Capítulo 2 - Troy

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O despertador tocou exatamente 6h30, eu acordei mesmo não querendo, como sempre, meu pai já havia saído de casa e eu retomei a rotina. Fiz minhas higienes rapidamente, não podia me atrasar, Meghan me buscaria para ir à escola, às vezes penso como seria bom por um tempo dar umas férias ao ensino médio, eu provavelmente tomaria bomba, seria uma boa ideia no começo, mas as consequências viriam depois. Coloquei um shorts preto, um cropped de tiras e uma camiseta branca por cima com um nó, para completar, a clássica blusa xadrez azul.

Como de costume, entrei no quarto de Henry, eu amo o cheiro de bebê que ele tem, gosto de segurá-lo nas manhãs, ele acorda e me espera, logo volta a dormir. Desço as escadas e mamãe me aguarda com um café da manhã, panquecas com Nutella, ela é um sonho.

- Bom dia – Disse Ellen

- Bom dia

- Eu ouvi Henry na madrugada.

- Ele acordou com um pesadelo, eu fui acalma-lo.

- Eu sei, muito obrigada. Como vai o Troy?

- Nós terminamos.

- Sério? Por quê?

- Não estávamos bem, e ele estava querendo ficar com a Bethany.

- Há quanto tempo isso aconteceu?

- Ontem fez uma semana.

- Sinto muito minha menininha, eu te amo tá?

- Eu sei disso, também te amo.

- Não esquece de pegar o dinheiro para o lanche.

- Relaxa.

Depois de poucos segundos de silêncio, Meghan buzina o carro desesperadamente, um escândalo logo cedo, eu amo essa menina, não de um jeito gay, okay?. Ela grita meu nome umas 2 vezes, qual é o problema dela? Eu digo tchau para minha mãe, pego minha mochila e o dinheiro na mesa de entrada de nossa casa, entro no carro de Meghan. Ela está vestindo um cropped e uma saia preta, usando um óculos escuro e cabelo preso por um rabo de cavalo que logo irá se soltar.

- Bom dia meu doce – Diz Meghan

- Bom dia.

- Você se lembra que ainda existe o ensino médio?

- Idiota, claro que lembro.

- Só para conferir.

- Com certeza.

- Seguinte, vamos passar no Starbucks.

- Por quê?

- Porque eu tive uma maravilhosa e longa noite... e olha essa cara, eu preciso de café para não dormir na aula.

- Dá para notar o corretivo que passou.

- Mas não é o suficiente.

- Vamos atrasar.

- E daí? Tem algo importante a perder?

- Não.

- Então cale a boca e aproveite a viagem da melhor motorista de Seattle.

- Até parece.

Provavelmente iríamos passar e pegar o café bem mais rápido se Meghan não flertasse com o atendente, um cara malhado e mais velho que nós duas, como eu poderia apressá-la se não estou com meu carro? Seria eu uma vela desde que Troy e eu terminamos? Okay, talvez sim. Voltamos para dentro de seu automóvel e ela se arruma, retoca a maquiagem e ajeita o cabelo.

Chegamos na escola antes que pensávamos, somos as populares, todos nos olhavam entrando. Ficamos esperando os meninos, e nada do Troy. Bateu o sinal e entramos. Prova de biologia. O intervalo para o almoço tocou.

No refeitório, peguei minha bandeja, minha comida e sai para o pátio com o grupo. Sentada num pano colocado em cima da grama por Meghan, observei o vento batendo nas folhas das árvores, algumas caiam, e outras eram um verde muito bonito. Todos comiam, mas eu não conseguia comer, não conseguia ouvir e não conseguia perceber que falavam comigo, estava viajando em pensamentos até que Meghan me belisca.

- A Terra ainda existe – Diz Meghan

- Eu sei disso porque ainda não desapareci junto com ela.

- Não parecia.

- Sinto muito.

Brice, um dos meninos do time de basquete se intromete na conversa como todas as vezes.

- Ela ainda está triste por causa de Troy – Diz Brice.

- Cala a boca, não é porque você pega a maioria das meninas na festa e não se apega, não quer dizer que Susan tem que ser igual. – Meghan me defende.

- Talvez não... Mas ela devia aprender. – Opina Brice.

- Você ouve o quê fala? – Meghan diz num tom de quem não aguenta mais ouvir a voz de alguém, e esse alguém seria Brice.

- Às vezes me sinto como se fosse o maior filósofo da Terra. – Diz Brice, em um tom confiante e brincalhão.

- Provavelmente o pior – Meghan brinca.

- Se você fosse um filósofo, o único que te ouviria seria seu espelho – Acabo não resistindo e entro na conversa.

- O quê? Não sou tão ruim assim – Diz Brice.

E continuamos conversando até que o almoço acabou. Entramos em nossas salas e ficamos em aula até que nosso período acabasse. Fui embora de carona com Meghan. Como de costume, passamos no Starbucks, o atendente malhado dela já não estava mais trabalhando naquele horário e ela reclamou. Fomos até à biblioteca, quer adivinhar? Aulas de reforço. Para ser bem sincera, Meghan não tinha suas aulas, ela ia mesmo para beijar Brice, dava o bolo em Simon, outro garoto muito inteligente de nossa classe, e passava a tarde com Brice. Que maravilha, os dois não sabiam esconder, todos do grupo sabiam, inclusive Troy, que não vemos desde sexta.

Eu, particularmente, preferia não ter essas aulas, acho desnecessário, até porque foi apenas uma nota vermelha. Como Simon sempre levava o bolo, ele acabava me ensinando, e muitas vezes eu não entendia, porque não queria estar ali e ficava pensando em outras coisas. Talvez isso seja feio da minha parte, mas temos o livre-arbítrio para decidirmos o que queremos fazer. Eu agradeço por ser apenas uma vez na semana. E nessa, já acabou.

Fomos embora e logo atrás vinha Brice dirigindo, com Jake, Louis e Justin no carro, geralmente Troy estava junto, mas ele sumiu do mapa. Passamos a noite no boliche e pouco tempo depois comemos em uma lanchonete. Voltei para casa no carro de Meghan, que bebeu e teve que ficar na minha casa. Conclusão: ela vai ter que dormir aqui. Não que isso seja ruim e eu esteja reclamando, mas para ela não tem regras, terça à noite é como um sábado.

Tomamos um banho e assistimos um filme de terror na Netflix. De horas em horas, eu conferia o celular para ver se Troy respondeu. Nada. Fomos dormir.

Quem é Susan?Where stories live. Discover now