Prológo

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Yara Almeida

  Aquela noite se repetia na minha mente com uma cena se novela. As mãos correndo meu corpo enquanto ainda estávamos no carro a nossa noite no motel. O toque, os beijos, a voz e os arrepios se repetiam na minha mente.

- Yara, você tá bem? - Pergunta Michele, a enfermeira  que me atendia.

- Eu tô sim - Digo respirando fundo - Só tentando digerir.

- Meu bem, você é um caso raro. Uma gravidez silenciosa. Graças a Deus sua neném tá ótima e é a coisinha mais linda. Você quer que eu ligue para alguém vir ficar com você? - Diz prestativa.

- Você pode pegar meu celular na minha bolsa? Vou ligar para uma amiga. - Digo respirando fundo.

Ana é diretora da escola em que trabalho é como uma mãe para mim. Retornei ao Rio, sozinha e sem família apenas com um diploma em História e o desejo de lecionar, fui morar na Cidade de Deus era o que conseguia pagar na época. Fiz um concurso público e consegui vaga como professora, estou a 3 anos na mesma escola. Ana me acolheu desde o primeiro dia, me tratando como filha.

Dígito seu número no telefone.

- Ooi Yara, tá tudo bem? Você não é de ligar esse horário. - Diz já preocupada, já eram 21:00.

- Não quero te preocupar, mas estou no hospital aqui na Barra. Poderia vir aqui? Quando chegar te explico tudo.

- MEUDEUS Yara, João levanta, Yara tá no hospital precisamos ir lá. - Ouço gritando seu João, seu marido. - Me envía o endereço por whatsapp e já estamos indo, quando eu chegar você vai me ouvir. Onde já se viu não me contar que tava passando mal Yara.

Faço o que ela pede e envio o endereço e logo recebo uma mensagem dela.

"VOCE ESTÁ EM UMA MATERNIDADE?"

Não respondo de volta, apenas foco no pequeno ser humano que acabou de virar minha vida de cabeça para baixo. Chegou de surpresa arrancando meu chão, menos de 2 horas de existencia e fez sumir toda a sensação de solidão que tinha dentro de mim. Ela está enrolada em um paninho rosa dado por uma das enfermeiras, ao verem meu desespero ao descobrir está grávida na hora de parir as enfermeiras se juntaram e me deram uma roupinha para a pequena, o que me fez chorar mais ainda. Pego cuidadosamente o pacotinho rosa na minha frente, beijo sua testa e sinto seu cheirinho.

- Não sabia que eu precisava tanto de você, meu amor. - Finalmente me senti completa.

Longo minutos se passaram e logo vejo Ana e João passarem pela porta do quarto, me encaram se entender nada. Junto deles tem a enfermeira Michele que me ajudou em todo esse processo.

- Ana, vem cá - Falo e ela se aproxima - Vim pro hospital com uma dor sem fim, pensando ser uma cólica anormal e era a pequena querendo vir ao mundo - Digo já chorando.

- Minha filha, você estava grávida?? Você sabia? - Nego com a cabeça.  - Meudeus Yara e você estava sozinha? Minha filha, porque não me ligou. - Diz passando a mão pelo meu cabelo.

- Estava assustada Ana, eu nem sabia que estava grávida e do nada uma criança saindo de mim.
- O minha menina - Diz me abraçando com cuidado e logo João se aproxima me abraçando também.

- É uma menina? - Pergunta João e eu concordo - Já tem nome essa princesa?

- Ainda não, ela não tem nada. Eu não sei o que fazer. - Digo entrando em desespero.

- Calma, vamos resolver isso! Vou no shopping, compraralguns itens essenciais para a bebê e depois vaou na sua casa buscar algumas coisas pra você. Fica calma ok? tem um shopping aqui perto e as lojas fecham as 22:30 vai dá tempo. Vou indo lá e volto - Diz João beijando minha cabeça e saindo.

- Vou até a recepção com o senhor, por que assim fala na recepção o caso e o senhor consegue entrar novamente por conta do horário de visita que acabou a um tempo. Mas como esse caso é um a parte, vão liberar você. - Diz Michele.

- Obrigada.- Digo fungando. - Ainda bem que tenho vocês, não sei o que seria de mim. - Abraço Ana e vejo seu João sorrir pra mim enquanto vai embora.
- Vamos cuidar de vocês. - Diz Ana - Essa princesa chegou arrasando com tudo em - Diz brincando com a pequena em meu colo. - Precisa pensar em um nome para ela.

- Eu quero que ela se chame Joana, em homenagem a vocês. - Digo e a vejo derramar uma lágrima - Vocês são como pais pra mim os que nunca tive, e sou grata por terem me acolhido como filha.

- Yara é um honra saber que me considera uma mãe viu? Você e a pequena Joana nos tem, não estão só. Se prepare para o velho babão que o João vai ser com essa menina. - Diz rindo. - Nós vamos resolver tudo filha, vai ficar tudo bem ok?

Apenas concordo com a cabeça e fico ali recebendo o seu carinho, até a enfermeira voltar dizendo que precisamos ir registrar a nenê. E isso me faz pensar em como contar ao Fábio depois de 9 meses que ele é pai de uma nenê que eu nem sabia que existia.
Joana foi registrada como

Joana Almeida Filha de Yara Almeida e apenas isso. Sem avós maternos, pai e avos paternos.

ACASO || GABIGOLWhere stories live. Discover now