18 - Recomeço

338 32 1
                                    

O Drew estava pronto com a mochila nas costas enquanto eu ajudava-lhe a carregar a mala.

Caminhamos até a porta juntos para encontrar o Dreux no lado de fora da casa. Ele estava em pé ao lado do carro quando o Drew correu para os braços dele. Entreguei-lhe a mala e verifiquei se tudo estava certo.

Abracei o meu filho com toda força do mundo, pois sabia que estaria longe dele não apenas por dias, sim eu havia feito a minha escolha e aquele abraço significava que a minha decisão havia sido tomada e ninguém mudaria.

Não chorei, não demonstrei nada a não ser amor e carinho por ele de uma mãe super protetora. Ele não fez nada a não ser retribuir e dizer que lhe estava a esmagar com toda aquela força, me ri dele e ao mesmo tempo sorri para ele só para lembrar daquele momento daquela forma, bonita, e não de uma forma dolorosa.

— Não vai me abraçar também? - Ouvi o Dreux perguntar assim que me afastei do Drew.

Podia fingir nem ter ouvido, podia simplesmente ir-me embora, podia simplesmente deixar passar, podia fazer muitas coisas, mas eu abracei-lhe. Abracei-lhe com toda intensidade que alguma vez tivera, eu não sei se ele percebeu que aquilo era um adeus ou um até breve, mas ele respondeu com a mesma intensidade. Doeu, doeu muito, mas eu sabia que estava certa e que aquilo era melhor coisa a se fazer.

Eu queria ser respeitada e amada, e não humilhada constantemente como acontecia. Eu queria uma vida melhor do que a que tinha e se eu queria aquilo, então precisava buscar, não precisava que ninguém me obrigasse a fazê-lo e sim me impulsionar a fazê-lo porque era eu que queria, e não os outros que viviam a falar, era eu, era a minha vida então quem podia decidir melhor sobre mim era apenas eu.

Sabe quando você precisa deixar ir o que te faz mal, mas ao mesmo tempo te faz bem, é difícil no princípio, mas depois nos acostumamos com falta dessa coisa ou pessoa. Eu já havia deixado-lhe ir fazia tempo, eu apenas me obrigava a fingir que não, porque eu não aceitava, não me deixava acreditar que uma pessoa capaz de me fazer bem era capaz de me destruir e foi assim que eu acabei no chão sem ninguém para me erguer. Eu era a única pessoa capaz de me reerguer e foi isso que fiz quando tomei minhas decisões sem deixar ninguém interferir nelas, fui em frente, levantei minha cabeça me recolhi daquele chão húmido na qual fui deixada e olha, doeu, não vou mentir que não doeu, porque doeu para caralho, mas eu tenho a certeza que daqui para frente vai doer muito menos e eu não me irei arrepender de nada disso, de certeza que olharei para trás com um sorriso no rosto e me irei rir do quão burra fui e me irei questionar porque aguentei tal coisa e fiz tal papel por muitos anos, mas é a vida né...

— Eu sei o que você decidiu... - Ele sussurrou no meu ouvido eu sorri perto do pescoço dele. — Não importa o que você faça daqui para frente, eu irei te apoiar de olhos fechados e irei cuidar do Drew para nós... Te amo... - Sua respiração pesou naquele momento.

— Quem ama não machuca Dreux, já perdi até a conta de quantas vezes você fez isso comigo, mas eu só quero esquecer isso... - Fechei os meus olhos e senti seus lábios úmidos de encontro com minha testa.

Nos afastamos e ficamos em silêncio enquanto olhávamos um para o outro. Não haviam mais palavras nossos olhares sabiam exatamente o que queríamos dizer um ao outro sem usar palavras, não precisávamos de palavras para absolutamente nada, sempre foi assim.

— Vamos papá, se não vamos chegar atrasados. - O Drew agarrou a mão do Dreux e puxou-lhe para o carro.

— Tchau Amber! - Sorri e fiz um sinal com a mão.

— Tchau Dreux, tchau Drew. - Não parei de sinalizar até que o carro desaparecesse do meu ponto de vista.

... — ... — ... — ...

As minhas coisas já estavam arrumadas para começar a minha nova jornada. Pensei muitas vezes que fosse dar para trás, mas lá estava eu prestes a embarcar numa nova aventura, dessa vez estava completamente sozinha. Não tinha a minha mãe, não tinha a Sabrina, não tinha o Dreux ou o Drew, ou uma completa estranha para me perturbar. Era eu e mais eu e apenas eu.

Depois de horas de viagem lá estava eu, de cara com uma nova vida, novas expectativas, novas experiências. Tudo o que queria era uma vida completamente longe dos dramas que já faziam até parte de mim.

A minha vida havia dado uma volta de 360 graus por completo e eu estava aí, viva com feridas, com cicatrizes, mas estava viva porque em nenhum momento eu desisti de lutar, quando eu mais precisei eu estava lá para mim, em nenhum momento eu disse "desisto de mim, desisto de tudo". A todo momento eu caí, mas olha só, estou aqui em pé agora. Agora mais do que nunca eu precisava de mim, precisava aprender a me amar mais, porque se eu não s fizesse ninguém o faria. Amor próprio é necessário e foi por causa desse amor próprio que eu estava aqui. Estava pronta para tudo o que der e vier, mesmo com feridas abertas, eu não deixaria de lutar por mim, pois eu preciva de mim, meu filho precisava de mim, minha família precisava de mim.

Pela primeira vez eu consegui me amar. Pela primeira vez eu fui o meu primeiro amor, algo que não acontecia há anos, porque eu não sabia me amar. Foi preciso quebrar muito a cara para aprender a me amar, essa é a parte mais triste, porque eu queria ter aprendido a me amar sem precisar disso, mas foi assim o que podia fazer?! Agradecer apenas por um dia ter me liberto e descoberto que eu também podia ser o meu primeiro amor.

Perdi a noção de quantas vezes pensei que aguentaria, que era só uma fase, que ele gostava de mim, que podiam haver outras mas ele era meu, Deus!!! como fui patética quando pensei de tal maneira.

"Se ele faz isso com você, então ele não te ama" - Pela primeira vez eu havia conseguido me libertar dos pensamentos que me prendiam. Pela primeira vez eu gritei por socorro no silêncio e o mesmo me respondeu.

E quando pensei que não conseguia fazer nada, pois ele não queria que o fizesse... Nosso relacionamento foi abusivo sem ele nunca ter dito que foi e eu mesma nunca ter notado, sem ele nunca me ter levantado a mão ou mesmo proferido palavras ofensivas, mas aquela lavagem cerebral bem feita sabe...o que mais dói é saber que existem pessoas a viver assim.

Why Did I Marry With A Rapper?Where stories live. Discover now