1

3.7K 136 1
                                    

Maria Eduarda Paiva

-Graças a Deus chegamos na nova casa - dizia a minha mãe animada.

Mas a frase da minha mãe estamos sendo transferidos não saia da minha cabeça, ao menos deu tempo de comemorar meu aniversário de dezessete anos com meus amigos, nossa nova igreja era na Rocinha, isso poderia me dá um pouco de medo, ouvi muitas histórias sobre essa comunidade, mas a palavra de Deus deve chegar até as almas mais aflitas, não importa se elas moram em mansões ou em comunidades, todas são merecedoras de Cristo.

Somos recepcionados por obreiros e obreiras, que apesar dos sorrisos algo no olhar deles me preocupava.
Como curiosa que sou começo a questionar sobre como as coisas funcionam na comunidade.

- O Morte é o dono do morro - que diabos de nome é Morte? - ele até que ajuda na comunidade se você andar na linha. Dizem que o pastor que estava aqui antes não andou na linha e foi ameaçado - temi pelo meu pai, talvez ele tivesse sofrendo grande perigo. - mas não há nada com o que se preocupar - com certeza ela viu minha cara de preocupação - afinal, mil cairão ao meu lado...

- dez mil a minha direita, mas eu não serei atingida - eu digo repetindo o salmos 91 junto com ela.

Apesar das circunstâncias um pouco aterrorizante, cria na palavra de Deus e ela há de se cumprir.

Uma semana depois

Lá estava eu já era oito horas da manhã, limpando a igreja, falei para as meninas limparem lá dentro para que eu pudesse limpar o salão, era minha parte favorita afinal é a primeira impressão que as pessoas vêem quando chegam na igreja, quando finalmente termino ouço passos, pensei que seria a obreira que tinha ido comprar o bom ar, mas quando viro para a entrada me deparo com um homem de cabelo castanho, a barba dele estava por fazer, ele era alto muito alto, olhei para a cintura dele e meu coração disparou, não, não é isso que vocês estão pensando, ele estava armado, a presença dele me trazia um terror, sinto seu olho percorrer meu corpo.

- Esse calor do Rio não está perdoando ninguém, tive que comprar lá na dona Mércia...Ah..Oi morte

— Amanda o pastor estar por aí? - oh meu Jesus ele era o morte, seguro firme no cabo de vassoura, se ele tentasse alguma coisa eu bateria nele, a voz dele me causava arrepios, era grossa e firme, meus olhos fitaram os dele conseguia ver maldade no seu olhar como se a alma dele pedisse ajuda.

- Sim, ele está - eu respondo meio que rápido, não queria demonstrar medo, mas com certeza a minha voz foi muito mais fina do que o comum.

- E você é? - ele olha para mim - nova na comunidade, não te conheço.

- Morte ela é a...

- Maria Eduarda - estendo a mão para ele, meu coração estava na garganta, provavelmente em toda minha vida nunca senti tanta adrenalina quanto nesse momento, ele aperta minha mão a mão dele era forte, olhei em seus olhos para passar confiança - entre, bem vindo a igreja - apontando o caminho - última porta do corredor - continuo a varrer mais agora um pouco mais rápido, mas que droga ele já veio para matar meu pai?

- relaxa Maddu - a Amanda segura minha vassoura - o morte só veio se apresentar ao seu pai - ela sorri o sorriso dela me acalma, toda essa situação era nova para mim.

- eu acho que preciso de um pouco água, eu já volto - saio apressada indo até o corredor e bato na porta do escritório - com licença - olho meu pai e meu coração se alivia quando o vejo bem e sorridente, mas a única coisa que eu consigo ver sob a mesa não é mais a papelada, e sim a pistola que estava sob ela.

- essa é a minha...

- ela já se apresentou para mim,  Maria hm? Sou bom para guardar nomes  - ele sorri para mim, aí meu Deus que sorriso, o quê? Tá marrado!

Meu pai me dá um beijo na testa.

- minha Dudinha - olho para ele meio envergonhada - é um prazer receber você aqui em nossa igreja, pode contar comigo e com a Eduarda, uma grande mulher de Deus.

- hm... Grande? Nem tanto - ele disse baixo, mas eu consigo ouvi-lo, caçoou da minha cara é isso mesmo? - pode pá, vou indo nessa já tá dado o recado - ele pega a arma e sai do local.

- o que é pode pa? - meu pai me pergunta e eu sorrio, só ele para me fazer rir nessas horas.

- esquece pai, tenho que terminar a limpeza - saio do escritório respirando fundo.

Finalmente estávamos fechando a igreja, a última reunião do dia havia acabado, sábado finalmente estava para chegar, iríamos na praia! Me distraio olhando para as meninas de shortinho curto, homens com fuzil na mão e de moto, o que será que acontece lá em cima? Deve ser os famosos bailes funks, regados de sexo e drogas, mas as músicas até que tinha umas batidas legais, mas eu tenho sempre que me lembrar, eu estou no mundo, porém eu já não sou desse mundo, olhando para trás vendo as pessoas eu poderia ir lá um dia desses para trazer algumas delas para o grupo de jovens, quem sabe semana vem?

Quando chego em casa, prefiro me deitar logo para me acordar logo, péssima escolha.

Em meu sonho eu estava, indo ao baile com as obreiras evangelizar, mas der repente sinto meu corpo sendo envolvido com a música, era uma sensação muito boa, me pergunto onde estão as obreiras e elas já estão com o a bunda no chão praticamente.

- dança para mim Maria - ouvi a voz do morte em meu ouvido me causando um arrepio intenso - você é muito linda para ficar parada aí, olha só suas amigas... É só uma música não?

- as músicas são envolventes realmente - sinto sua mão forte apertar minha cintura me fazendo balançar de leve.

- liberte-se maddu deixe se levar pela música- sua voz repetia em meu ouvido como satanás.

Eu acordo em um sobresalto olho o relógio e eram três da manhã, graças a Deus, dobro meu joelho e me ponho a orar.

- por favor, Pai não me faça cair em tentação.

Rocinha - Entre a razão e a tentaçãoWhere stories live. Discover now