22 - Prince Jaehyun

305 24 12
                                    

Jaehyun:

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Jaehyun:

Muita coisa mudou na minha vida desde que sai do orfanato e sou grato todos os dias por cada pequena alteração feita em minha realidade.

De acordo com os registros, fui deixado pelos meus progenitores ainda recém nascido, por isso passei uma boa parte da minha infância naquele lugar. Sendo sincero não me lembro de nada antes dos meus cinco anos, então qualquer coisa que tenha acontecido antes dessa idade é desconhecida e realmente estranha pra mim. Como só me lembro de existir a partir dos cinco anos, não estou exagerando quando digo que ouço a voz de Yifan hyung desde que me entendo por gente. Ele surgiu na minha cabeça algumas semanas depois que comecei a ouvir todas aquelas vozes gritando comigo e pedindo ajuda, era sufocante e assustador e eu só tinha cinco anos pra lidar com isso. Fiquei aliviado quando Yifan surgiu em minha cabeça, ele conseguiu silenciar as outras vozes e não conversava muito comigo no começo, o que me dava espaço para parecer uma criança normal.

As crianças no orfanato nunca gostaram de mim, o que eu nunca compreendi já que nunca fiz nada para nenhuma delas, mas o desgosto por minha presença era evidente em cada pequena coisa. Como sofri uma isolação forçada acabei tendo que arranjar maneiras de me distrair e não pensar no quão sozinho eu estava o tempo todo. Ler e estudar foram as minhas primeiras válvulas de escape. Não me lembro de quando comecei a ler, provavelmente foi antes dos meus cinco anos já que a minha memória é perfeita e me recordo de absolutamente tudo que fiz a partir dessa idade. Matemática, física, química e biologia sempre foram minhas matérias preferidas e em meu tempo livre eu estava ou fazendo cálculos ou lendo algum livro da biblioteca da escola - os livros do orfanato eram chatos demais. Depois aprendi a jogar xadrez. Nessa atividade Yifan hyung se mostrou de grande ajuda, ele jogava comigo e me ensinou algumas coisas que eu só poderia aprender com anos de prática e muito treino. Na escola comecei a treinar futebol com seis anos, mas assim como no orfanato, ninguém gostava de mim e me excluíam de toda e qualquer maneira.

Como só tinha a voz irritante na minha cabeça como companhia vinte e quatro horas por dia, acabei encontrando paz e sossego na cozinha do orfanato. As cozinheiras sentiam pena de mim, eu sabia, não era preciso que alguém me dissesse, mas não existiam motivos para que me importar com isso, no fundo eu sabia que ninguém se importava de verdade comigo e precisei amadurecer um pouco mais rápido para lidar com toda a situação a qual sempre fui submetido. As cozinheiras me ensinaram a cozinhar e assim descobri outra paixão. Claro que as comidas do refeitório não eram nem um pouco elaboradas, e não exigiam um certo talento para serem preparadas, mas eu amava ajudar porque me sentia útil de alguma forma, na maior parte do tempo eu me sentia um estorvo.

Nos quatro anos que passei no orfanato muitos casais fizeram visitas a procura de um filho ou filha, e sempre que algum interessado vinha nos visitar nós precisávamos estar impecáveis e sermos muito educados. Confesso que sempre morri de medo dessas visitas, sempre senti que não merecia ser adotado, que ninguém me amaria de verdade, que meu destino era ficar sozinho pra sempre, sem uma família. Pensando nisso eu fugia em todas as visitações que ocorriam no orfanato, me escondendo na cozinha ou em quartos secretos que existiam por todo o enorme casarão. Não me sentia pronto para ser adotado, e mesmo que Yifan hyung tentasse me acalmar, dizendo que tudo estava bem e listasse as minhas qualidades incessantes vezes, eu ainda me sentia imperfeito e indesejado.

My First and Last Memory Onde histórias criam vida. Descubra agora