O Filho do Político parte 5

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         No outro dia, conforme o combinado, Caio se aproximou de Thaís, ou melhor, Felipe se aproximou de Bianca. Ela se sentou junto dele, que estava sentado com Gustavo, o alvo deles em questão.

           -Admiro sua coragem de ter largado um curso que não estava gostando e começar de novo, indo atrás do que quer – Gustavo falava para Felipe quando ela chegou.

            -Você vai prestar para quê? – Bianca perguntou.

            -Direito, por que meu pai quer.

            -Seu pai é advogado?

         -Não, ele é chato mesmo. Eu queria prestar medicina, mas no futuro que ele escolheu para mim é melhor que eu seja advogado.

            -Porque não tenta medicina?

            -Ele não deixaria.

            -Tente os dois. Depois, se você passar, fala para ele. Qual pai não gostaria de ter um filho médico?

            -O meu não gostaria – indeciso, Gustavo continuou. – Mas e se ele descobrir que eu coloquei como opção medicina e não direito?

            -Não fale nada por enquanto. Coloque algumas opções de direito e outras de medicina – em tom descontraído, continuou:  – Afinal, são tão parecidas!

            Gustavo sorriu e balançou a cabeça, então respondeu:

            -Vou pensar. Até que você me deu uma boa ideia.

            O Professor entrou na sala e a conversa parou por ali. No final da aula, Gustavo se despediu dela e foi embora. Caio olhou para Thaís e perguntou:

            -Será que você poderia me dar uma carona?

            -Que foi, Caio? Vai me dizer que você não tem carro.

            -Eu tinha, mas na minha última missão eu fui perseguido por bandidos perigosos, bati o carro e depois que eu fugi, eles jogaram uma bomba nele!

            -Sério? – Perguntou preocupada. – Você se machucou?

            -Não – ele continuou, em tom de deboche. – Você não sabia que a organização te dá a imortalidade?

            -Ah, Caio! E pensar que eu estava te levando a sério!

            -Te peguei! O pneu do carro furou e como eu estava atrasado, vim de metrô.

            Eles chegaram no carro e entraram. Depois que Caio indicou o caminho que ela deveria seguir, ela perguntou, curiosa:

            -Como você entrou para a organização?

            -Eu morava no Rio de Janeiro – respondeu, com os olhos fixos no passado, – Era um grande ladrão. Para mim não existem fronteiras, abro qualquer coisa: portas, portões, carros, algemas e cofres. Modéstia à parte, eu sou um dos melhores no que faço!

            -Você é bem convencido, né?

            -Talvez um pouco, mas a verdade é que eu fazia bem o meu trabalho. A imprensa chegou até à me dar um apelido: Vulto!

            -Está brincando?! Você é o Vulto? – Perguntou espantada.

            -Já ouviu falar de mim?

            -Claro, o misterioso ladrão que nunca deixava rastros. Uma vez um vigia noturno disse ter visto um vulto pela janela, pelo menos é o que saiu nos jornais. Depois disso, ganhou o apelido e qualquer roubo mais elaborado era atribuído a ele. É você mesmo?

            Ele concordou com a cabeça e pediu que ela entrasse à direita e estacionasse. Ele prosseguiu contando:

            -A maioria dos roubos que a imprensa me atribuía, fui eu mesmo que fiz. Inclusive os artigos raros.

            -Até que um dia? – Perguntou Thaís, curiosa.

            -Até que um dia eu recebi uma encomenda de um cara importante. Ele queria um objeto valioso que estava na casa de um colecionador. Me encontrei com ele para tratar dos detalhes, mas para o meu azar, ele estava sendo investigado pela polícia. Eles registraram nosso encontro e vieram atrás de mim. Pediram que eu fizesse o roubo e quando fosse entregar o objeto, eles iriam prendê-lo. Fiquei sem saída. Se entregasse o figurão para a polícia, com certeza o irmão dele iria me matar e se não colaborasse com a polícia, eu que iria preso. Aí fui apresentado ao Henrique e o resto você pode imaginar...

            -Você está falando a verdade mesmo?

            -Porque eu mentiria? Desde que a ADQS me recrutou que estou regenerado e fora de circulação. Diga há quanto tempo você não lê nada sobre o Vulto?

            -Faz algum tempo mesmo!

            -E você? Qual é a sua história?

            -Não posso contar. Fui proibida.

            - Não vale! Você me enganou. Não vai contar nada mesmo?

            -Não.

          -Tudo bem – disse, saindo do carro. Debruçou-se na janela e falou: – Eu adoro mulheres misteriosas!

ADQS - Desvendando a Organização SecretaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora