que fiz, ter te tratado como tratei. Eu... Eu não sabia o que queria, não sabia nada, era apenas... Apenas uma garota alienada por um mundo colorido demais.

Respirei fundo, assentindo minimamente antes de mexer os ombros. Todos já conhecíamos o passado e seus desfechos desagradáveis, então, eu preferia me poupar do flashback.

— O que veio fazer aqui? — Perguntei com mais leveza, sem querer pressionar. Natasha pareceu ficar mais confortável e sorriu.

— Eu só queria te ver, ver se as coisas estavam bem, se você estava bem, quero dizer. Tom disse que você tinha se machucado e eu fiquei preocupada.

— Eu estou bem — entoei. — Considerando todas as implicações da palavra.

Ela assentiu minimamente, considerando minhas palavras. Com um suspiro pesado, decidi ser educado e ofereci algo para ela tomar ou comer. Depois partir para a cozinha a fim de pegar suco e alguns biscoitos. Sabia que ela não gosta dos biscoitos de chocolate com menta que eu adoro, então abri outro pacote e coloquei os círculos de baunilha e coco numa tigela antes de voltar para a sala.

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