2 - Odeio-te

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Novo dia, nova batalha, o mesmo rosto e as mesmas dores, é sempre assim. Me alegro a noite quando ele cá está e de manhã quando ele se vai o meu sorriso, as minhas forças, o meu coração tudo isso se vai com ele.

Levanto embrulhada nos lençóis e vou para o banheiro. Lavo o meu rosto, o cabelo, minha pele e por fim meus dentes. Visto-me rápido para não atrasar, afinal preciso levar o meu filho à escola e mais tarde ao treino. Falando em treino só espero que o pai dele não se esqueça que hoje ele terá um jogo importante e quer a nossa presença. Quanto ao ter que levar o Drew para à escola, não é que não tenha ninguém para fazê-lo afinal de contas ele tem uma babá que podia fazer isso, mas acontece que eu gosto de participar na vida do meu filho, faz-me sentir mais viva e ocupada, afinal eu não faço nada em casa e não posso trabalhar, não por não ser formada ou coisa do género, porque formação académica eu tenho, só não trabalho porque o meu marido não deixa, sempre que eu tento tocar nesse assunto as respostas são sempre as mesmas ''Porquê que você precisa de trabalhar? Eu sou o teu marido e chefe de família, por isso eu é que tenho que colocar dinheiro nessa casa. Se você trabalhar, vai ter muitos colegas e eu não quero que eles fiquem a olhar para ti, eu não quero a minha mulher rodeada de homens, eles vão querer se aproveitar e blá blá blá''.

Coloco uma calça jeans apertada que marca desde a minha silhueta até as minhas coxas, uma blusa branca meio transparente uns sneakers brancos, pinto os meus lábios a vermelho e prendo o cabelo em um coque. Pego na pasta e desço.

- Bom dia meu amor. - O Drew dá-me um beijo na bochecha.
- Bom dia mamã! - Ele responde.
- Bom dia Bárbara, o Drew já comeu? - Dirijo-me a babá do meu pequenino.
- Bom dia sim senhorita Amber. O Drew já comeu sim. - Ela responde-me educadamente.
- Okay, acho que podemos ir, vocês vão andando até o carro, enquanto eu vou à cozinha beber um copo de leite e já já saímos. Toma, pega a chave. - Entrego a chave do carro para a Bárbara e ela se dirige para fora de casa com o Drew, enquanto eu vou à cozinha beber um pouco de leite.

À caminho da escola o Drew não parava de falar sobre o jogo mais tarde e como queria muito que eu e o pai dele estivéssemos lá presente. Sinceramente, eu não podia falar nada pelo Dreux, eu sei que ele está sempre ocupado no estúdio, então eu procuro sempre não incómoda-lo e fazer o meu papel de mãe para não deixar o meu filho na mão.

Deixo-lhes na porta da escola e dirijo-me até a casa da minha mãe. Logo que estaciono o carro vêm milhões de imagens na cabeça, lembranças daquela casa, lembranças daquele bairro, lembranças de como tudo isso começou, claro que muitas dessas lembranças são más, mas tem outras boas. As pessoas falam '' Oh olhem para ela saiu daqui, mas não consegue tirar a própria mãe, só se preocupa com o próprio umbigo'', mas a verdade é que eles nem sabem de nada. Não é que não quisesse que ela saísse, ela se recusou a sair, mas pelo menos aceitou que eu remodelasse o imóvel. Desço do carro e toco a campainha, logo a porta é aberta e entro na casa.

Logo que entro dou um abraço bem forte a minha mãe que me acolhe em seus braços.
- Filha! Que saudades minha Amber. - Ela diz sorridente, enquanto caminha até o sofá abraçada a mim.
- Eu também tive muitas saudades mãe. - Digo e dou-lhe um beijo na testa.
- Como é que estás? Como é que tudo vai? O meu neto? O Dreux? - Ela pergunta.
- Eu estou bem. Tudo está no lugar, o teu neto está óptimo, e o Dreux também. E a senhora?
- Eu vou bem como sempre, sou dura na queda. Continuo aqui firme e forte. Esses teus olhos castanhos e bonitos não mostram que estás tão bem quanto o dizes.
- Mãe para de olhar para os meus olhos!
- Minha querida os olhos são a janela para a alma, para de mentir-me que está tudo bem, enquanto não. Eu sou tua mãe e sei que tens problemas e sei bem que são com o teu marido. - Minha mãe sabe de quase tudo e já me pediu várias vezes que deixasse o meu marido, porque ela acha que não sou feliz.
- Está tudo bem mãe! - Digo querendo cortar o assunto.
- Tu sabes que não, ele é infiel e isso está estampado nos jornais e nas revistas todos os santos dias, a quem você quer enganar que o teu casamento feliz não é só uma faixada? Eu nunca aceitei que te casasses com ele, mas você engravidou e casou. - Ela diz.
- Não é bem assim, nem tudo que está estampado nas revistas e jornais é verdade! Quando eu engravidei não teve ninguém a meu favor, fiz tudo sozinha, porquê que a senhora pensou que na hora de casar eu iria aceitar opinião? - Eu sabia perfeitamente que era verdade, mas eu não queria deixar transparecer.
- Por ter feito tudo sozinha não devia ter se casado com ele, porque até mesmo ele te abandonou quando te engravidou. - Quando eu fiquei grávida eu tinha 16 anos e não tive o suporte de ninguém, o Dreux queria que tirasse o nosso filho, a minha mãe fechou as portas dela para mim, meu pai não vejo desde que tenho 10 anos e todos os que pensei que me ajudariam naquele momento me viraram as costas, então resolvi trabalhar para sustentar meu filho e os meus estudos, foi o pior trabalho de todos mas hoje eu tenho orgulho da mulher que me tornei graças a ele, porque foi nele que aprendi a respeitar mulheres iguais a mim.
- Já chega! Não vim para aqui para ouvir essas coisas, vou-me embora. Nos vemos em outro dia mãe. - Despeço-me dela e vou para o meu carro. ''Eu não vou chorar!'' - Falo mentalmente para mim mesma e saio daí até o local do jogo do Drew.

Why Did I Marry With A Rapper?Where stories live. Discover now