𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟕 - 𝘚𝘦𝘥𝘦

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["É um castigo adequado para um monstro. Querer tanto algo, segurá-lo nos seus braços, e saber sem dúvida que nunca o merecerá.'']

...

Interior de Londres, Setembro de 1725.

Nicolas encarava atentamente a parede de madeira à sua frente, buscando controlar a sua respiração ligeiramente descompassada com a ansiedade que percorria o seu corpo com a noção de que, em breve, Aaron estaria adentrando o seu quarto para perguntar-lhe sobre a dita proposta. Mesmo que uma parte de si temesse o que o homem poderia fazer ao saber que negaria, ainda assim gostava da ideia de que seria mais útil a eles vivo do que morto, apesar de não poder ampará-los da forma que desejavam.

E, de qualquer forma, a figura de Gabriel apoiado na parede e retribuindo o olhar que às vezes o encontrava, o acalmava um pouco. Sabia que ele jamais ousaria levantar um dedo para desobedecer Aaron, pelo pouco que viu da sua dinâmica com ele, porém apenas a ideia de que uma face conhecida estaria lá para presenciar como seria a conversa, já o deixava mais à vontade com qualquer coisa que poderia lhe acontecer.

— Acho-o corajoso por ousar desafiar Aaron. — E então Gabriel puxa um assunto após tantos minutos em pleno silêncio. — Ninguém aqui teria essa coragem.

— Ele é tão assustador assim? — Nicolas pergunta inocentemente, como se não lembrasse exatamente de como era vê-lo irritado. — Bem, eu não diria que é questão de coragem. Eu já lhe apresentei os meus pontos mais de uma vez, não vale a pena repeti-los agora. Eu apenas me manterei firme em minha escolha.

— Entendo. — Gabriel respira fundo, se desencostando da parede e então aproximando-se um pouco do rapaz sentado na cama. — Realmente não teme o que ele pode fazer-lhe?

— Talvez, um pouco. — Ele dá de ombros. — Mas qual é a pior possibilidade? Matar-me? — Gabriel permanece em silêncio, franzindo as sobrancelhas e desviando o seu olhar. — Que cara é esta? Parece que é tu que estás com mais medo do que pode me ocorrer do que eu mesmo. Se Aaron matar-me, veja o lado positivo. Pelo menos, verá-se livre de mim de uma vez por todas.

— Céus, não sejas tão insensível assim consigo mesmo. — Gabriel suspira, negando algo com a cabeça e então voltando para próximo da parede. — Talvez eu esteja, sim, ligeiramente preocupado com o que acontecerá pela sua decisão, porém eu tentei de todas as formas mudar o rumo dela. Portanto... Agora não há muito que eu possa fazer, senão assistir ao que Aaron fará.

Nicolas encara-o por breves segundos até um singelo sorriso, praticamente imperceptível, tomar conta do seu rosto. Ainda que fosse em uma situação nada boa como essa que se colocaria, era bom saber que ao menos agora alguém preocupava-se com o seu bem-estar. Gabriel era realmente o que analisou em seus primeiros dias; alguém que tentava muito parecer insensível e arrogante, mas que no fundo preocupava-se com todos ao seu redor e não seria capaz de machucar tampouco uma mosca. E, conhecendo-o melhor do que o conhecia há um mês, conseguia compreender o porquê da sua persona arrogante existir.

— Obrigado. — Portanto, decide agradecê-lo finalmente.

— Pelo quê? — Mas definitivamente Gabriel não parecia compreendê-lo, fitando-o com o cenho franzido.

Porém, antes de ser capaz de respondê-lo com uma frase vaga o suficiente que não o fizesse pensar que algo, nesse um mês, havia alterado-se em seu interior, a porta do seu quarto abre-se em um grande estrondo de pressa. Em segundos, os seus olhos arregalados encontram a figura imponente de Aaron parado à frente da porta, ainda segurando a maçaneta com certa firmeza. Aquele homem alto realmente poderia ser assustador se o olhasse com um semblante sério.

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⏰ Última atualização: Jun 16, 2023 ⏰

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