[15] contagem regressiva 🕗

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A cada passo que eu dava nos corredores da escola, lembrava daquele fatídico dia do atentado.

Isso acontecia uma vez ou outra e era como se os sentimentos voltassem todos à tona.

O nervoso, o medo, a incerteza. 

Era como se eu ainda pudesse ouvir os gritos e os tiros na minha mente.

Eu realmente não queria fazer terapia, pois por mais que eu ainda lembrasse de tudo de forma recorrente, acredito que estava conseguindo lidar bem com isso tudo. Meus pais me incentivaram a ir e incentivam até hoje. Eu sei que seria bom, mas... Não sinto necessidade. Pelo menos não nesse momento da minha vida.

Como era o último dia de aula do ano letivo, sexta feira, o colégio estava um caos. Todos comemoravam, faziam bagunça e até mesmo os professores e funcionários estavam mais liberais quanto a isso tudo. 

É claro que as pessoas que ficaram de recuperação, como Caleb, não estavam comemorando tanto assim. De qualquer forma, eu evitava notar.

Amanhã é o dia do baile de formatura.

Não é novidade que ninguém me convidou e eu também não tenho ninguém pra convidar.

Fui até o meu armário para pegar todas as minhas coisas, já que estávamos entrando de férias.

Meu armário ficava do lado do de Hans. Ele estava pegando suas coisas também. 

— Oi Hans. — forcei um sorriso.

— Oi, japa. — ele fez uma cara estranha pra mim. — Que cara é essa?

— Ué, a mesma de sempre. Só tenho essa. 

— Para de palhaçada. Tá com uma cara de cansado, triste, sei lá.

— Ah, eu só quero ir embora logo e entrar de férias. Tô dando graças a Deus.

— E... Ninguém te convidou ainda?

— Hoje, Hans? Faltando um dia pra formatura? — revirei os olhos.

— Ué, observa, olha em volta.

Algumas pessoas ao redor, no corredor, ainda estavam recebendo bilhetes de convites em seus armários. Obviamente, ficavam muito contentes com isso.

— Bom, eu não sou todo mundo. — terminei de pegar as coisas e fechei o armário, ajeitando minha mochila. — Você, e eu também, estamos cansados de saber que as pessoas me acham estranho demais e até mesmo invisível.

— Ai, japa, nenhum bilhetinho? — ele também fechou o armário e ficou olhando pra mim.

— Nenhum, Hans. — revirei os olhos.

— Ah, cara, se eu não fosse com a Chrissie, eu juro que teria convidado você pra gente poder ir juntos, se divertir e você não ter problema que...

— Não esquenta, Hans. Ela é sua namorada. Por favor, né. 

— Ela estava sonhando com esse baile há meses, até eu também.

— Eu imagino... Então. Aproveitem bastante, tenho certeza que vocês vão amar e é isso. Eu iria até sozinho mesmo se pudesse e quisesse, mas não tenho vontade mesmo, afinal de contas. Eu também não vou estragar a noite de vocês. 

Comecei a andar no corredor e Hans veio do meu lado.

— Achei que Caleb fosse te convidar, japa.

— Só se for em fic.

— Escuta, tá todo mundo fofocando sobre quem ele vai convidar porque ele ainda não convidou ninguém, não é?

Quando o amor é pra sempre: A história de Gael (Romance Gay)Where stories live. Discover now