Milena

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Milena

Eu e o Otavio passamos a noite juntos sempre que surge alguma oportunidade, mas é claro que forço algumas também, como agora que faz alguns dias que não nos vemos, pois a Jeh arrumou um emprego num barzinho e acabou levando ele para fazer extras lá. Resumindo está difícil demais da gente se ver.

Nos dias que a Jéssica está de folga eles querem apenas descansar e nos dias que ele não está fazendo extra ele só dorme, também, ele trabalha em dois empregos, na metalúrgica de seu pai e no bar. E nem no grupo do Whatsapp nós conseguimos conversar.

Mas hoje estou feliz, a Jéssica está de folga e, consequentemente ele, então os chamei para vir em casa, dei à desculpinha de um programa mais leve, beber, comer petiscos e assistir um filme talvez. Já estou pronta esperando a turma chegar, coloquei um vestidinho curto e passei um rímel nos olhos. Estou em casa e não quero me arrumar muito para não dar na cara minha real intenção. Vou para a cozinha terminar de arrumar as coisas e encontro minha mãe.

- Eu e seu pai vamos à casa do seu tio Humberto. Vamos deixar vocês mais à vontade.

Dou um beijo em seu rosto e ela sorri.

- Obrigada mamuska.

Pego os frios para começar a cortar.

- Milena, você não acha que já está na hora de você e o Otavio seguirem caminhos diferentes? Já passaram por cada coisa. Já namoraram e não deu certo. Você já esteve no altar com outro homem e largou tudo por causa dele e agora esse negócio de apenas ficarem quando se veem? Não acho certo. Estão forçando muito a barra.

Paro o que estou fazendo e olho para ela.

- Mãe, eu amo ele e sei que ele ainda me ama. Só preciso provar para ele que não vou mais trocar ele por ninguém. Preciso que ele volte a confiar em mim novamente.

Ela me olha com aquele olhar preocupado que toda mãe tem.

- Milena, confiança é tão difícil de reconquistar. Sou sua mãe, mas não posso negar ou fingir que não sei que você fez aquele rapaz de bobo. Ele sempre foi um ótimo rapaz, sempre mostrou o quanto gostava de você, até mesmo quando vocês eram mais novos o jeito que ele te tratava, que te olhava. E você nas horas difíceis correu dele. Tenho que admitir que na hora que ele precisou você voltou, mas depois o trocou por que achava que o Caio era previsível e olha só o que aconteceu, ele praticamente te trocou por sua amiga e agora você esta aí, mendigando atenção do Otavio. Não, eu não o julgo, até porque no lugar dele faria a mesma coisa, mas e você minha filha? Vai ter força para aguentar isso ou vai desistir no meio do caminho?

Fico pensando alguns momentos enquanto corto os frios e minha mãe me observa.

- Sim mãe, eu o amo. E não vou desistir dele agora. Acredita em mim também mãe.

Nessa altura meus olhos já estão cheios de lágrimas. Minha mãe se aproxima e me abraça desajeitadamente já que estou com as mãos ocupadas.

- Eu acredito Milena. Apenas não faça errado dessa vez.

Ela fala isso e sai da cozinha deixando-me sozinha com meus pensamentos. Não vou desistir agora. Não mesmo. Mas também não sou mulher de ficar recebendo migalhas. Se ele me ama ele tem que confiar em mim.

A campainha toca e sei que chegaram. Desde sempre toda vez que combinamos alguma coisa em casa ou na casa de outra pessoa ninguém chega separado, sempre chegamos juntos.

Abro a porta e todos entram, pego as cervejas que trouxeram e vou para a cozinha guardar na geladeira. Ainda perdida em meus pensamentos guardo as cervejas e sinto alguém me abraçar por trás, sinto a paz que só encontro nos braços dele e ele beija meu pescoço e vai até minha orelha.

Te esqueci? Só que não.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora