Capítulo 4

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Capítulo IV

— Ele por quê? – ela parou no meio da rua, e me olhou com os olhos semicerrados, daquele jeito "fuzilando ela". — É a terceira que vez que tentamos conversar e sempre alguém atrapalha.

— Ele não me pareceu um cara que chega junto. – ela deu as costas pra mim.

— Você viu ele? Ele não quer nada comigo.

— Você não sabe quem ele é?

— Se eu soubesse não havia perguntado! O que acha?

— Ah, meu Deus, Juliana! Eu te mostro quem é ele.

— Ah não, você vai me contar agora!

— Mas não mesmo. Nós vamos para o salão da Gi, vamos dar um trato em você, pé, mão depilação, tudo completo.

— O quê? Tá me chamando de quê?

— Olha. – Disse, se virando pra mim e me parando. — Você vai me agradecer depois de conhecê-lo melhor. Ele é engenheiro e o cara é o cara. Entendeu? Ju, ele simplesmente tem uma empresa de construção civil em Joaçaba, mora em Piratuba e é dono de uma rede de hotéis. Na verdade a família dele é dona de uma rede de hotéis, mas a família dele não mora por aqui, como eles têm uma rede de hotéis, estão sempre viajando, Eduardo em especial tem a empresa na região, então ele fica por aqui. Entendeu agora ou quer que eu desenhe pra você?

— Uauuu!

— É uauuu mesmo, vamos! Assim, Juliana, minha linda! Ele é filho adotivo de Alice Morh e Augusth Morh, irmão de Elys Morh, os irmãos são adotivos.

— Poxa! Só que eu não conheço ninguém! Faz três meses que eu moro com você, que saí de casa, eu não sou obrigada a conhecer ninguém! E quer saber, é melhor eu não conhecer ninguém, eu não quero me ferrar! – Eu estava brava, muito brava com ela, se pelo menos eu soubesse quem ele era. Como eu iria saber? Agora que sei, é mais fácil, sei quem ele é e se ele tem essas coisas, eu já não tinha nada, nem uma rede social, e assim era melhor, não queria me estressar. Era melhor me manter como sempre fiz, sempre estando camuflada, eu preferia olhar e verificar os detalhes e não ser vista. Sempre.

— Você não conhece ninguém ainda, mas pode ter certeza, todo mundo conhece você, de quem você é filha e sabem que não dá pra se meter com você, porque vem chumbo! – E continuou... — Juliana, você é filha do cara mais poderoso desta cidade, tudo bem que teu pai tem fazenda, mas não é só uma! Todos aqui sabem que seu pai investe em apartamentos, que ele tem um haras dos melhores cavalos. Só ainda não entendi por que é que você não sai debaixo das asas dele!

Se você soubesse o motivo do excesso de zelo, pensei.

Ela me encarava e chegou ao X da questão, ela não sabia o porquê ainda, e eu não estava a fim de revelar. Eu queria que aquilo ficasse onde eu havia enterrado. Ficar naquela fazenda era um martírio pra mim, eu vivia em um inferno, meu pai sempre me cercava, não deixava ninguém se aproximar temendo que fosse acontecer algo parecido, eu não queria reviver aquelas dolorosas lembranças. Convencer meu pai de que eu precisava de liberdade perto dos meus dezoito anos não foi fácil, minha mãe sempre me ajudava e ela foi meu alicerce, pra que eu não me matasse de vez. Por isso, sempre lutei por minha liberdade e isso eu não abriria mão jamais. Nem por nada. Lembrei-me de todos os meus pesadelos e remédios que tomei contra a depressão que tive, era muita coisa pra mim, e para minha sorte, fazia meses que eu não tinha mais pesadelos, mas mesmo assim, as consultas semanais com Joana estavam marcadas para longo um período.

Fomos para o salão da Gizela, Gi como a gente chama, ainda de manhã, e saí de lá às 11:00, morta de fome de novo, mas toda doída. Não conseguia pensar, mas também nem senti muita dor, senti depois, fomos almoçar e resolvi não perguntar nada a Lisy sobre Eduardo. Apenas decorreu como sempre o almoço, nos divertimos, conversamos sobre vários assuntos. O telefone tocou.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 21, 2016 ⏰

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