Capítulo 12

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Kate

Sentei na frente dele. Meu olhar estava baixo, eu precisava de um tempo para pensar em tudo o que estava acontecendo naquele momento, nos nossos encontros explosivos, que sempre acabavam em sexo.

— O que deseja saber? – Perguntei, sem olhá-lo.

— Tudo, Katherine.

— Então pergunte, fica mais fácil responder perguntas do que sair falando sobre minha vida.

— Tudo bem, vamos começar por sua família. – Assenti – Você tem pai?

— Não.

— Mãe eu sei que tem. O que ela faz da vida?

— É prostituta. – Respondi sem hesitar.

— E o que levou você a ser uma também? – Desta vez meus olhos levantaram e encontram os seus belos olhos azuis.

— O meio em que nasci não foi fácil. Vi coisas que não deveria, mas por curiosidade acabei presenciando.

— Eu sei que não gostou de entregar sua virgindade a alguém a quem não amava, mas por quê o fez? – Ele precisava mesmo perguntar isso?

— Nathan, isso não lhe diz respeito.

— Eu preciso saber.

— Tudo bem. Eu fiz porque estava sendo paga para isso. – Baixei a cabeça por um instante.

— Por que entrar nesse mundo, Katherine? Ainda mais sendo uma inexperiente, uma virgem? Por que aceitou dormir comigo? Sabia quem eu era antes de entrar naquela suíte?

— Como eu poderia saber? Era meu primeiro encontro com um homem com idade superior a minha, eu não tinha a mínima noção do que fazer, só lembrava as coisas que vi minha mãe fazer com alguns de seus clientes, e isso não me dava noção nenhuma. E aí eu te conheci, e vi um homem experiente, que poderia me ensinar, e não ficaria com raiva se eu não tivesse nenhuma experiência.

— Katherine, você entende o que fez? Você tinha apenas dezessete anos, como teve coragem?

— Eu fui induzida a isso, Nathan. Não foi questão de coragem. Se eu não voltasse para casa com o dinheiro que ganharia naquela noite, eu não poderia entrar, nem sequer continuar com a minha vida como uma simples estudante de colegial. – Nathan bateu a mão com força na mesa e percebi sua fúria. Fechei os olhos quase que instintivamente. Ele virou-se, ficando de costas para mim e olhando o movimento da boate lá embaixo.

— Sua mãe forçou você a isso, não foi? – Perguntou e eu permaneci calada. Ele virou-se, colocando as duas mãos sobre a mesa, inclinando-se para frente. – Responda, Katherine! – Seu tom de voz era de comando e ele estava bem irritado, quase gritando.

— Não grite comigo.

— Você mentiu sua idade. Disse-me que tinha dezoito. No site dizia que você tinha 24, mas quando te vi parada em frente à minha porta, eu sabia que você não devia ter nem dezoito anos. E mesmo assim eu aceitei que entrasse. – Ele falava olhando em meus olhos. – E dias depois quando liguei para convidá-la para ir a Londres passar alguns meses comigo, você mentiu novamente.

— Eu omiti, é diferente. Eu realmente ia estudar e não podia me ausentar nos primeiros meses da escola.

— Você me disse que estava entrando na Faculdade. E quando chego, veja só minha surpresa, — ele abriu os braços, e depois apontou em minha direção – você estuda na mesma classe das minhas duas irmãs. Isso foi mais uma estratégia? Ou você já estudava lá? – Fechei os olhos, porque o choro começava a subir por minha garganta, e eu não queria que as lágrimas rolassem agora. – Responda, Katherine! – Senti sua respiração em meu rosto antes de abrir os olhos e perceber o quão perto ele estava.

— Eu estudo na mesma escola desde os 11 anos, não tinha como eu adivinhar que suas irmãs iam estudar na mesma sala de aula que eu. Jamais em minha vida eu iria adivinhar isso.

— Mas quando elas se apresentaram como Alice e Amanda King, você soube, não é? Por que não se afastou?

— Sim, eu comecei a imaginar que poderia ser coincidência demais. Não imaginei que elas fossem realmente da sua família, até que elas me convidaram a primeira vez para ir a sua casa, e conheci seu pai. Liguei uma coisa à outra.

— E por que não se afastou, droga? – Ele andava agora pelo escritório.

— O que você queria que eu fizesse? Que eu simplesmente não falasse mais com elas? Que eu fingisse que elas não existem, como o restante dos alunos da escola faz? Porque é assim que elas são tratadas, Nathan, como se não existissem.

— Não estamos falando das minhas irmãs, estamos falando de você. – Ele me corrigiu.

— Isso não vai funcionar, Nathan. — Levantei e fui para porta, tentei abrir e estava trancada. – Deixe-me ir, abra a porta. – Ele andou e parou em minha frente.

— Você entende que nesses últimos meses que eu estive fora viajando, a única pessoa que se passava em minha cabeça era você? – Balancei a cabeça negativamente. – Eu passei a última noite no inferno, pensando mil coisas de você.

— Nathan, por favor. – Sussurrei.

— Por que foge de mim, Katherine? Por acaso tem medo de mim? – Ele grudou nossos corpos e segurou-me pela cintura.

— Não! Não é isso! Eu só...

— Você o quê? – Ele agora levantava minhas mãos acima da minha cabeça. – Diga-me.

— Eu não quero me apaixonar, Nathan. Pronto, falei.

— E se eu dissesse que você já está apaixonada?

— Não, eu não estou, e sei o que sinto. – Olhei em seus olhos, e depois em sua boca. Eu realmente não estaria apaixonada por ele? – Nathan, preciso voltar ao trabalho.

— Nossa conversa ainda não acabou, Katherine. – Ele destrancou a porta. – Não importa para onde vá ou se esconda, eu irei te encontrar.

Passei pela porta e fui direto para o vestiário. Tomei uma ducha rápida, me troquei e voltei ao trabalho. Continuei a servir as mesas e não vi mais Nathan naquela noite. Por volta das 5 horas da manhã entrei novamente no vestiário, vesti minha calça jeans, os tênis, uma camiseta e meu casaco. Estava começando a esfriar, e o inverno em Nova York é um dos mais frios. Coloquei a mochila nas costas. Despedi-me de todos que ainda estavam por ali e fui em direção à estação de metrô.

Estava cansada e com sono, precisando dormir bastante. Para minha sorte era domingo e eu poderia dormir o dia inteiro. Entrei no metrô e sentei. Olhei no relógio: 5h30. Logo eu estaria em casa, e antes que minha mãe pudesse acordar e falar algo.

Trinta e cinco minutos depois eu estava em casa, entrando escondida e devagar. Não queria correr o risco de ela me pegar agora. Corri para o quarto, tranquei a porta, joguei a mochila no chão e caí na cama, adormecendo quase em seguida.

Acompanhante de luxo - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora