4. Ele está morto

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Um manto negro enlutava a cidade de Ouro Fundo. No lugar das estrelas, a noite lançava uma forte e abrupta tempestade sobre a cidade que se tornava ainda mais silenciosa e serena do que as noites costumavam ser. Vez por outra a negritude celeste dava lugar a flashes momentâneos, seguidos do romper ruidoso de temerosos trovões. Era uma daquelas noites em que poucos desafortunados se atreviam a deixar seus abrigos.

Em meio ao ruído rítmico da forte chuva que castigava a cidade, o som agudo do grande portão do cemitério denunciou a saída de alguém. Surgiu então, de dentro da escuridão, um homem enrolado em uma capa escura. Apressadamente o velho coveiro envolveu a hastes de ferro do portão com uma corrente, apenas para evitar que o vento o abrisse. Estranhou um grande volume coberto por uma lona negra, encostado no muro da mesma calçada. Porém, a forte chuva o desmotivou de averiguar. Correu pela rua em direção à sua casa, findando mais um dia de expediente.

Tão logo o homem dobrou a esquina, a lona que cobria o volume se moveu e revirou-se até que revelou, oculto sob ela, o jovem Filipe. O garoto retirou o cadeado, abriu o portão e, empurrando um carrinho de mão, adentrou o cemitério sombrio sem que pudesse ser visto.

Parecendo pouco se importar com a chuva torrencial que o encharcava ou com o cenário tenebroso onde se encontrava, Filipe Valadares seguiu pela ruela margeada de lápides até chegar a uma específica

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Parecendo pouco se importar com a chuva torrencial que o encharcava ou com o cenário tenebroso onde se encontrava, Filipe Valadares seguiu pela ruela margeada de lápides até chegar a uma específica. "Laryssa Valadares. Amada esposa e mãe. Descanse em paz" eram as inscrições lidas. Com calma e precisão esticou a lona ao lado do amontoado de terra, sobre a vegetação verde e castigada que a forrava e, com a pá em punho, principiou a cavar.

***

Noutro canto da cidade, um riso maroto cortava a noite sob o som da chuva a desabar. Dois jovens corriam e gargalhavam pelas ruas empoçadas até que chegaram, com pouco tempo de diferença, ao muro que guardava a casa da garota.

– Não valeu! – Arthur estava ofegante, apoiando o corpo cansado ao lado dela. ­– Você pegou um atalho.

– E quem removeu os atalhos das regras? – Respondeu Anarina, também ofegante e risonha, completando em seguida: – Você deveria conhecer melhor estas ruas, Arthur Lima.

O garoto moveu-se para diante dela, emparelhando seus corpos enquanto apoiava a mão no muro, quase a tocar seus cabelos ruivos e molhados:

– Prefiro me dedicar a conhecer melhor você.

– Prefiro me dedicar a conhecer melhor você

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⏰ Last updated: Jun 18, 2019 ⏰

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O FANTÁSTICO PARADOXO DE OURO FUNDO - VOLUME IIWhere stories live. Discover now