00: Prólogo.

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Leia essa história com o fundo escuro.

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Não acredito que estou fazendo isso.

Nesse exato momento, estou correndo às cegas colina acima enquanto uma tempestade torrencial castiga a terra. As gotas d'água geladas colidem em minha pele, causando dor, e banham meu corpo. Estou completamente enxarcado. Meus sapatos escorregam tanto por dentro quanto por fora. Dentro, pela água; fora, pela lama. Há lama por toda parte.

O caminho pelo qual estou passando é repleto de pinheiros cobertos por uma folhagem verde-escura, heras entrelaçadas umas nas outras e roseiras brancas. O chão por onde piso está coberto de pétalas brancas sujas de lama. Lá no início da colina, tentei evitar ao máximo pisar nas flores ou no que restou delas, mas agora, perturbado pela chuva, pouco me importo.

Eu não deveria estar ali, principalmente naquela hora, mas acabei me perdendo pela cidade, depois me desencontrei com um táxi, e agora estou aqui, perdido nessa colina enquanto busco desesperadamente meu destino: um castelo vitoriano que foi construído em seu pico, onde, segundo os rumores dos moradores locais, morava um vampiro.

Foi por ele que viajei da Coreia para a Transilvânia da noite para o dia, sem avisar meus pais ou amigos. Quando descobrirem que usei todas as minhas economias para comprar uma passagem só de ida para um país completamente desconhecido, certamente me matarão.

Isso, claro, se minha maldição não me matar primeiro. Ela está tentando.

É um desprazer pensar que sou o único ser humano amaldiçoado do mundo, mas, aparentemente, é isso mesmo. Fui amaldiçoado na noite de meu nascimento, segundo minha mãe, pelo mesmo demônio com o qual minha avó se casou e teve dois filhos: minha mãe e meu tio. Um demônio de verdade, vindo do Inferno.

A história conta que minha avó o invocou após ser abandonada por seu ex-marido. O trato foi o seguinte: se vovó entregasse a ele sua alma, condenando-se ao Inferno, ele a tomaria como esposa e a daria dois filhos, sendo um deles incrivelmente sortudo e o outro terrivelmente agourado. E foi isso que aconteceu: meu tio era dono de toda a sorte do mundo, enquanto minha mãe, de todo azar.

Vovó desapareceu quando completaram dezoito anos. Os boatos dizem que foi viver no Inferno com seu marido. E mamãe e meu tio ficaram na Terra, um vivendo de fortunas e o outro, de infortúnios. Até que tudo mudou: e isso aconteceu na noite de meu nascimento. Foi nessa noite que, antes de me parir, mamãe conta que foi visitada por um homem misterioso de olhos amarelos vívidos como os de um monstro, que tocou sua barriga e sussurrou palavras em latim antes de desaparecer como mágica.

Depois disso, com meu nascimento, a sorte se esvaiu para meu tio e toda a minha família, sem exceção, sucumbiu à falência.

Segundo ela, é por isso que tenho olhos bicolores e consigo ver monstros em um mundo onde ninguém mais os vê. Não são monstros, são... criaturas vindas do Inferno. Eu os vejo cotidianamente, apesar de nunca termos interagido. Na infância, vivia assustado. Hoje em dia, estou mais acostumado.

O BEIJO DO VAMPIRO | Jikook.Where stories live. Discover now