Na casa de Gustavo os três se divertiram na piscina. Era uma mansão muito bonita. A mãe dele, muito educada, serviu um lanche e depois se despediu, dizendo que precisava fazer algumas compras. Felipe comentou com Bianca, discretamente:
-É a nossa chance de entrar na casa. Você o distrai e procure me deixar sozinho. O resto é por minha conta.
Ela acenou em concordância. Procurou agir normalmente durante o resto da tarde. Estavam sentados na mesa quando Felipe propôs:
-E se a gente aproveitasse para estudar depois?
-Tá legal – respondeu Gustavo. – Você com os números e nós com o sangue.
-Esse assunto de novo – respondeu, com cara de nojo – E logo na hora do lanche.
A conversa continuou descontraída com as brincadeiras e piadas que eram a especialidade de Caio. Depois foram para a biblioteca estudar.
-Preciso avisar em casa que vou chegar mais tarde, meu celular está quase sem bateria. Posso usar o telefone? – Bianca perguntou.
-Claro – respondeu Gustavo, estendendo seu celular.
Os olhos dela cruzaram o de Felipe. Então ela inventou uma desculpa, dizendo:
-É uma ligação para telefone fixo. Você sabia que sai mais barato ligar de outro fixo do que de celular?
-Falou, senhorita certinha – debochou Felipe. – Gustavo, leve logo ela para falar com a mamãe, senão ela vai chorar!
-Não fale assim comigo – disse, fingindo irritação – Nunca te dei confiança para isso.
-Calma – ponderou Gustavo. – Venha, vamos para a sala.
Ele levou Bianca até o telefone e voltou em seguida para a biblioteca. Ela aproveitou para colocar uma escuta no telefone, mas sabia que tinha de tirar Gustavo dali. Puxou o cabo que ficava atrás do telefone e verificou que ele ficou mudo. Voltou para o local que eles estudavam e chamou Gustavo, dizendo:
-Não consegui falar naquele aparelho. Acho que está com problema. Você tem outro telefone?
Ele foi até a sala e constatou que o telefone estava mudo. Estranhou o fato e solícito, disse:
-Tem um no escritório do meu pai, mas quando ele não está fica trancado. Você se importa de ligar do meu quarto?
-Desde que você vá comigo, sem problemas. Não quero ficar andando sozinha pela sua casa.
-Não tem ninguém, mas pode deixar que eu te levo.
Subiram as escadas e chegando ao quarto, Bianca comentou:
-Eu gosto do Felipe, mas às vezes ele é tão chato!
-Ele é brincalhão mesmo – amenizou Gustavo. – Vi que você ficou nervosa e falou com um sotaque diferente.
-Na verdade eu nasci no Rio Grande do Sul – olhou para a parede do quarto. Reparou em um quadro de um grupo musical famoso e tentando ganhar tempo, disse: – Eu adoro esse grupo de rock! Tenho todos os CDs e DVDs! – E continuou falando, sem dar muita oportunidade para Gustavo responder.
Depois de algum tempo, ele pegou o telefone sem fio e estendeu para ela, dizendo:
-Pode ligar.