Capítulo 3

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Porra! Eu devia estar totalmente enferrujado, há anos não precisava cortejar uma mulher, elas caiam aos meus pés com um simples sorriso. E Valentina não demonstrou qualquer sinal de interesse por mim.

Esperei por dias até que o detetive que contratei me trouxesse um relatório completo sobre a vida dela.

Descobri que, há quatro anos ela casou-se com o dono de uma das maiores editoras do país. O casamento durou pouco, Valentina foi tomada como uma aproveitadora, mesmo assim aparecia constantemente nas colunas sociais acompanhada do marido, como mostrava alguns recortes apresentado pelo detetive. Neles ela ainda era a loira de cabelos curtos que um dia eu conheci. Numa manhã o marido foi encontrado morto e ela foi tida como a única suspeita. Foram meses de investigação, perseguição da mídia e até de pessoas que acreditavam ser ela a culpada por um crime tão brutal.

E Valentina ficou totalmente isolada. A polícia não deu muitas informações sob as circunstancia em  o andamento das investigações,ela ainda  era a prinipal suspeita, embora eles não tivessem provas o suficiente para uma condenação. Valentina ficou anônima por alguns anos.

E agora reapareceu como uma agente literária totalmente misteriosa representada por Alicia Paine. Tirei minhas conclusões e percebi que eu teria feito à mesma coisa no lugar dela. Nem um autor ou editora daria credibilidade a uma provável assassina. Descobri também que eu nunca teria a autorização do autor, pois T.B. Renner estava morto, Terence Bernard Renner, marido de Valentina Braga era o verdadeiro autor do livro, com certeza ela resolveu publicar após sua morte, e usou o anonimato para preservar a reputação do marido. Afinal “Amor em pecado” era um romance voltado ao publico feminino, e Terence Renner era um grande nome, com enorme influência no mundo editorial.

E ela não mancharia a reputação do falecido publicando um romance tido para muitos críticos como popular. Eu fiquei totalmente abismado com tudo o que li, e por um momento me coloquei no lugar de Valentina. Sem dúvidas ela era uma mulher forte para superar todos os acontecimentos e voltar ao mundo editorial. Ela não pareceu surpresa quando me viu, tentou manter-se segura e distante, embora por dentro eu tenha quase certeza de que meu reaparecimento havia abalado seu mundo.  E mesmo ela impondo aquela distancia eu chegaria onde queria, eu nunca fui muito paciente com as mulheres, mas para alcançar meus objetivos eu desenvolvia uma paciência infinita. E eu queria os direitos cinematográficos do livro de Terence. B. Renner.

Eu ainda estava encostado à pilastra, observando os movimentos da bela morena, e ouvindo “Voyeur de Elton John” em som ambiente quando senti um puxão em meu braço.

— O faz aqui, meu irmão? — Nicolas segurou meu braço, lançando-me um olhar astuto. Vi você assediando aquela deusa morena, assim que ela entrou. Eu nunca consegui enganar Nicolas, ele era seis anos mais novo do que eu, e desde que nascera foi meu único ponto fraco, eu amava meu irmão como à ninguém mais, ele era um grande roteirista, e normalmente ele quem me apresentava os novos sucessos literários, ao contrário de mim e de nosso outro irmão Ryan, Nicolas resolveu ficar por longe das câmeras, invés de posar para elas.

—Pensando bem — continuou Nicolas. — Parece que você está aqui justamente por causa dela, e não para conseguir autografo em um livro voltado totalmente ao publico juvenil. Eu observei meu irmão por alguns instantes e percebi que ele era tão bonito quanto eu. E de repente uma sensação de insegurança me tomou. Nicolas era mais novo, e poderia se interessar por Valentina e vice versa. Só em pensar nisso fui tomado por uma fúria interna e minha vontade foi expulsar meu irmão dali o mais rápido possível...

— Não se preocupe, mano — disse dando um leve tapinha em seu ombro— Ela não vai ferir meus sentimentos.

— Eu me preocupo sim. Rafael, mas não com você e sim com ela. — ele disse em tom acusatório.— Valentina é minha amiga eu não gostaria de vê-la magoada. Eu o encarei surpreso, mas logo entendi Nicolas era um roteirista, e era normal estar em eventos como aquele. Com certeza deveria conhecer Valentina.

Fiquei tentando imaginar o quanto ele a conhecia e novamente a sensação de insegurança me tomou. “Que merda! Por que estou sentindo ciúmes de uma mulher que para mim só representa negócios?”

— Não se preocupe com ela, prometo que não vou comê-la— dei de ombros — Talvez algumas mordidas quem sabe.

— Não foda com ela Rafael! — ele disse em tom sério. De repente uma revolta me tomou. Meu irmão sabia que ela era agente de Renner e nunca me falou, deixou que eu passasse dias a procura dessa mulher. E agora estava ali, todo protetor com a única razão dos meus problemas. Talvez ele estivesse interessado nela, e isso era a última coisa que eu queria. Já estava sendo difícil alcançar meus objetivos, imagina com Nicolas em meu caminho.

— Não. — respondi com segurança. — Quem vai acabar me fodendo é ela.

—  Antes assim — respondeu aliviado, me causando certa indignação, meu irmão preferia ver eu sofrendo do que a pequena sedutora. — Valentina é sensível, e não quero vê-la sofrendo.  Não a use Rafael.

Eu assenti, e o encarei serio, não discutiria Valentina com meu irmão, ela era um problema meu. E só meu. Ele acenou com a cabeça e virou as costas a fim de cumprimentar alguns amigos. No entanto ficou o tempo todo de olho nos meus movimentos, e por fim foi falar com Valentina os dois ficaram conversando por algum tempo. Então ela foi em direção a um estranho que não ficou mais que alguns minutos em sua companhia, contradizendo o que havia dito antes. Valentina estava desacompanhada o que me deu uma ideia

— Posso levá-la para casa? — perguntei humildemente. Valentina virou-se e franziu a sobrancelha. Fiquei observando ela dirigir-se a porta, preparando-se para partir, então eu a segui. Eu parei em sua frente bloqueando sua passagem — Perguntei se poderia levá-la para casa — repeti.

 — Eu vim de carro. — Obrigada — respondeu depois de algum tempo.

— Mas não vai voltar dirigindo.

— Não? — Ela arregalou os olhos. Sua pele era pálida, suave e fresca. Vi uma pequena pulsação na base de sua garganta. E a vontade de beijá-la me dominou.

— Não — confirmei — Você tomou duas taças de champanhe, o que significa que já passou do limite.

— Você contou? — interrompeu incrédula.

— Não se preocupe. Eu sou assim. Por exemplo; a mulher de azul só foi ao banheiro três vezes. O senhor de terno já comeu três canapés, a loira de preto só tomou água...

— Tudo bem. Já entendi, mas mesmo assim... — Mesmo assim? — Não sei se gosto da ideia de alguém me observando tanto.

— Então precisa ser menos atraente, mas acho difícil isso acontecer— Ela me olhou, perplexa, sem saber se interpretava minhas palavras como um elogio ou um insulto.

— Ainda assim, não preciso de carona. Também não preciso de alguém que costuma atingir seus objetvos atráves do sexo.  

  Aquilo não era muito agradável para meu ego.  Por mais que eu estivesse tentando, ela sempre vinha com uma alfinetada.

Na verdade, Valentina não foi receptiva em nenhum momento. Mas tampouco foi receptiva com qualquer outro homem. Exceto por Nicolas, meu irmão, a quem ela dirigiu um grande e largo sorriso. Os dois ficaram envoltos em uma animada conversa por mais de meia hora. Será que Valentina veio sozinha porque está tendo um caso com o meu irmão? Achei aquela ideia bastante desagradável, principalmente por envolver meu irmão com a mulher que eu estava interessado. “Ops! A mulher que tinha algo que eu queria. Afinal esse era meu único interesse, me aproximar dela, e obter o direito audiovisual de “Amor em pecado”. Muito fácil. Se ela não fosse tão linda e sensual, e eu não tivesse fodido com ela no passado. Eu havia planejado entrar em um jogo de sedução com ela novamente, era um jogo sujo, mas alguém tinha que fazê-lo. No entanto, Valentina era muito atraente e sentir seu aroma ou simplesmente fitá-la me tirava do sério, e isso não fazia parte do plano.

— Por que não? Perguntei — Ela sorriu confiante ao ver meu rosto de menino desapontado, antes de tudo eu era um grande ator e foi exatamente essa minha intenção.

—  Na verdade... Nicolas vai me dar uma carona, já havia combinado com ele antes de te encontrar. Aquela ideia era perturbadora. Evitei pensar naquela hipótese boa parte da noite. Valentina estava me atormentando de um jeito que nem uma mulher conseguiu. Na verdade nunca fiquei tão consciente da presença de uma mulher antes. Ela estava despertando meus sentidos mais primitivos. Inclusive o mais conhecido de todos, ciúmes de meu irmão caçula

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