Capítulo 4

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Tudo acontece muito devagar. O braço do Luke à volta da minha cintura puxa-me para trás dele. “Vá lá, Harry. Tu és melhor que isto.”

O queixo do Harry cerrou e ele olhou para mim, o seu olhar feroz faz-me olhar para baixo, embaraçada. Apesar de tudo o que se está a passar, não posso deixar de me aperceber que esta é a primeira vez que estou no mesmo quarto que um rapaz atrativo.

“Quem és tu?” A questão do Harry é direcionada a mim, os seus olhos verdes encontram os meus azuis. A questão parece estúpida, ele sabe quem eu sou. Ele sabe quem me quer. “Porquê que és tão importante para o Will?”

Afastei-me ta protecção que o Luke tinha feito com o seu corpo. “Isso importa?”

“Sim.” O Harry diz antes de abanar a cabeça. “Não- não, acho que não importa. Podes vir comigo a bem agora, ou vou ter de te levar à força e depois dizer ao Will da tua resistência.”

“Harry, eu sei que existe outra maneira.” O Luke começa antes de o Harry o interromper.

Não há maneira nenhuma!” O Harry grita para o seu pai. “Merda! Pára de fazer isto ainda mais difícil!”

Pareceu que o Luke ia dizer qualquer coisa, defender-se, mas permaneceu calado. Tenho que dar os créditos ao Luke, ele é fantástico a manter o controlo. Em vez de gritar com o seu filho, o Luke apenas olhou para ele indignado. “Tu sabes, Harry, quando me disseste que querias sair de casa. Eu fiquei contente. Pensei que o meu filho ia fazer alguma coisa com a sua vida, alguma coisa importante.” O Luke abana a cabeça. “Depois, descobri o porquê de queres sair. Querias tornar-te num Extinct. Depois de tudo o que te ensinei tu… tu quiseste tornar-te num monstro.”

Momentaneamente ferido, o Harry apenas olha para o seu pai. Pergunto-me o que levou o Harry a querer abandonar o pai, para se tornar num Extinct. Por aquilo que percebi, o Luke não é má pessoa. Então, posso assumir que ele ensinou o Harry a ser uma boa pessoa. Como é que um filho pode ser tão diferente do seu pai?

“Chamas-me monstro, porque queres acreditar nisso. Queres acreditar nisso para dormires descansado à noite. Assim, não tens de te odiar a ti próprio por me teres deixado ir tão facilmente.” O Harry diz por entre dentes. “Queres que eu seja um monstro para te considerares um herói.”

Um herói. No meu tempo livre em casa, costumava ler livros sobre heróis e vilões. Nos bons livros, heróis e vilões não eram assim tão diferentes. Os heróis tinham ânsia pelo mal, tal como os vilões. Só que os heróis tinham mais apoiantes, para acabarem sempre a ganhar.

Não percebo o que o Harry quer dizer quando afirma que o Luke quer ser um herói. Os heróis não são reais. Não num mundo como este. Nem ninguém tão bom como o Luke pode ser um herói.

O Luke não pareceu afetado pelas observações duras do Harry. Ele apenas olhou para a parede de cor creme atrás do Harry. Depois, depositou a sua atenção em mim. “Harry, ela é uma boa rapariga. Ela não merece isto.”

“Eu não a posso proteger da maneira que tu queres.” O Harry olha para mim e eu desejei ainda estar escondida por trás do Luke.

“Sou eu que a vou proteger. Só tens de dizer ao Will que não a encontraste.” O Luke suplica ao seu filho, e sinto-me culpada por isto ser tudo por mim.

“Eu não preciso que ninguém me proteja.” Eu protestei, fazendo com que ambos os olhares encontrassem o meu.

O Harry franze as sobrancelhas, mas não chateado ou confuso. Com espanto. Tão rápido como a estranha expressão atravessa a sua cara, assim desaparece. A sua feição volta à cara de poker, que ele usa tão bem. Mesmo sem emoções, ele parece um anjo. “Agora, por favor vem comigo. Ou vou apenas chamar o Will para vir até aqui.”

Extinction {H.S} PTWhere stories live. Discover now