Capítulo 4

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Apesar de livrar os dois do perigo, o relâmpago trouxe de volta a chuva intensa aumentando o desespero da dupla que agora, mais do que nunca, queriam sair logo dali. Enfrentar a estrada, e antes, o caminho de cascalho com a pequena ponte de madeira, não seria menos perigoso do que ficar ali e esperar o temporal diminuir. Entretanto, Annabelle não pensava daquela forma.

Assim que conseguiu se recuperar um pouco, ela ficou de pé, entrou no quarto e começou a juntar seus pertences pelo jogando tudo de qualquer jeito dentro da mochila.

— Temos que ir embora agora! — justificou a mulher.

Ainda em silêncio Felipe entrou no quarto, trancou a porta e acendeu uma vela iluminando as lágrimas que escorriam pelo rosto dela que evitava olhar para o amigo. Depois que deixou o objeto em um local seguro sem a possibilidade de incendiar o local, o homem se aproximou de Annabelle e passou os braços em volta da cintura dela.

— Não podemos ir a lugar algum — disse ele tentando transmitir calma tocando a bochecha dela com a sua.

— Não importa a chuva lá fora! Não é mais perigoso do que ficar aqui! — A mulher não controlava mais o choro. — É nessa hora nos filmes de terror que os personagens têm a última chance de fugir antes que o pior aconteça!

— Belle, você tem uma imaginação incrível!

— Como assim imaginação? Você não viu aquela criatura? — perguntou ela desesperada o afastando com as duas mãos para poder olhar nos olhos do amigo.

— Uma mulher da região, certamente debilitada por algum motivo, que talvez até precise de ajuda, mas não temos como conseguir isso agora tanto pelos celulares fora de área quanto pela agressividade dela. — O homem tocou com o polegar direito as marcas no pescoço da amiga onde a jovem a havia segurado. — Não estamos em um filme de terror, — Felipe deslizou a mão até a lateral do rosto da amiga e a fez olhar para ele. — Mesmo com a fugitiva do museu Warren presente.

O comentário surtiu o efeito desejado e Annabelle, um pouco mais calma, riu de mais uma piadinha com o seu nome. O amigo tinha razão. Não havia motivo para pânico, e o ataque havia sido muito real. Não havia nada de sobrenatural envolvido.

— Sua febre aumentou... — comentou a mulher percebendo o calor em excesso que irradiava do corpo do homem.

Antes que ela pudesse pegar o remédio em seu bolso, um barulho do lado de fora chamou a atenção dos dois. Vozes indistintas, do que parecia ser uma multidão estava cada vez mais próxima do quarto, fez os amigos caminharem alguns passos até a janela de onde viram um grande número de pessoas se aglomerando sem se incomodar com a tempestade.

— Agora você concorda que temos que pegar o carro e dar o fora daqui? — O medo estava evidente no tom de voz de Annabelle que saiu pelo quarto procurando algo que pudesse usar como defesa, enquanto Felipe continuou parado onde estava. A caixa de fósforos foi tudo o que ela encontrou e, mesmo sem saber para o que seria útil, a mulher a guardou no bolso do casaco.

— Alguma chance da gente conseguir chegar no carro e fugir deles? — perguntou ela voltando para perto do amigo.

— Não, — respondeu o homem caminhando até a porta e a abrindo.

A dupla não tinha ideia de onde havia saído tanta gente, mas quando viram a recepcionista de aparência esquelética com quem tinham falado horas antes, decidiram tentar conversar com ela para ver o que estava acontecendo. Olhando mais de perto, tanto Annabelle quanto Felipe sentiram um aperto no estômago por não conseguir dizer se aquelas pessoas estavam saudáveis ou doentes. Na verdade, a impressão que causavam era de que nem estavam vivos. O grupo parou a alguns metros deles e três pessoas continuaram avançando. A recepcionista do hotel na companhia de dois homens.

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