4- Entre álcool e suor

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                                                           "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."

(Antoine de Saint-Exupéry)


Cheguei em casa e fui direto para meu quarto, peguei o notebook, deitei na cama e comecei a pesquisar sobre a W&E na Internet. Descobri que o dono era desconhecido, quase um fantasma, mas detinha um dos maiores patrimônios das Américas.

Quanto mais pesquisava sobre ele, mais pensava nele, como um vírus me deixando em pane, pior do que as imagens...

"Droga, as imagens..."

Minha mente estava tão dominada pelo pensamento em Dante, que conviver com aquele "Festival de Cinema de Cannes" parecia suportável.

Mas peguei as luvas e vesti-as novamente.

"É melhor não arriscar."

"E se eu não vê-lo mais? Nunca mais?"

Minha barriga embrulhou e uma ânsia de vômito me fez correr para o banheiro... Vomitei uma água amarelada, sem comida alguma.

Voltei para a cama, dormi e tive um sonho confuso e assustador.

No sonho eu era uma criança e corria por uma floresta densa e escura, pássaros gigantes de olhos da cor de um azul brilhante surgiam de dentro da terra e me amedrontavam. A qualquer momento eu seria devorada. De súbito, o mais feroz de todos voou na minha direção, com bico aberto. Eu podia ver dentro dele e era um enorme precipício.

Acordei.

"Não, não..." — Gritei, abrindo os olhos, sentindo todo o meu corpo molhado de suor. 

A campainha tocava freneticamente.

— Já vai! Já vai!

Levantei e fui atender a porta.

O pesadelo me fez lembrar os sonhos da minha infância e adolescência. Eram sempre com pássaros. Eu existindo como pássaro, voando pelo céu, pelas florestas, livre...

Mas o que mais me intrigava nesses sonhos era que não era a minha mente que controlava o corpo do pássaro, mas o corpo que controlava todas as ações e deixava a minha mente numa situação passiva e aprisionada.

O instinto me guiava? Ele sabia o que fazer?

Talvez a vida fosse assim. Talvez não tenhamos controle algum sobre nós mesmos. A diferença, quem sabe, seja que não sabemos disso.

— Demorou, garota! — Barbie me tirou do modo auto e entrou empurrando a porta sem nem me deixar abri-la por completo. — Te liguei um milhão de vezes! Que cara é essa? Você está péssima!

Blue Label: sobre meninas e pássarosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora