16.

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O velho juiz mentalizou aquele lugar e eu nos teletransportei para lá.

— Me desculpe por tudo — ele falou arrependido com lágrimas nos olhos.

— Esqueça a culpa. Ela nunca serviu para nada. Só me ajude agora — disse segurando com vigor em sua mão enrugada.

— É por aqui — ele falou com pesar.

Fomos caminhando por um longo caminho de terra para o fundo do mundo. Cada vez mais havia mais terra em nosso redor. O velho cansou.

— Preciso descansar — ele pediu.

Peguei um pouco de água e dei a ele. Ele agradeceu.

— Vamos — ordenei.

Eu o segui. Estava cada vez mais escuro e fiz as paredes se iluminarem mais uma vez. Chegamos em uma parede de metal muito rigorosa.

— É titânio — ele falou. — Impossível de quebrar.

— Eu quebrei — respondi.

— Você gosta de fazer coisas impossíveis — ele sorriu.

— Quebre a magia — ordenei.

— Me ajude — ele falou.

— Como? — perguntei aflita.

— Essa é uma magia laluli proibida há tempos. Ela não brota do amor como todas outras magias braites que aprendeu quando era mais nova. Ela brota da outra energia que nos habita. Ela brota daquele sentimento ruim que sussurra em nossos ouvidos: o medo.

— Mas aprendemos que não podemos dar ouvido aquilo que não brota do coração.

— Por isso que é uma magia proibida.

— O que precisamos fazer?

— Eu não tenho ideia — ele respondeu — Para coloca-lo aí trabalhamos o ódio, nossa aversão a um mundo de guerra, nossa raiva por que um namoro adolescente podia colocar todo o mundo em perigo. Mas nunca me disseram como quebrar essa magia — ele parecia desolado.

— Deve haver um jeito.

— Eu sei, mas nunca aprendi como fazer. Ela vem de algo ruim, deseja o pior, por isso nunca ensinam como quebrá-la para o bem. O selo mágico é maligno.

— Na minha opinião só o bem pode quebrar o mal. As duas energias são conectadas. Sabe como a morte está conectada à vida, como o sofrimento está conectado à superação e à força. A dor ligada ao amor.

— Faz sentido — ponderou o velho.

— Por favor, me ajude a tirar Raul daí.

— Conte comigo. Eu te devo minha vida.

— Você não deve nada, mas me ajude. Pense na paz que o mundo está hoje, todos felizes juntos praticando magia, Raul é o responsável por isso, Raul e eu. Nós merecemos ficar juntos. Pense nisso comigo.

O velho estendeu os dois braços em minha direção. Eu segurei firme em suas mãos e nós dois fechamos os olhos.

— Deixe fluir. Deixe toda magia fluir. Estamos livres aqui fora do mal que prende só Raul. Força! — gritei.

Eu deixei meu coração lembrar de Raul, de todo bem que ele havia me feito, de seu sorriso, seus puros olhos cor de mel, seus cabelos roxos, sua ousadia, seu beijo roubado, seu abraço terno, sua companhia completa, Raul ao meu lado nos piores momento, Raul ajudando o mundo, Raul levitando, sorrindo iluminado. Raul saía daí. Raul, eu estou aqui. Meu amor é forte. Estou aqui para você.

Foquei aquela energia com toda força do meu coração. Abri os olhos e o velho juiz chorava emocionado. Ele tinha também se entregado às suas emoções. Um estrondo no ar.

O titânio havia se partido ao meio e pude ver Raul agachado no fundo da cela. Corri em sua direção. Ele sorriu para mim. Ele estava vivo. Ele tinha conseguido sobreviver.

— Meu amor! Meu amor! — gritei emocionada. Eu o abracei e o cobri de beijos e lágrimas. Percebi que Raul estava fraco eu lhe dei água e muitos beijos mais.

Raul se levantou e se apoiou em mim.

— Você deve estar ainda mais forte — o velho buscou nos consolar.

— Não era o que buscávamos — ele respondeu.

— A vida nunca é do jeito que imaginamos — disse o velho mago.

— Isso é uma verdade, mas ela nos prepara — comentei.

Raul sorriu. Eu segurei em sua mão com intensidade. Meu amor estava comigo.

— Venha, Raul. Vamos viver esse novo mundo. Ele mundo está lindo, como queríamos. Vamos logo!

Raul me olhou emocionado.

Caminhamos pelo caminho de terra juntos.

— Quem é ele?

— O velho juiz que me condenou. Encontrei ele aqui sozinho. Fugiu de medo, mataram os outros juízes quando nos pegaram.

Raul ficou sério, percebi que ele também não acreditava em sacrifícios.

— Venham — falei. — Me deem suas mãos, está na hora de irmos embora daqui. Há um mundo maravilhoso que nos espera.

Eu nos teletransportei para a ponte de cristal. Raul viu uma estátua sua embaixo da ponte toda iluminada e rodeada de flores. Ele chorou emocionado.

— Parece que nos transformaram em heróis — ele sorriu chorando.

Caminhei em sua direção e o abracei.

— Acho que somos mesmo.

O velho juiz nos olhava de longe e percebi que ele também sorria emocionado. Ele também teve sua parcela de dor e sofrimento.

A magia flui por nossas vidas. Basta estarmos abertos a acreditar.

Essa foi minha história de amor, como contei a vocês no início, ela é não é só sobre amor, é muito sobre acreditar. Eu estava apaixonada por Raul e tudo o que eu queria era tê-lo ao meu lado. No final, a vida se abriu e conseguimos muito mais. 

Conseguimos mudar o mundo.

#Acredite

FIM

#ACREDITE (VENCEDOR DO #THEWATTYS2018)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora