Capítulo 3 - Sábado

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Sábado. Normalmente nos encontrávamos aos sábados. Eu e Troy sempre íamos em seu carro para a casa de sua avó, passávamos boa parte de nosso dia lá, ela é tão boa e graciosa, eu gosto muito dela, como se fosse da minha família. Esse era o nosso programa, e às tardes fazíamos um piquenique com todos do grupo. Às vezes rolava uma festa na casa de alguém, não perdíamos uma.

Agora estou sentada na varanda de meu quarto, vestindo um cropped branco, uma calça jeans, kimono cinza, um tênis branco e meu cabelo está preso por um coque feito com ele mesmo. Estava pensando em como num piscar de olhos sua vida pode mudar totalmente a direção; eu queria ter dito coisas e agora me arrependo, o quê vai mudar? Nada.

Eu já estou cansada de esperar por Troy, durante esses dias verifiquei várias vezes o celular, um vácuo preenchia a tela. Não sei se estou sentindo raiva por ele me ignorar, ou tristeza porque sei que não iremos voltar. Eu quero gritar. Gritar por toda a eternidade. Porque você, Troy, me faz querer morrer. Eu sei tudo que fiz, tudo que fizemos, teria tudo valido a pena? Apenas uma única palavra: Talvez.

Resolvi que iria visitar a avó de Troy, talvez ele tenha a visitado sábado passado e lhe contado tudo que aconteceu, talvez. Peguei o carro de meu pai e dirigi até sua casa, que ficava numa cidadezinha próxima, não era tão longe. Cheguei e ela estava na janela, vi sua expressão feliz em seu rosto quando me viu. Entrei na casa e sentei com ela, tomamos um chá e ela me contou, mais uma vez, toda a história dela e seu marido falecido. Um lindo conto de fadas. No final, contei que eu e Troy tínhamos terminado, seus olhos encheram-se de lágrimas, ela não sabia, eu queria chorar, e tentei segurar, mas foi em vão. Ficamos ali, abraçadas no sofá, e depois de um longo silêncio, ela me pediu para ficar. Acabei dormindo em sua casa.

- Domingo de Manhã -

- Bom dia minha neta – Disse a avó de Troy.

- Bom dia.

- Coma um pedaço do bolo e tome chá.

- Obrigada vovó.

- Os pais de meu neto estão procurando ele, não apareceu até agora.

- Eu sei, sabe, eu ainda gosto muito dele.

- Isso todos sabem minha querida, vocês dois se amavam muito.

- Eu tento esconder que me importo.

- E por quê? O amor deve ser sentido, a pessoa tem que receber e dar, tem que ser algo recíproco e vocês tinham isso.

- Vovó, eu gosto muito de ti, mas o desinteresse dele estava e ainda está me matando por dentro.

- Tudo bem minha querida, é tempo de amar, pessoas vem e vão em nossas vidas, temos que acostumar a lidar com isso, sempre foi e sempre será assim.

Ela tem muitos conselhos bons, eu realmente gosto muito dela. Perto das 15h00 tive que ir embora, meus pais iriam jantar fora e eu ia cuidar do Henry. Cheguei em casa e estava tudo pronto, eles saíram e Henry estava dormindo, fiquei assistindo uma série. Certa hora da noite, meu celular vibrou, senti meu coração disparar, minha esperança seria que Troy havia deixado seu orgulho de lado e resolvido voltar. Não. Era o número anônimo, a voz feminina novamente falou:

- Boa noite – Disse ela.

- Boa noite.

- Você sabe o quê está nos planos, porque ainda não fez?

- Porque estou preparando tudo que preciso.

- Não demore tanto, temos apenas essa semana.

- Eu não sou tão burra.

Quem é Susan?Where stories live. Discover now