Capítulo 3 parte 2

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Superficialmente ela sabia que eu estava ali para compra dos direitos de “Amor em Pecado”, e ela sabia também que eu requisitaria um encontro com o autor. Mas no fundo da minha consciência, eu queria que ela não soubesse. A ideia de usá-la para negócios já não era mais tão atraente. Talvez pelo fato de que ela já soubesse das minhas pretensões. Ou pela hipótese de que ela estava mexendo com meus sentimentos profundamente.

E eu sabia que por mais que ela tentasse negar e apresentar certo rancor. A atração era recíproca, sim Valentina em nem um momento foi rude ou me chamou de canalha pelo que eu fiz com ela no passado. Ao contrário foi cordial como se aquilo nunca tivesse acontecido, o que provava que não era tão avessa assim a minha presença. Eu assenti levemente com a cabeça, como conformado com sua resposta. 

— Nesse caso, espero que chegue bem em sua casa. — eu disse enquanto me virava em direção à saída, eu não teria outra oportunidade de encontrá-la e Nicolas jamais me passaria o contato dessa mulher.

Então um plano já estava se formando em minha mente. Sai para estacionamento, segui para o meu carro e abri o capô, desconectei alguns fios, fechei. Dane-se que eu teria que pagar um mecânico depois. Aquela era minha única oportunidade. Peguei meu celular e fiz uma ligação para Ryan meu irmão mais velho. Dois anos mais velho do que eu, Ryan tinha a personalidade totalmente oposta a minha. Era um excelente ator embora não fosse muito apegado à carreira. Para estranhos demonstrava ser um homem frio e calculista, muitas vezes até rude. Mas no fundo era um romântico, sempre em busca da mulher que ganharia seu coração, e quem o conhecia verdadeiramente sabia que era um completo palhaço, Ryan me garantiu boas risadas quando éramos jovens. Ele atendeu no terceiro toque. 

— Rafael?

— Não. Sou um paparazzi. — respondi zombeteiro — Claro que sou eu. Preciso de um favor. 

— O que aconteceu? — perguntou com a voz cansada. — Daqui a alguns minutos darei  um toque em teu celular. Não precisa atender, quando ouvir minha ligação apenas ligue para Nicolas e peça que vá a sua casa com urgência. 

— E qual vai ser minha urgência? — ele perguntou sorrindo, com certeza pensou que eu pregaria alguma peça em nosso irmão caçula. 

— Não sei invente uma desculpa que o faça  querer ser jogado na sua porta o mais rápido possível. — eu disse sorrindo. 

— Você me garante algumas risadas? — seu tom era esperançoso. — Não posso garantir que ele dê boas risadas. Quanto a nós, talvez.

Me despedi de Ryan e me dirigi para o salão novamente.. Esperei por uns dez minutos até que avistei meu irmão saindo, em uma descontraída conversa com Valentina.

— Nicolas, pode me dar uma carona? Meu carro está com algum problema, já liguei para a autorizada, mas eles só poderão rebocá-lo pela manhã.

— Sem problemas, mano. — ele respondeu cordial, eu dei um sorriso enquanto encarava Valentina e tudo o que recebi foi um olhar matador. Sem dúvida ela queria me fuzilar. Levantei uma sobrancelha como dizendo “segura essa Tina”. Ela virou as costas e caminhou em direção ao estacionamento sem dirigir uma palavra para mim ou Nicolas.

— Acho que você a deixou zangada mano. — Meu irmão disse em tom brincalhão.

Eu dei de ombros e fui para o estacionamento, meu plano ainda não estava completo. Chegamos ao carro de Nicolas, e ele abriu a porta traseira para que eu me sentasse, eu o ignorei completamente, sentando no banco do motorista e indicando o assento traseiro para ele. Nicolas bufou, mas acatou meu pedido jogando as chaves em minha direção. Quanto a Valentina, tudo o que restou foi sentar-se no banco da frente para não causar uma má impressão. Antes de dar a partida, peguei meu celular e liguei para Rafael, não esperei que ele atendesse e coloquei o aparelho no bolso novamente. Dois minutos depois o aparelho de Nicolas tocou. 

— Ryan? — ouvi ele dizendo ao celular. Dei um sorriso matreiro, e logo tentei disfarçar. Escutei enquanto Nicolas trocava algumas palavras com meu irmão mais velho com antecipada satisfação.

– Rafael pode me deixar na casa de Ryan e em seguida levar Tina? – ele perguntou um tanto quanto agitado.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei em meu tom mais inocente.

– Parece que o roteiro que passei para ele, está com algumas lacunas, e ele  precisa entregar amanhã. Portanto preciso resolver isso ainda essa noite. – Ele olhou preocupado para Valentina.

– Você se importa se Rafael te levar?

– Por mim tudo bem – ela respondeu me fuzilando com o olhar

– Por mim sem problemas também – respondi sério, mas, na verdade, o diabinho  alegre saltitava dentro de mim. – Levo Valentina e depois volto para te pegar mano.

Rapidamente mudei o percurso seguindo para casa de Ryan. Dispensei Nicolas e parti para levar Valentina. 

– Preciso do seu endereço.

– Pode me deixar próxima a qualquer estação de metrô – ela resmungou lindamente ajeitando-se no assento. Com certeza ela estava avaliando as coincidências. Eu me questionei o quanto ela sabia, sobre minhas maquinações. Eu não era um homem de deixar assuntos pendentes e Valentina não seria uma exceção. A noite prometia muito mais do que ela imaginava.

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