Capítulo 35

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Luiza Catarina

- Estou pronta para ouvir! - Declaro depois de muito tempo em silêncio.

- Luiza, não se meta nisso! - Ele fala calmo, mas seu semblante me mostra que ele não está nada calmo.

- Você é a única pessoa que me conta as coisas. - Faço cara de cachorro pidão. - Por favor.

- Eu te conto, mas não aqui. Vem comigo. - Pega meu braço, entrelaçando-o ao seu.

Sempre temos a mania de andar assim. O Gregory é tão especial pra mim, ele cuida de mim como se fosse sua filha postiça.

- Aliás, Luiza, que história é essa que você e o Fernando estão noivos? - Ele fala e eu olho assustada pra ele.

- Quem disse que eu sou noiva? Ah, já sei, Fernando! - Falo e ele sorri.

- Desculpa, Lu, mas é impossível tirar algumas coisas da cabeça daquele ser. - Ele faz uma cara engraçada e não consigo segurar a risada.

Andamos até o terraço. A gente veio aqui outra vez quando tive uma crise de ansiedade. Esse lugar é tranquilo e vazio, coisa muito rara em um hospital.

- Luiza. - Ele vê, vira para olhar ele. - O conselho é um grupo de empreendedores que têm negócios em comum. - Isso eu já sei. - O problema é que sempre que alguém interfere nesses negócios de maneira negativa, vai sofrer um julgamento.

- Como meu pai? - Falo e ele fica espantado.

- Eu não fazia parte do conselho quando seu pai foi julgado, nenhum de nós fazia. O Fernando entrou 4 anos depois que o seu pai morreu e eu e os outros zeros depois de 6 anos.

- Então é isso? O conselho é real e matou o meu pai? Porque não me disse isso, Gregory? - Falo com os olhos cheios de lágrimas.

- Porque eu não deixei! - Escuto a voz do Fernando atrás de nós. - Se for culpar alguém, que seja eu.

- Você tava investigando antes, porque não se vingou de todos? - Pergunto.

- Todos os membros passados que saíram do conselho ficam em total sigilo, ninguém sabe e todos os dados somem. Só tem duas pessoas atualmente no conselho que participaram do julgamento.

- Minha 'mãe' e o James? - Debocho.

- Não descobri hoje que o James não votava. Ele fazia parte mas não tinha voz lá dentro.

- Então quem?

- Sua mãe e o Queiroz. O Queiroz escolheu matar seu pai na esperança de que pegasse sua guarda. Ele é tão louco por você como eu.

- Que? - Pergunto em choque.

- Pois Luiza, descobri que não sou o único obcecado por você, existe outro que matou seu pai por você e o pior de tudo não se arrepende.

- Explica direito. - Peço ofegante.

- Queiroz sempre teve uma paixão secreta por você desde o dia que te viu. Acontece que seu pai percebeu esse carinho excessivo com você e te afastou dele. Ele começou a ameaçar seu pai falando que contaria tudo ao James sobre ele ter se relacionado com sua mãe, que é esposa do James. Ele tentou matar seu pai para poder pegar sua guarda, mas sua madrasta não deixou, não porque ela gostava de você, mas porque sua mãe verdadeira pagou.

"Tudo continua confuso, mas aos poucos minha mente vai absorvendo tudo."

- Já sabe quem são os outros membros do conselho? - Pergunto olhando para o Fernando e depois para o Gregory, que ficou calado.

- A maioria e até ontem não sabia se o James era ou não do conselho, até mesmo pensei em matar ele se fosse preciso. - Ele chega perto me puxando para um selinho demorado. - Prometo fazer todos eles pagarem!

- Prometa me trazer todos eles e deixe que eu faça eles pagarem. - Falo e o Fernando sorri de forma diabólica, esse sorriso me deu calafrios.

- Será um prazer! - Ele se vira olhando para o Gregory. - Pode nos dar um minuto?

- Claro. - Ele sai do local.

Quando ele sai, pude ver os olhos do homem à minha frente em um tom claro. Ele olha no fundo dos meus olhos. Eu consigo sentir sua presença imponente à distância, mas com ele aqui perto olhando pra mim fica ainda mais forte.

- Você foi rápida em descobrir. Marquei uma viagem para tentar explicar, mas você basicamente já sabia de tudo. - Ele segura minha cintura com força. - O que mais me esconde, meu bem?

- Não escondo nada! - Coloco meus braços ao redor de seu pescoço, ele continua me olhando, mas balança a cabeça lentamente em sinal de negação.

- O que você fez comigo? - Ele pergunta sério.

- Eu não fiz absolutamente nada.

- Eu passei quase um ano sem transar com ninguém e eu tinha plena certeza de que não iria até completar os doze meses, mas aí você aparece e muda a porra da minha vida inteira. Tem noção do que fez, ou melhor dizendo, você tem noção do que faz? - Ele continua sério, mas seus olhos me mostram que não tem maldade em suas palavras.

Não respondo e fico encarando seus olhos, onde eu conseguia me ver e conseguia saber quando ele era verdadeiro e quando não era.

- Eu não te odeio por isso. - Ele quebra o silêncio. - Eu não te odeio por fazer minha vida virar uma bagunça, pelo contrário, eu amei cada dia desde o meu incidente. Pela primeira vez em anos eu acordo pensando em algo que não seja dinheiro, eu penso em você. É a primeira coisa que penso quando acordo, a última quando durmo, e nem pense que é só isso, meus dias são voltados a você, tudo em mim clama por você. - Ele segura meu rosto fazendo carinho com seu polegar.

- Fernando... - Falo baixinho, mas ele coloca o dedo em meus lábios.

- Você me fez te querer antes mesmo de tocar em você, tem noção disso? Não tô falando de sexo, tô falando de um simples aperto de mão. Talvez pareça besteira pra você, mas sou um homem que nunca viveu isso. - Fala apontando para ele e depois para mim com a outra mão.

Fico olhando para ele e sem querer vejo um brilho diferente em seus olhos. Sou completamente fascinada por cada detalhe de seus olhos cor de mel.

- Eu nunca vi isso. - Aponta pro seu peito. - Doer tanto quanto doeu ver você chorando naquele jardim, doeu ainda mais saber que você tentou se matar, e me chame de egoísta, mas eu não deixaria e nem vou deixar você ir embora. - Seus olhos escurecem de novo.

É como em um passe de mágica o homem fofinho vira um homem frio. Sei que deveria ter muito medo, eu até sinto um pouco, mas não o suficiente para tentar sair de perto dele.

- E se um dia eu deixar de querer você? Se eu for embora, como vai ser? - Pergunto sentindo minhas pernas fraquejarem.

- Reze! Reze muito para esse dia não chegar. - Ele chega perto do meu rosto segurando com as duas mãos. - Eu não mataria você, mas você sofreria o que eu sofro quando está longe.

Ele me dá um selinho e se afasta. Solto o ar que estava preso em meus pulmões desde o momento em que ele falou "Reze".

- Se arrume para a viagem, meu bem. Vai se divertir muito. - Ele vira me olhando por cima do ombro. - Garanto que vai amar a surpresa. - Ele sorri e sai.

"Já pensei muito nisso e continuo pensando, eu tô fudida e cada dia estou um pouco pior."

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Pode conter erros ortográficos.

O capítulo tá ruim, mas não tive tempo pra fazer melhor. Estou estudando pro seminário de química ambiental 😭

VOCÊ PERTENCE A MIMWhere stories live. Discover now