5: Porque Eu Amo Vitória - ES

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Tia Verônica voltou pra casa na quinta, apenas teria que ficar muito tempo de repouso por ordens médicas. Até segunda, quando eu e Devon pegamos o avião para Vitória, a polícia ainda não tinha nada. Tia Verônica não tinha visto o rosto de quem a atacara, isso complicava as coisas.

Sammuel não apareceu depois de terça. Eu estranhei muuuuuito isso. Mas fiquei principalmente com raiva pois não poderia me vingar! Filho da mãe!

Devon não me falou quem era a garota com quem ele estava saindo. Ou seja... Eu não vou aprovar o namoro e provavelmente eu iria praticar algum ato terrorista contra a garota.

Bem...

Já vou me preparando pra quando voltar... Tenho umas ideias bem du mal pra atormentá-la quando a conhecer...

Despertador viajou conosco numa gaiola para cães – me dava uma dó danada ver ele ali, com aquela cara de cachorro abandonado. Eu queria soltá-lo logo, mas sabia que só poderia fazê-lo quando chegássemos ao carro de vovó.

Vovó nos pegou no aeroporto, como sempre. Os cabelos cacheados estavam presos num coque frouxo com uma caneta – ela sempre perdia os palitos – e usava um vestido reto e branco, até as canelas, com uma faixa de couro na cintura, usando rasteirinhas, com os óculos de sol de meia-armação e uma enorme bolsa de palha. Ela costumava vestir-se assim, de um jeito simples, mas elegante, de algum jeito.

Eu corri para abraçá-la, pegando-a desprevenida, mas ela logo retribuiu o abraço.

− Ei, deixa um pouco da vovó pra mim! – Devon caçoou, aproximando-se e envolvendo nós duas em seu abraço de urso, apoiando a bochecha no cabelo de vovó. Nós duas rimos, e Devon nos acompanhou logo em seguida.

Nos afastamos um pouco, e olhei vovó atentamente. Eu era uns dois centímetros mais alta que ela. Seu rosto tinha mais rugas de expressão do que na última vez que nos vimos, mas ela continuava tendo o rosto estranhamente mais jovial que de muitas mulheres mais novas ela. Talvez fosse porque ela sempre tinha carinho no olhar, e estar sempre com um sorriso que fazia você se sentir capaz de fazer qualquer coisa! Bem, eu me sentia assim quase sempre quando ela sorria!

− Vamos. Despertador deve estar cansado de ficar nessa gaiola! – ela disse, rindo, enquanto Devon empurrava o carrinho com nossas malas – apesar de que elas não eram assim, tão grandes... Mas ninguém queria carregar a gaiola de Despertador... Esse cachorro pesa uma tonelada! Não entendo como, ele é tão magro...

Eu fui aos pulinhos para a saída do aeroporto, não muito longe de onde vovó nos esperava. Era uma cena engraçada: eu, usando uma saia rodada curta e xadrezada de preto e branco, com uma leging branca, coturnos pretos, uma camisa regata branca e algo que um dia foi um sobretudo xadrezado de vermelho e preto – “foi” porque eu arranquei as mangas compridas, deixando onde era a costura com uma aparência desfiada – saltitando no meio do aeroporto. E ter aquela altura toda e aquela juba para todas as direções ajudou mais ainda para que eu me destacasse...

Devon bateu com a mão na cara. Eu diria que ele estava pensando “Pelo amor de tudo que é sagrado, eu não conheço essa criatura...” Isso me fez rir muito. Era bom provocar o Devon de vez em quando! Vingança pelas pegadinhas! Hohohoho!

Vovó ria suavemente. Parecia não se importar da neta ser pirada. Que bom! Se ELA se importasse, eu ia pirar de vez! – se é que já não pirei...

O carro de vovó – um jipe vermelho que eu a-m-o – estava parado perto da entrada, o que facilitou muito. Soltamos Despertador, vovó acariciou um pouco sua cabeça, antes que ele pulasse na parte traseira e se ajeitasse onde ele sabia ser reservado pra ele. Jogamos as duas malas atrás, onde me ajeitei entre os bancos, e Devon e vovó se sentaram.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora