quarto elemento, sol

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seu brilho era tão intenso que ela não permitia que ninguém chegasse perto. quem tentasse, logo era queimado por sua radiação. ultimamente, nem os mais carinhosos abraços estão servindo, pois, rapidamente, quem se aproxima não suporta o calor. o suor em forma de gotas era o primeiro sinal de seus amigos e amigas para sair de perto. para enxergá-la, só era possível se estivessem de uma distância de muito grande. a cegueira era eminente a qualquer segundo para o tolo que arriscasse a sua pífia sanidade. não permitia que as outras pessoas enxergassem seus defeitos, erros, falhas e faltas. no primeiro furo de seu corpo, brevemente um resto lavoso suturava suador. como se não bastasse tudo isso, aurora não perdia a oportunidade de queimar os outros com sua fervente e flamejante lava. fulminante, fulgurante e ostentoso, camadas de fogo derretiam qualquer pessoa, sem o menor filtro. com isso, não era possível compartilhar nada, com ninguém. distante e sozinha, ao mesmo tempo brilhante e chamativa, aurora clamava por alguém que pudesse, enfim, tocá-la. jamais houve um dia em que conseguisse apagar suas luzes. sempre se defendendo de todos, já não suportava mais a sucessão de dias belos que sempre havia de sentir. o centro do universo não lhe era mais o lugar mais confortável em que queria residir. pelo contrário, era o inferno mais quente de se habitar. nunca houve a oportunidade ser apenas um brilho eterno sem lembranças. pulsando sem parar em uma intensidade inenarrável, o sol só desejava ser amado.

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