| Capítulo Dois

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E finalmente vamos conhecer o nosso Anthony

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E finalmente vamos conhecer o nosso Anthony.

Anthony

Uma babá.

Eu tinha contratado uma babá. A quarta babá em menos de dois meses, aliás. E não o fizera com base em um currículo brilhante cheio de cursos e qualificações ou anos de experiência comprovadas. Na verdade, eu sequer olhara para o currículo dessa moça. Talvez porque simplesmente não me importasse se ela já tinha cuidado dos filhos da rainha da Inglaterra ou se só levara filhotes de Chihuahua e Lulu-da-Pomerânia para passear, enquanto suas donas, socialites italianas, passavam o dia em um Spa.

O que me fizera, de fato, contratar uma completa desconhecida para cuidar do meu filho, fora aqueles breves minutos em que, do alto da escada, espiei como a moça se aproximara de Thomas que, escondido embaixo do piano, permaneceu em silêncio e observou enquanto aquela estranha conversava com ele. Na primeira oportunidade, Thomas fugira. Algo que eu já esperava. Aos olhos de qualquer um, aquela poderia ter sido considerada a pior interação entre um menino e uma babá. Mas, aos meus olhos, não. Aos meus olhos, aquela fora, de longe, a melhor interação que Thomas já tivera com alguém ― babá ou não ― em dois meses.

Thomas era um menino extremamente tímido, reservado e quieto. Mesmo na presença dos membros de nossa família, ele tinha dificuldades para interagir e socializar. Talvez puxara esses traços de personalidade de mim. Aliás, não tinha dúvidas de que viera de mim. A mãe de Thomas era completamente diferente. Alegre, carismática e vibrante. A mãe de Thomas era falante e agitada e nunca poderia ter sido considerada antissocial. Pai e filho, no entanto, não tinham a mesma sorte...

No entanto, eu sabia que não era apenas a personalidade de Thomas que o fazia agir dessa maneira. Até os dois anos de idade, Thomas fora muito parecido com a mãe. Era um menino risonho, que gostava de apontar para todas as coisas que lhe chamavam a atenção e adorava tocar tudo com as mãos. A curiosidade tornava meu filho um menino corajoso. Algo que ele perdera assim que compreendera que a mãe havia ido para o céu. Que não retornaria. Que precisaríamos seguir nossas vidas sem ela.

Não fora só Thomas que mudara, mas eu também. Era como se existisse um pai e um filho pré-morte da esposa\mãe e um pai e um filho pós-morte da esposa\mãe. De qualquer forma, ainda que eu amasse minha falecida esposa, estava ciente de que Thomas sofrera muito mais do que eu com essa perda. Nenhum menino deveria perder sua mãe tão jovem. Ainda havia tanto que ela precisava ensinar e mostrar para Thomas. Ainda havia muito que ele precisava viver e sentir ao lado dela. Não era justo que Thomas só tivera dois anos ao lado da mãe, antes de ter que dizer adeus.

Injusto ou não, nenhum de nós teve escolha a não ser seguir com nossas vidas, tentando aprender, a cada dia, a sobreviver sem aquela em que nos espelhávamos para sermos pessoas normais. Provavelmente não nos saímos muito bem nessa missão. Thomas se transformara em uma criança retraída e silenciosa. Um menino praticamente sem amigos. Um garotinho que mal trocava uma ou duas palavras por dia com o seu pai. Não éramos tão diferentes, mas, pelo menos, eu tinha "amigos", me comunicava esporadicamente com a família e interagia minimamente no trabalho.

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