Capítulo 3

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Capítulo III

Liguei para o meu pai e no sábado de manhã ele me buscou.

— Oi pai. – disse, dando um abraço nele, ele também era um porto seguro para mim.

— Oi meu bem, como você está? – Seus olhos me percorreram tentando identificar algo de anormal, ou mesmo analisando a minha linguagem corporal.

— Bem. Já estava com saudades.

— Eu também, querida, eu também. Você está bem mesmo? – Meu pai me pediu de um jeito tão estranho, e juntando as sobrancelhas fechou a cara para mim.

— Estou.... Por que, pai? Assim você me assusta. – disse, arregalando meus olhos para ele.

— Juliana. Você ficou no mínimo uns três quilos mais magra só essa semana. Está fazendo regime? Depois que você deixou aquele rapaz, como era o nome dele mesmo?

— Pai! O William, pai.

— Juliana, é verdade. Eu posso ver de longe, esqueceu minha profissão?

— Não pai, eu estou bem. – Não que eu quisesse ser comparada a uma égua, mas quando se tem pai e irmão veterinários, escapar de olhadas, é inútil.

— Minha menina, não sofra à toa, você já sofreu demais. E você sabe como perco a cabeça quando alguém te faz sofrer, por favor, não me teste. – Não era uma afirmação, era um aviso, e eu, eu o conhecia, sabia onde ele iria caso acontecesse algo comigo.

— Pai, aquilo é passado, tá. Por favor! – Eu não queria demonstrar nada, queria apenas o silêncio.

— Juliana, eu não quero que você sofra, só isso meu bem, eu não suportaria, por favor, me conte tudo. – Nesse instante todas as minhas tristezas me apertaram mais ainda formando um nó no meu estômago, a ausência de Eduardo era a minha dor, meu pai sabia do meu segredo e foi por causa dele que não foi pior. Esse é meu pai: Alfredo Henrique Fortes, moreno alto, olhos verdes e sorriso largo, nem magro nem gordo, porte médio, 52 anos, cabelos grisalhos, mas estilo casual e moderno, não aparenta a idade que tem. Inteligente e perspicaz e muito, mas muito detalhista.

Fomos para fazenda, meu pai dirigia seu Troller preto, um jipe que eu amava.

— Pai, eu prometo a você que lhe conto tudo, mas não agora, eu posso dirigir?

Ele me olhou de soslaio.

— Agora você consegue negociar Juliana?

Eu sorri. Sabia que ele estava debochando de mim. Continuamos em silencio por mais uns três quilômetros, acho que o orgulho dele falou mais alto.

— Sério? Você quer aprender comigo? – Ele ficou espantado com o meu pedido.

— E por que não? Na estrada que vai para fazenda, dentro das suas terras. Ah, pai, é claro que eu quero, eu amo seu carro, mas seria mais bonito se fosse branco, quero aprender, depois quero tirar minha carteira de motorista.

— Claro minha querida, eu lhe ensino sim. – Assim ele respirou e, trocando de assunto eu me senti melhor, olhei pela janela e admirei as lindas paisagens que existiam e que até então eram despercebidas por mim. Já dava para sentir o outono no ar, o friozinho que fazia era maravilhoso.

Nosso sábado começou conturbado, depois tudo ficou ótimo, meu pai me ensinava a dirigir, o que tinha que fazer e como fazer, eu amei dirigir, a sensação de liberdade era indescritível, em breve, muito em breve teria minha carteira de motorista, faltava pouco para o meu aniversário de 18 anos.

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