Ele&Ela

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Ele uma hora é, outra hora não.
Uma hora fica, ou outra hora não. É inconstante.

E ela aceita como um fenômeno natural
as passagens deste visitante
que aparece e desaparece, que existe,
fala, ri com ela, se cala,
ouve-a e se vai.

Ele é um navio desancorado que
a correnteza leva e ela não
tem com quem conversar, só o ver
indo, sabendo que ele voltará a qualquer hora.
E ela o receberá com o porto aberto,
limpo e vazio; sem correntezas
e sem novas embarcações.

E quando ele vai embora,
ela o vê em todos os lugares.
É uma coisa louca, mas ela não tem
como evitar não amá-lo. Faz parte dela
esperar por ele todas às vezes em que ele se vai.

Ela se odeia por isso,
mas não tem o que fazer.
Algumas paixões são difíceis de matar.

E toda vez ela se fere por fora tentando
matar o que tem dentro.

Escrito por Emanuel Hallef

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