Alva caminhava em um acampado enorme, a grama tão verde e um céu tão azul como uma linda tela pintada à mão.
O jovem anônimo caminhava ao seu lado enquanto ela sorria para ele.
Um sentimento morno aquecia seu coração e uma felicidade tomava sua alma, sentimento tão novo e ao mesmo tempo tão conhecido.
Ao acordar, Alva sentiu um leve perfume de flores do campo em seu quarto. Tudo parecia tão real, que aquelas imagens e sentimentos durou por todo o dia.
Com o passar dos dias, após o primeiro sonho, Alva notou o quanto seu paciente anônimo passou a ser mais receptivo a ela.
Mais dias se seguiram, o mesmo sonho tomava as noites de Alva. Era o mesmo acampado, sonho após sonhos. Embora Alva comerá a vivenciar com mais realidade aquelas senhos, ao ponto de notar a luz forte parecia iluminar apenas o jovem. Como aquelas luzes de palco, sendo direcionada a ele.
Assim, três semanas se passaram...
Alva chegou a clinica mais cedo que o habitual e seguiu para sua sala, ao entrar largou sua bolsa na mesa, e foi até o armário onde ficavam os prontuários, ela queria analisar a todos, estava incomodada que após tantas semanas não havia conseguido um progresso com aquele paciente. E os sonhos eram outra coisa que a deixava irritada, mas ela tinha certeza que o motivo daqueles sonhos eram pura frustração.
Alva foi tirada de sua leitura pela enfermeira Harper, que bateu na porta de sua sala, mas já estava com a metade do corpo pra dentro da sala.
– Desculpa se a atrapalho, me disseram que você tinha chegado mais cedo, queria te contar que seu paciente anônimo está murmurando coisas estranhas há quase uma hora. - Disse Harper.
– Não acredito! - Alva levantou-se largando todos os prontuários e seguiu para o quarto do paciente. Quando Harper abriu a porta, Alva o cumprimentou como todos os dias com um sorridente 'bom dia' e ele levantou o rosto, mas permanecia calado.
– Fiquei sabendo que você estava resmungando, posso te ajudar em alguma coisa? - Alva disse sem esperanças de receber alguma palavra em retorno.
– Sim. - Disse ele e sua voz fez eco nos ouvidos de Alva, como um breve dó menor.
Alva ficou sem palavras por quase dois minutos, ela não estava acreditando que tinha acabado de receber a resposta daquele jovem, depois de mais de três semanas o analisando, ela tinha que admitir que ele possuía uma linda voz.
– Ual, hoje alguém aqui está falante! - Exclamou Alva tentando manter a ansiedade e não fazer mil perguntas a ele, ela poderia acabar assustando-o.
Ele novamente apenas afirmou com a cabeça em resposta, como fazia todos os dias, então Alva resolveu que deveria ser a hora do passeio.
– Vamos dar um passeio pelo jardim amigo anônimo? - Alva perguntou.
– É Ethan , meu nome, é Ethan . - Ele respondeu de forma educada e calma.
Alva piscou umas duas vezes antes de voltar a falar, tentando recompor sua voz.
– Tem um belo nome. - Ela disse tentando parecer natural ao paciente.
E mais uma vez, ele a surpreendeu com sua bela voz e seu tom educado.
– Não tão bonito quanto o seu, Doutora Alva.
Alva se arrepiou dos pés a cabeça ao ouvi-lo pronunciar de forma tão bela e sedutora o 'Doutora Alva'.
Ela se recompôs e apontou para a porta.
– Então? Vamos ao nosso passeio Ethan?
Ele afirmou com a cabeça e gesticulou dando passagem primeiro a ela forma muito educada de se portar diante a uma dama. Ela tomou nota mental sobre isso.
Eles caminharam pelo corredor em silêncio até chegarem ao jardim e sentarem no mesmo banco de sempre.
– Estou muito satisfeita que tenha me dito seu nome, é um ótimo sinal. -Ele voltou a olhá-la brevemente para ouvi-la dizer, mas logo voltou a olhar pro céu. E Alva continuou: - Gostaria de saber se você é daqui, dessa cidade.
– Não. - ele respondeu sem encarar-la.
– Do interior? Sei, eu também sou do interior, na verdade estou aqui há alguns anos, mas sempre volto nas festas de fim de ano para rever minha família. De onde é sua família?
– Não tenho família aqui na terra.
– Oh! Lamento Ethan. Sabe, eu também perdi minha mãe há poucos anos.
– Eles não estão mortos.
Alva o encarou, ele com certeza estava tendo alucinações ainda. Então, Alva tentou outras perguntas mas, naquela manhã o jovem voltou a ser monossilábico. Contudo, ela não se importou tanto, enfim conseguira um progresso.
Ao final do dia Alva foi para casa triste, porque era sexta-feira e ela não voltaria a clinica no fim de semana, só era chamada caso tivesse alguma emergência, sua carga horária de trabalho era apenas de segunda a sexta.
Na noite de sexta para sábado, Alva teve outro sonho com o rapaz, mas desta vez foi diferente, o mesmo local, mas agora ele falava com ela.
Eles caminhavam lado a lado e conversavam, durante a conversa ele dizia que não poderia dizer muito sobre ele, ou ela iria achar que era realmente louco.
– Se eu te disser, realmente de onde venho, não acreditaria em mim.
– Porque não tenta, quem sabe, eu possa acreditar.
– Não, não acreditaria. Diria que sou louco.
– Você me parece um louco muito sensato, Ethan.
– Não sou um louco Doutora.
– Estou tão curiosa para saber mais sobre você.
– Eu sei que está.
– E como sabe?
– Os humanos não conseguem disfarçar muito bem as emoções, e você é a humana que menos consegue.
– Você parece me conhecer muito bem.
– Estive te analisando todos esses dias.
– E eu pensando que, eu era a analista aqui.
Ele sorriu em resposta e continuaram a caminhar.
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Segredo Para Eternidade
Mystery / Thriller"Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia. (Hamlet) William Shakespeare'' E entre estes, existe dimensões nunca imaginadas pelo homem.