O Apavorado

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Sou um pérolaA cicatriz de uma ostraNas profundezas de um abismoUma mísera migalhaAfundando no ostracismo

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Sou um pérola
A cicatriz de uma ostra
Nas profundezas de um abismo
Uma mísera migalha
Afundando no ostracismo.

Meu eu me apavora
Morro de medo de mim
Do ogro que me devora
E pelo próprio pânico
Me tenho ódio
Não tenho amigos.

Me conforta a solidão de Órion
Pairando entre as estrelas
Me prendo nas correntes de Andrômeda
Em vinhas traiçoeiras
Pois o vazio do espaço me completa
É menos assombroso
Mais encantador
Que esta realidade mórbida
Repleta de horror.

Não há olhar sobre mim
Que não seja acusador
Nem palavra que a mim dirijam
Que não seja para condenar
O que me sobra é a fogueira do inquisidor
E a eternidade para queimar.

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