➵ 20. Phase one of anarchy

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Calina Sartori
Dias atuais...

Retirei o cigarro dos lábios, observando a fumaça dissolver-se na noite que gradualmente começava a pairar. Havia esperado quinze longos minutos, imóvel em frente ao pequeno espaço vazio com o chão coberto por óleo e ferramentas. Uma chama de irritação crepitava dentro de mim, mas no exato momento em que o carro cruzou a avenida e deslizou para dentro do espaço, um sorriso animado se desenhou em meus lábios. Strike saiu do skyline ainda preto com dourado me fazendo tomar seu lugar, e a familiar fragrância de whiskey e tabaco infiltrou-se no ambiente.

Por que o maldito cheiro dele precisava permear tudo?

— E aí, Calina? O que aconteceu para você aparecer de repente? — Arrastei meu olhar até o homem com cabelo escuro longo, vendo-o sorrir enquanto apoiava seus braços no capô do carro.

— Vim buscar o que é meu ou achou que eu teria te deixado de presente? — Sai do carro, ajustando o cinto da minha calça cargo no quadril. — Você conseguiu alguma coisa?

— Você pede e eu sempre consigo. — Ele sorriu mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. — Somos hermanos, Calina.

— Para de me enrolar, Strike...

— Beleza! — Ele entrou no carro deslizando a mão por baixo do volante, abrindo o capô. — Eu fiz algumas revisões nessa belezinha, afinal tudo foi atualizado nos últimos seis anos. Mas o que eu descobri é que nada dessa máquina tinha registro, nenhuma das peças, nada sobre a tintura e nem mesmo a lataria.

— Então não chegamos a nada? — Bufei, irritada.

— É aí que você se engana, chica. Eu consegui algo depois de muitos esforços. Me custou uma grana garota. — Revirei os olhos dando risada. — A placa estava em um nome fantasma, alguém já falecido sob registro de mais uma empresa fantasma. Tuuuudo uma grande faixada que dificultou bastante a minha análise. — Continuei observando sua forma agitada de falar, balançando as mãos e fazendo mímica como um verdadeiro latino. — E enfim, eu cheguei a alguém. Um cara que comandava essa empresa de fachada, que me levou até uma mulher e que me levou até um dos nossos caras. E...

Ele bateu os dedos em cima do motor como se estivesse rufando tambores em mistério.

— E? — Perguntei, ansiosa, arrancando um sorriso de seus lábios.

— Consegui um nome. — Meu interior inteiro vibrou em uma felicidade absurda que me consumiu em segundos. — Mas acho que você não vai ficar feliz.

— Do que você tá falando? — A felicidade se esvaiu do meu interior na mesma velocidade em que apareceu.

— Seu nome. Calina Sartori. Apenas o seu nome estava no registro do carro por trás da empresa de fachada.

Meus lábios se entreabriram e um suspiro pesado passou por eles. Abaixei a cabeça fechando os olhos mordendo o meu lábio inferior com força. Sentindo minha cabeça latejar e a frustração me consumir. Sempre que eu penso estar pelo menos um passo à frente, tudo evapora. Realmente pensei que o meu triunfo poderia ser pelo menos o nome de um deles com o carro que Bugsy deixou para trás naquela noite.

Como isso poderia ter acontecido? Como eles fizeram isso?

— Certo. Vamos para o próximo plano. — Adentrei o carro mais vez, vendo o sorriso do Strike se alargar após fechar o capô.

— Nos vemos em 30 minutos.

Liguei o motor, ouvindo o rangido alto quase ensurdecedor. Lancei minha mochila no banco do passageiro, colocando o cinto e, aos poucos, começando a sair da garagem. Havia planejado algo com Strike há tempos para atraí-los de volta, e hoje, finalmente, seria concretizado. No entanto, antes precisava retornar ao casarão Sartori para pegar uma peça importante que ainda faltava em meu plano.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora