O Bêbado

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Caminhante trôpego

Em semblante torto

Sinuoso

Arrastados passos

Olho morto...


O bar:


Sento só em sóbria solitude

Sombra sórdida e sólida

Joça, jazigo de virtudes

Praguejo, bocejo, gaguejo... 


O álcool alquímico alaga a alma

Transforma a miséria em ouro

Monstruoso mar em marulhoso bar

Líquido louro na língua

A garganta engole a água gelada

Dourada...

Que pinga e pinga e pinga

Em prazerosa praga.


O porre:


Despenco na ressaca

E caio na calçada.


A dor atrás dos olhos

O vulcão explode os carcomidos nervos

Rodopio em redemoinho negro  

Por favor, me cuspa!

Vomite-me agora...


...


Lá se ia o bebum só

Que dó que dá

Erguendo-se em triunfante luta

Na via em visão dupla

Embora fosse apenas um.


E no balançar de suas pernas

Em dança dúbia

Parou o trânsito

Em transe.


Cerveja na mão.


Eis que o metal veloz

A fortuita conspiração

E o veículo algoz

Leva o bêbado ao caixão


O final vermelho

O sinal verde

O causal amarelo...


"Embriago-me com o sangue no asfalto

Afogo as mágoas

Esqueço-me...".

Poesias para deprimir...Onde as histórias ganham vida. Descobre agora