3 - Íris de ácido cáustico

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O mundo está escuro e parece morto

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O mundo está escuro e parece morto.

Feras e serpentes se escondem nas trevas...

Então tu apareces no horizonte...

e a terra fica em festa.

(Hino ao Sol, Aquenaton)

Dormir por dois dias não foi normal e o meu corpo parecia cansado, minha mente deslocada, como se existisse num tempo diferente da realidade. Em casa as coisas se tornaram menos assustadoras, já que pude ficar sozinha e mergulhar naquele mundo pavorosamente mágico.

Era meu segundo dia em casa. Mamãe não queria ir trabalhar para me fazer companhia, mas insisti que ela fosse, afirmando, várias vezes, que estava bem.

Passava das dez da manhã. Estava sozinha, sentada à mesa, olhando minha xícara de café pela metade e o resto de pão, minhas mãos estavam cruzadas sobre minhas pernas.

Nada flutuava no ar.

Era engraçado como às vezes não tinha imagem nenhuma. E eu chegava até a acreditar que elas haviam sumido.

Toquei a asa da xícara, levando-a até a boca. As imagens já permeavam toda a cozinha.

Suspirei, levando as duas mãos ao rosto.

As lágrimas escorriam pelas minhas bochechas, pude ver através dos meus dedos, que não havia mais imagem nenhuma...

— Mas como? "Elas estavam aqui há segundos? — Gritei.

Levantei e andei pela cozinha. Nada. Tinha que existir uma lógica mínima naquela maldita insanidade!

Corri até a xícara e toquei sua asa.

Explosão.

Soltei-a.

Nada.

"Rá!" — Minha risada ecoou pela casa.

"É isso, o tato!".

As imagens só existiam quando tocava em algo!

"Eureca!"

No resto do dia fui confirmando minha hipótese, então, comecei a colocar as mãos nos bolsos. Sempre que podia eu as escondia.

Fiquei em casa por três dias e mesmo sem remédios, as visões continuavam... Mas falar para mamãe seria como me colocar no rol dos esquizofrênicos.

Contudo havia uma certeza, cada coisa tinha sua sequência de imagens, mesmo que elas não fizessem sentido nenhum.

No dia de voltar à faculdade enquanto tateava a pia, a escova de dente despencou no chão do banheiro, quando abaixei, a toalha de banho caiu e apanhei a escova segurando-a com a toalha...

E nada.

Não vi nada. Era como se o tecido fosse um isolante.

"É isso! Luvas!" — Como não pensei antes?

Blue Label: sobre meninas e pássarosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora