Capítulo Extra : Crossover - Aniversário de 3 anos

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Olá meus amores, tudo bem com vocês? Hoje é o dia que Vítimas do Amor completa 3 anos de criação, uma data muito especial pois foi quando tudo começou e em agradecimento a todo o carinho de vocês por mim e por esta obra maravilhosa, estou disponibilizando o capítulo extra de Crossover entre O Caçador, minha nova obra e Vítimas do Amor, espero que gostem. Esse capítulo vai explicar algumas coisas sobre a passagem de tempo de oito anos em Vítimas do Amor.

Por favor, peço que se vocês ainda não leram o livro completo não continuem a leitura desse capítulo, pois ele contém muitos spoilers. Sem mais delongas, muito obrigada a todos pelo carinho, apoio e amor a este livro. Parabéns Vítimas do amor, obrigada por tudo que você representa!

PARABÉNS VÍTIMAS DO AMOR PELOS SEUS TRÊS ANINHOS!


Meus olhos não conseguiam acreditar na cena que se desenrolava em minha frente, a casa que cresci estava cheia de gente, algumas conhecidas, outras nem tanto, a cidade inteira estava ali. Todos pareciam tristes, mas ninguém estava mais destruída que eu. Minha mãe chorava em um canto qualquer, ela se questionava a cada segundo a razão daquilo tudo, ela nunca saberia. Minha filha, Yasmim, estava jogada nos braços de Vicente, agarrada a ele como se pudesse salvá-la da dor que invadia seu peito, eu queria poder fazer parar de doer, mas eu nunca conseguiria. Meus olhos registravam cada movimento de cada uma daquelas pessoas, eu estava morrendo e eu morreria todos os dias, estava pressa dentro de meu próprio corpo, aprisionada na responsabilidade burocrática da pós-morte. Eu respirava fundo a cada cinco minutos, como se estivesse programada para fazer aquilo, precisava ser o mais forte que eu conseguia. Lembro-me que peguei meu celular umas mil vezes em todas elas era o número do meu melhor amigo que eu discava, naquele momento só queria que ele cumprisse a promessa de estar sempre ao meu lado, mas ele nunca cumpriria.

Ao fundo da sala vi uma mulher parada, igualmente perdida, seu rosto não me era desconhecido, eu sabia exatamente o que ela estava fazendo ali. Eu sabia exatamente a razão pela qual a minha família havia perdido o seu maior exemplo, meu pai. Aquela mulher costumava ser amiga da família, ela deveria ter morrido anos atrás, mas isto nunca aconteceu. Passei rapidamente por ela e a mesma me seguiu.

- Feche a porta. - Ordenei assim que entramos na cozinha, não havia ninguém ali. - O que você faz aqui? Já não foi o bastante?

- Oi Maria.

Aquela jovem mulher na minha frente se chamava Emma Rogers, ela era filha do melhor amigo do meu pai, os dois compartilhavam segredos e sonhos, foram eles que me mostraram que a amizade é um sentimento nobre, forte e duradouro. Na época, Emma e eu éramos crianças, brincávamos juntas e compartilhávamos alguns de nossos temores, porém, ela sempre fora uma menina curiosa, adorava ficar entre os mais velhos ouvindo atentamente cada uma de suas conversas, ela tinha presa de crescer e eu queria ficar eternamente como criança.

- Quando o telefone tocou e me falaram que o meu pai tinha falecido, eu sabia que vocês estavam aqui, só não imaginava que você entraria na minha casa e veria tudo de pertinho. Você está feliz, Emma, você destruiu a minha família.

Não demorou muito para que um muro imaginário fosse construído entre nós duas, naquele dia percebi que nunca seríamos amigas, minhas esperanças foram jogadas por água abaixo até John aparecer e mudar tudo.

- Maria, eu queria...

Então, nós nos afastamos e nossos pais também. O contato entre eles foi se tornando cada vez mais raro, até o dia em que não houve mais contato. Eu sabia, bem no fundo, o quanto aquilo entristecia o meu velho pai, ele era um homem de poucos amigos, poucas palavras, poucas alegrias, focado sempre no trabalho e em proporcionar o melhor para a sua família e ele conseguiu, nos deu tudo o que precisávamos em todos os sentidos de nossas vidas.

- Sai da minha casa, sai de Firestone, sai das nossas vidas, eu sei tudo sobre você, eu posso abri o jogo para todo mundo. Se você quer se manter "morta" então sai dessa casa, não procura a mim ou a minha mãe, não nos envolve nisso.

Certo dia, porém, liguei a TV e vi o noticiário, o melhor do meu pai tinha morrido em um trágico acidente de carro, na mesma hora me coloquei em seu lugar, imaginei o tamanho de sua dor, eu não suportaria. Corri para abraçá-lo, confortá-lo e lhe dizer que não importava quanto tempo eles passaram afastados, às vezes a vida separa mesmo a gente, o importante era que eles eram melhores amigos, mas meu pai não estava em casa e quando chegou, ele não estava triste, estava preocupado. Andava de um lado para o outro da casa como se um fantasma o perseguisse, não entendi no momento, algumas pessoas reagem de formas diferentes a dores extremas e foi assim que classifiquei.

- O caçador está na cidade, seu pai sabia sobre ele, ele...

Só compreendi as razões de meu pai dois anos após a partida de John, o meu velho estava sentado na cobertura do Pátio Jardins, o lugar que ele compartilhou comigo e eu com meu amigo, ambos estávamos igualmente tristes, nossas vidas andavam em caminhos tão distintos daquilo que um dia imaginamos. Ele ficou abraçado a mim por alguns minutos e disse:

- Minha princesa, eu já errei tanto nessa vida. Esperava que você não cometesse os mesmos erros que eu.

- Que erros, papai?

- Quando a gente é jovem, acreditamos que nada pode nos deter. A vida se torna uma grande brincadeira e desafiá-la é nossa obrigação, mas as conseqüências são para sempre. Você desafia a vida deixando o pai de sua filha partir, eu desafiei me envolvendo com algo que um dia me fará partir.

- Como assim?

- Se algum dia o nome Rogers aparecer em sua frente, prometa-me que partirá para o mais longe possível. Se algum dia o nome caçador surgir, prometa-me viver os últimos segundos mais intensamente possíveis.

- Do que você está falando?

- Estou lhe contando meu maior erro. - Disse. - Algum dia esse erro será cobrado.

Aquela conversa nunca saiu de minha mente, todos os dias aqueles nomes me assombravam, até que descobri toda a verdade.

- O maior erro do meu pai foi trabalhar para essa corja, foi ter concordado em não contar nada sobre vocês. Mas eu não concordei, desde quando descobri, eu nunca concordei.

O meu pai trabalhou para uma organização criminosa, vivíamos sobre anistia deles. A vida parece sem graça quando você percebe que respirar depende da boa vontade de outra pessoa.

- Me perdoe, não queria causar dor a sua família.

O herói da minha infância morreu no dia em que descobri tudo, fora aquela a primeira vez que desejei ter de volta o meu melhor amigo. Percebi tarde demais o quanto a vida é injusta e quanto nossas escolhas podem ser difíceis, me tornei cúmplice do meu pai quando não contei a verdade, tentei manter as promessas dele ao melhor amigo, em nome do meu. Mantive suas escolhas pelas mesmas razões que ele. Um dia a gente aprende que não importa o que aconteça, sempre tentaremos proteger as pessoas que amamos.

- Claro que não, você quer vingar a sua. Saia daqui Emma, não esteja em Firestone quando o sol raiar ou terei que dizer que você foi à última pessoa a falar com meu pai, você teria motivos para matá-lo.

- Você...

- Você decide se estiver aqui eu farei de tudo para que você não saia. - É eu continuaria protegendo as pessoas que amo, por mais que isso me machuque. Eu me manteria em silêncio não apenas para honrar a promessa de meu pai, mas para não colocar um alvo grande e colorido nas costas de minha mãe e filha; seria a fortaleza que elas necessitam. Eu pagaria o preço de proteger a minha família nem que isso me custasse uma vida. - Com licença, tenho um enterro para planejar.

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Continuação do

Vítimas do Amor (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now