3. Admirável mundo novo

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Do interior do tubo, imerso no líquido prestes a preencher seus pulmões que queimavam pela falta de oxigênio, Choco se debatia em desespero. Os olhos arregalados enxergavam as figuras turvas que agitadas tentavam salvá-lo. Ouviu abafadamente a discussão entre Mustache e Mekanicus enquanto Anarina observava aflita, sem nada poder fazer. A amiga em pânico foi sua última visão, até que esta foi se tornando cada vez mais translúcida e finalmente os sentidos lhe escaparam.

***

Sentindo o corpo tremer Choco abriu os olhos, inspirando fortemente o ar como quem não respirava há muito tempo

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Sentindo o corpo tremer Choco abriu os olhos, inspirando fortemente o ar como quem não respirava há muito tempo. Atônito, parecia ainda sentir seu peito arder e demorou alguns instantes até se situar. Logo percebeu estar preso em uma superfície acolchoada, coberto por uma espécie de cúpula de vidro. Tentou mover as mãos, sem sucesso. Erguer-se também não era uma opção. Tiras metálicas envolviam seus pulsos, tornozelos e peitoral, impedindo-o de se quer virar-se. Foi tomado por um desespero primitivo, se sacudindo, gritando e tentando se libertar. Não demorou para que um vulto surgisse de um dos cantos, chamando sua atenção. Os olhos se voltaram para a direção e o que viu lhe causou ainda mais desespero.

– Acalme-se, jovem Choco. ­– Uma voz robótica projetou-se da criatura que se aproximava do garoto – Eu sou o modelo de vida artificial, T26-09MEDICO. Mas pode me chamar de Med. Creio que esteja um tanto desorientado, mas se puder se acalmar irei remover seus contentores em um instante.

Com o pressionar de algumas teclas na parte externa da capsula médica de contenção, a cúpula de vidro ergueu-se e se abriu ao que as tiras que o prendiam se recolheram para a lateral da capsula. Choco sentou-se, ainda assustado, e deu uma boa olhada para o robô à sua frente. O corpo humanoide ostentava partes metálicas pintadas de branco. As placas brancas, que lhe rendia certa simpatia, eram revestimentos a ocultar engrenagens e fios que rangiam enquanto se movimentava. O rosto coberto por uma máscara metálica branca, ostentava um imutável sorriso; a tentativa de um semblante amigável, embora o resultado fosse um tanto sinistro, especialmente à primeira vista.

 O rosto coberto por uma máscara metálica branca, ostentava um imutável sorriso; a tentativa de um semblante amigável, embora o resultado fosse um tanto sinistro, especialmente à primeira vista

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­– Agora, se puder me acompanhar, meu pai ficará feliz em saber que...

Antes de terminar a frase, Choco saltou de seu outrora confinamento, correndo pela sala o mais rápido que pôde a caminho da porta. Percebeu ao redor, espalhadas pelo quarto totalmente branco do chão ao teto e paredes, outras diversas capsulas abertas. Assim que se aproximou da porta, uma engrenagem lateral emitiu um som sibilar enquanto girava, fazendo-a abrir-se correndo para a lateral e revelando um corredor extenso. O garoto olhou para os lados tentando identificar a saída. Com a aproximação de Med, porém, acabou por escolher ao acaso, correndo pelo corredor branco margeado de portas como a que acabara de atravessar e torcendo para estar na direção certa. Enquanto corria e sorvia o ar em um ritmo mais acelerado que suas passadas, tentava lembrar onde estava e como chegara ali. Pouco a pouco a mente confusa ia costurando a história como retalhos de pensamentos cuja trama começava a formar um desenho e fazer sentido. Apenas quando chegou ao final do corredor e deparou-se com o enorme salão à sua frente foi que conseguiu convencer a si próprio do que aquele robô inegavelmente evidenciava:

O FANTÁSTICO PARADOXO DE OURO FUNDO - VOLUME IIWhere stories live. Discover now