Capítulo 3

48 3 4
                                    

Com a ajudada lanterna do celular, Annabelle resolveu tentar a sorte e procurar por fósforos e velas nas gavetas das mesinhas de cabeceira e no guarda-roupa, pois não poderiam ficar com os aparelhos ligados a noite toda para deixar o quarto iluminado. Quase sem acreditar no resultado que obteve, ela ficou feliz ao encontrar as duas coisas. Pensou que talvez a falta de energia fosse algo constante por ali e por isso já disponibilizavam uma alternativa. Com cuidado para não iniciar um incêndio, Annabelle espalhou as velas acesas pelo chão longe de qualquer coisa inflamável.

— Wow! O que vamos invocar? — perguntou Felipe quando saiu do banheiro esfregando os cabelos com a toalha. — Se continuar agindo assim vou ter que chamar o casal Warren só por precaução.

— Que engraçado... — A mulher sorriu com sarcasmo. — Você deveria me agradecer pela gente não estar totalmente no escuro. — Ela pegou uma das velas, atravessou o quarto, entrou no banheiro e fechou a porta.

Felipe sorriu. Sabia que a amiga não estava zangada de verdade.

Quando a mulher saiu do banheiro usando uma calça legging preta e uma t-shirt rosa pink de mangas curtas estampada com a imagem do gato do desenho Alice no País das Maravilhas, percebeu que Felipe havia arrumado as duas camas com os cobertores encontrou no guarda-roupas. Apesar dos esforços dele sacudindo os tecidos antes de estender sobre a cama, o cheiro de guardado a fez espirrar.

— Você também? — perguntou ele que usava uma calça de moletom verde escura e uma camisa azul marinho sem estampa.

— Não, comigo é só alergia — respondeu ela.

— Menos mal... Eu acho que estou começando a ficar com febre.

— Me deixa checar.

Felipe estava sentado perto dos pés da cama mais próxima do banheiro. Annabelle caminhou até o amigo e tocou suas testa com a palma da mão direita.

— Você está um pouco quente sim, mas nada demais depois de tanto banho frio. — Com o dedo indicador, ela tocou o nariz dele com carinho. — Me avise se piorar, tenho remédio na minha bolsa.

— Nessa sua bolsa também não teria alguma coisa para a gente comer?

Annabelle riu. — Talvez na mochila, — informou ela.

Como planejavam chegar à cidade naquele mesmo dia, tudo o que a mulher havia trazido era um pacote de biscoito de polvilho e duas barras de chocolate recheado com amendoim caramelizado. Eles dividiram os biscoitos e cada um comeu um dos chocolates.

— Isso tudo me deu sede — comentou Felipe.

— Tem uma garrafinha de água mineral no carro, vou pegar — avisou a mulher segurando a chave do Fiat Strada.

— Não precisa. — Felipe pegou um copo retrátil no bolso da mochila caminhou até o banheiro.

— Nem pensar que eu vou beber água da torneira desse lugar!

Annabelle foi buscar a garrafinha no carro e quando voltou o amigo realmente estava tomando a água que pegou na torneira.

— Você não tem muito juízo — declarou ela antes de beber um gole de água.

— Fresca como água de fonte! Inclusive não duvido que tenha alguma por aqui já que esse lugar parece um daqueles casarões de fazenda que recebeu esses quartos em torno do pátio para servir de pousada.

Annabelle concordou com a ideia da possibilidade de haver uma fonte de água mineral, mas mesmo assim, sem ter certeza de onde vinha aquela da torneira, preferiu continuar com a de origem engarrafada.

EscuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora