Capítulo 4 - O dia depois de amanhã

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Essa noite foi horrível. Eu dormi muito pouco e acordava em certas horas da madrugada. Infelizmente, tive que levantar, meu estômago se revirava e eu sentia muita vontade de colocar tudo para fora. São 6h30 e eu estou sentada ao lado do vaso sanitário, observando a luz que entra na janela do banheiro. Quarta-Feira. Ainda falta um dia para a França.

Como sempre, fiz minhas higienes. Estou vestindo uma calça jeans preta, um cropped preto e uma bota de couro também preta. Parece que estou de luto, certo? Vou ao quarto de Henry, tenho ele em meus braços, como ele pode ser tão frágil e perfeito ao mesmo tempo? Vou sentir falta do seu cheiro, como consegue acordar todas as manhãs à espera de mim e como consegue dormir tão facilmente em meu colo.

Desço as escadas, não com pressa, mas com calma, como se nada fosse me atingir ou me ferir. Mamãe, Ellen, está dormindo no sofá, eu não sei o quê aconteceu mas sei que o café da manhã está pronto e em cima da bancada. Torrada e suco de laranja. Eu como tudo muito devagar, porque sei que Meghan não virá. Pelo menos eu achava que não. Ela veio em seu carro e atrás estava o carro de Brice. Ela buzinou e eu sai na janela. Meghan simplesmente deixou o chave do carro na frente da porta e entrou no carro de Brice. Eu entendi. Eles não querem falar comigo mas se importam.

Depois de terminar meu café da manhã, peguei minha mochila, o dinheiro e fui ao carro de Meghan, dirigi até o Starbucks e pego um café, nem ela estava lá. Vou à escola e todos me encaram, porque eles acham que eu tive algo a ver com o desaparecimento de Troy? Eu o amava tanto.

Eu tive minhas aulas e Meghan nem sequer olhou para mim. Por quê? Eu não sei. Talvez esteja pensando que fiz algo com Troy. Mais uma pergunta: Por quê ela se importa tanto? Simplesmente deixo tudo acontecer pois não tenho escolha. No almoço, acabei nem sentindo fome, eles não foram me procurar e eu não corri atrás, fiquei sentada escondida no auditório. Lembro que, Troy me trouxe aqui quando fizemos uma peça natalina, ele queria me mostrar que apesar de tudo, ele ainda era uma criança boba, e se divertia com coisas bobas também. Ele aparentava ser o típico garoto popular, e ele era.

No caminho para a minha sala, vi o diretor e alguns policiais, a escola toda estava em volta. O primeiro que vi foi o professor Hector saindo sendo segurado por dois policiais. Vi Meghan chorando sendo arrastada por outros dois. Como ela pôde ser tão descuidada? Ela me olhou e quis me agarrar como se eu tivesse dito algo, eu nunca faria algo assim. O diretor dispensou todos os alunos presentes na escola. Logo, todos recebemos uma chocante noticia, a policia encontrou o local onde provavelmente seria o último em que Troy foi visto vivo.

Depois do acontecido resolvi ir à biblioteca, não era dia de Simon vir me ensinar algo mas eu queria sentir o cheiro dos livros. Queria ler alguma coisa boa, porque tudo o que aconteceu até agora foi mal. A bibliotecária me recomendou uns livros, sentei e fiquei olhando para a capa de um deles, não era um livro famoso, estava empoeirado e falava sobre coisas boas. Senti paz na alma e ao mesmo uma corrente me prendendo à um abismo escuro e quente.

Eu caminhei até minha casa e senti o vento balançando meus cabelos soltos, queria desaparecer. Chegando lá, mais policiais e os pais de Troy, queriam conversar comigo. Depois de um tempo, eles foram embora e eu subi para o meu quarto, estava sem fome e estava mal. Tomei um banho, terminei minha mala e fui dormir.

- Quinta-Feira –

Acordei pouco depois de 6h20, eu não queria, não queria levantar e viver a vida que tenho, mas infelizmente, tive que fazer ambos. Como sempre, fiz minhas higienes e coloquei uma roupa: um vestido justo cinza com listras brancas, um kimono preto e uma bota de salto.

Como eu ainda tinha um tempinho, me joguei na cama e vi o celular, Amber me enviou várias fotos pelo chat do Instagram, a maioria engraçada, algumas com mensagens e essas coisas. Minhas esperanças em Troy me responder eram mínimas, eu sentia em meu coração que não estava tudo bem. E Meghan? Nada dela.

Depois de passar uns minutinhos com Henry, desci as escadas e nem tomei meu café da manhã, eu estava sem fome, e acabei pegando carona com minha mãe:

- Olha, Su, eu sei do tanto que estão falando sobre você e Troy, e confie em mim, eu acredito que não fez nada – Ellen iniciou a conversa.

- Meghan está ignorando, e todos do grupo também.

- Não fique chateada com isso, talvez eles estejam assustados por tudo isso, mas no fundo sabem que você não fez nada.

- Tá tudo bem, mãe.

- Então okay, tchau, te amo

- Tchau, também.

Saio do carro na frente do pátio da escola, todos me olham do mesmo jeito de terça-feira. "Eu não fiz nada galera". Essa frase se repetia na minha cabeça como se eu tivesse dito isso para eles, mas nem um olhar ganho. Vou à sala de aula, o almoço acaba e enfim vou para casa. Caminho pela rua tranquilamente quando percebo que há muita movimentação de viaturas na cidade, então decido seguir uma delas. Na esperança de então reencontrar Troy, o carro da policia chega perto de uma ponte e para, há uma multidão de pessoas em volta das fitas, acabo empurrando algumas para poder chegar na frente. Meu único pensamento: Troy.

E lá estava ele, achei que nunca mais o veria, seu corpo fora "embrulhado" em uma grande plástico preto, meu mundo caiu, eu quis chorar, gritar e berrar para toda a eternidade. Eu ainda sem chão, caminho para casa, minha mente precisava de um tempo. Quando chego, meus pais tinham acabado de ver na televisão tudo o que aconteceu. Eles me abraçam forte e me dizem que vai ficar tudo bem. A única coisa que penso é me deitar e chorar até o corpo desidratar, o que é uma má ideia.

-

Depois de um longo tempo, vejo no celular, 18h36, eu precisava ir ao aeroporto, minhas pernas estavam fracas e eu não conseguia parar em pé. Todos, inclusive eu, estavam abalados com isso. Meu pai bate na porta e entra, me pede para ir me arrumar para que eu fosse à viagem, ele pega minhas malas e desce.

Eu levanto da cama, abro meu guarda-roupa, e fico ali, parada e olhando as roupas penduradas pelo cabide, sem noção alguma do que fazer. Pego umas roupas e coloco uma calça jeans preta com rasgos nos joelhos, uma blusa de gola alta cinza, uma blusa verde e uma bota sem salto. Arrumo meu cabelo e faço uma maquiagem. Fico uns minutos com Henry antes de descer as escadas e um pouco depois, ouço meu pai chamar.

Desço, me despeço de minha mãe e entro no carro com meu pai que já tinha organizado minhas malas. Ele me deixa no aeroporto e volta para casa, e eu fiquei ali, ainda abalada com tudo.

(Ellen)

Depois que meu marido, Scott, levou Susan para o aeroporto, comecei a fazer Henry dormir, e não demorou muito, o coloquei no berço, fechei a porta e desci para comer algo. Eu, amiga de Olivia, estou triste por causa de tudo o que aconteceu, o sumiço e agora, a morte de seu filho. Simplesmente acabo deixando de telefonar, talvez ela precisasse de um tempo para digerir a informação. Ao pegar um sanduíche com patê, ouço baterem na porta, duas pessoas se passaram pela minha cabeça: Scott, podia ter esquecido a chave de casa na hora de ir. Olivia, achei que estava querendo o consolo de uma amiga. Mas não foi nenhuma dessas pessoas, não imaginava quem estava ali, então abri a porta com um copo de água na mão, um policial:

- Boa noite, Sra. Parker – Disse o policial.

- Boa noite. Com quem deseja falar?

- Sua filha, Susan Marie Parker.

- E por quê?

- Porque Sra. Parker, sua filha está sendo acusada de sequestro e assassinato de Troy Sullivan.

Meu mundo desmorona. Como todas as provas apontampara ela? Acabo deixando o copo cair e ele quebra em muitos pedaços de vidro.Eu senti que não estava tudo be    

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⏰ Last updated: Jul 24, 2018 ⏰

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Quem é Susan?Where stories live. Discover now