PRÓLOGO

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"... Não é sobre ter
Todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar
Alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar
Mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida
Que cai sobre nós

É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito
É saber sonhar
E, então, fazer valer a pena cada verso
Daquele poema sobre acreditar

Não é sobre chegar no topo do mundo
E saber que venceu
É sobre escalar e sentir
Que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo
Em todas as situações

A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe
Pra perto de mim

Não é sobre tudo que o seu dinheiro
É capaz de comprar
E sim sobre cada momento
Sorrindo a se compartilhar
Também não é sobre correr
Contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera
A vida já ficou pra trás

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça teus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir..."

(Trem bala – Ana Vilela)

Um homem caminhava pela estação carregando uma caixa pesada: um serviço.

Era somente isso que ele deveria pensar, era um serviço e nada mais.

Repetir isso era seu mantra, mas de certa forma todas às vezes que ele imaginava o poder do que havia dentro daquela caixa e o que seus serviços causavam, ele pensava se valia a pena aquele dinheiro.

Estava devendo alguns milhares de Euros aos russos... Mesmo que não quisesse, ou pegava este serviço para ter o dinheiro para pagar, ou bem... os russos fariam com ele o que sabiam fazer de melhor.

— Antes eles do que eu... – Ele repetia até virar um mantra — Antes eles do que eu...

...

O homem de bigode ergueu seus olhos para o relógio que piscava à sua frente. Faltavam treze minutos.

— Eu sei querida, vou resolver isso assim que possível – Falou enquanto sorvia uma xícara de café. — Está dando minha hora, preciso desligar, te amo.

Colocou o telefone e conferiu o relógio em sua frente com o relógio dourado que tirou do bolso do seu colete. Estavam sincronizados.

Era assim que ele gostava que sua vida fosse.

E assim sua vida era.

Cada coisa com seu tempo certo, e tudo na ordem determinada. Havia algo melhor? Sincronicidade era sua palavra predileta, seu neologismo pessoal.

Colocou seu relógio no bolso direito do seu colete, conferiu a caneta no bolso esquerdo de seu casaco e colocou seu quepe. Retirou seu lenço branco do bolso e deu um brilho em sua placa de identificação:

Thomas Lawkeeper – Maquinista

...

— Mãe, manda a Mary devolver meu Ipad.

— Mary, devolva o Ipad de sua irmã. – Falou sem tirar os olhos do notebook.

— Mas ela pegou primeiro.

— Crianças, obedeçam a sua mãe, não me façam ir aí - Falou o pai das meninas, com seu forte sotaque alemão, sem tirar os olhos de seu celular.

Naquela Estação - completo até dia 01/04/2018Where stories live. Discover now