Enquanto Houver Esperanças

Sofrimento

Salmos 10:14-15

"Mas tu enxergas o sofrimento e a dor; observa-os para tomá-los em tuas mãos. A vítima deles entrega-se a ti; tu és o protetor do órfão. Quebra o braço do ímpio e do perverso, pede contas de sua impiedade até que dela nada mais se ache."

- Atende, atende por favor! - Luzia ligava desesperada.

- Alô, oi amor! - atendeu Fernando.

- Aii graças a Deus! Amor, você precisa vir pra cá urgente! A Safira me proibiu de ver nossa filha, não posso nem me aproximar do portão, estou com um mal pressentimento e...

- Calma meu bem, me explica direito porque não entendi. A Safira o quê?

- Ela não me deixa ver a Sofia amor, estou muito aflita, não sei o que fazer.

- Não pode ser... Será que por isso que não consigo falar com ela? Já liguei várias vezes e ela não atende...

- Ai amor, tem alguma coisa errada. Por quê ela não me deixa ver nossa menina? Eu quero ver minha filhaa!!

- Essa Safira só pode ser louca. Já foi à delegacia? Registra uma queixa contra ela amor.

- Sim já fui e registrei, a Rogéria ficou de averiguar o motivo da proibição.

- Então agora só podemos esperar. Vamos orar e entregar ao Senhor, só Ele pode nos mostrar uma solução.

Luzia se surpreendeu com aquela palavra, não ouvia Fernando falar de Deus desde que se conheceram numa viagem em São José dos Campos. Ele recém separado e ela carente, visitava os pais quando o conheceu. No início ela hesitou, mas acabou cedendo à sua própria vontade. O tempo foi passando, vieram os filhos, primeiro o Gui depois o Caio e finalmente Sofia, a menina dos olhos de Deus.

Lembrou-se de que Fernando dissera da ex-mulher, que se chamava Denise e que tinha expulsado ele de casa após pegá-lo com a boca na botija, lembrou de ele ter dito que ela estava grávida e sonhava em ter uma menina, lembrou ainda da Palavra direcionada a eles num encontro de casais quando seu líder espiritual lhes dizia: "os planos de Deus não podem ser frustrados." Fernando chegava mudo e saía calado. Só ia porque ela insistia e porque tinha prometido a si mesmo que não iria aprontar nada de errado com Luzia, pois ela o amava com todas as forças, mesmo sabendo que ele era torto igual a um cabo de guarda chuvas. Mas agora ele estava falando em Deus e isso lhe trazia um fio de esperança.

- Amém!

Foi tudo o que conseguiu responder mas glorificava em espírito o nome do Senhor.

- Amor, quero te pedir perdão por tudo que fiz você passar. Conheci pessoas muito boas aqui, tenho ido à igreja e Deus tem falado profundamente ao meu coração. Agradeço a Ele todos os dias por ter colocado você na minha vida, por nossos filhos. Amanhã mesmo estarei embarcando no primeiro vôo para o Brasil. - Fernando falou acalmando Luzia.

- Glória a Deus!! Que bom, só o Senhor sabe o quanto eu tenho orado para que o Espírito Santo te convença de que só o Senhor é Deus! Te convença do juízo, do pecado e da justiça, Aleluia!

- Amém!!

Luzia tinha acolhido Fernando com todo amor, sabia que ele estava desempregado e que estava recém separado, sabia das dificuldades que teriam e ainda assim ficou contra tudo e contra todos. Abandonou tudo por ele, só nunca havia abandonado o temor a Deus, sua fé era maior que seu medo e cria que o Senhor tinha poder para transformar a vida do seu marido e mudar sua história.

NA IGREJA...

- A razão mais simples do por quê se chamar Verbo ao Filho de Deus parece ser que como nossas palavras explicam nossas idéias aos outros, assim foi enviado o Filho de Deus para revelar o pensamento de seu Pai ao mundo. O que diz o evangelista acerca de Cristo prova que Ele é Deus. Afirma sua existência no começo; sua co-existência com o Pai. O Verbo estava com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e não como instrumento. Sem Ele nada do que existe foi feito, desde o anjo mais elevado até o verme mais baixo. Isto mostra quão bem qualificado estava para a obra de nossa redenção e Salvação. A luz da razão e a vida dos sentidos deriva dEle, e depende dEle. Este Verbo eterno, essa Luz verdadeira resplandece, mas as trevas não a compreenderam. Oremos sem cessar para que nossos olhos sejam abertos para contemplar essa Luz, para que andemos nEle; e assim sejamos feitos sábios e aptos para a Salvação por fé em Jesus Cristo. Amém!!

O pastor explanava sua pregação acerca da Divindade de Cristo relatada pelo apóstolo João no primeiro capítulo dos versículos primeiro ao quinto.

- Logo após sua oração silenciosa, os irmãos estarão dispensados, com exceção dos jovens, quero falar com vocês! - pediu o pastor.

ENQUANTO ISSO, NA CASA DE SAFIRA...

Sofia chorava baixinho para não chamar a atenção de Zenólia que ficara incumbida de castigá-la se fizesse algum barulho. Em sua dor, lembrava das Escrituras Sagradas, dos ensinamentos de Jesus, do calvário, das cartas paulinas, do pastor Paulo explicando acerca da cegueira espiritual nos dias atuais, da tribulação vindoura. Pedia forças ao Senhor para que pudesse suportar aquela provação.

- Meu Deus como eu preciso de ti, todos os dias de minha vida tenho contado em sua presença, não desvie os teus olhos de mim Pai. Em nome do seu Filho amado Jesus Cristo te peço: perdoe a madrinha, perdoe também a Zena Papai, elas não conhecem o Amor do Senhor e por isso fazem esse tipo de coisa. Me perdoe também por não ter me esforçado em falar do teu amor para elas, confesso que tive medo. Minhas forças estão se esvaindo, mas em Ti encontro renovo, não me deixes sozinha. Eu te louvarei conforme a Tua justiça, não tardes a guerrear em meu favor pois tenho sido consumida pela maldade dos dias. Eu te amo e independente de onde eu esteja, como esteja e o que quer que faça, sempre te adorarei pelos séculos dos séculos, pois é no nome do Senhor Jesus que oro a ti, amém.

No quarto trancafiado, Renato ficava tentando imaginar o que estaria acontecendo lá embaixo. Andava de um lado para o outro tentando controlar o nervosismo que o consumia, se aproximando da janela, percebeu que Ed acompanhava alguém no jardim. Era uma mulher, uma policial, o que estaria acontecendo? Pensou. Por quê a polícia estava alí? Aproximou-se da porta e prendeu a respiração tentando escutar alguma coisa.

- Desculpe mas a patroa não está! - falou Zenólia ao ver Rogéria se aproximando da porta.

- Tá certo, mas eu posso entrar?

- Sinto muito, mas tenho ordens para não receber ninguém na ausência de minha patroa.

- Ok! Só mais uma coisa: recebemos uma denúncia de maus tratos, procede?

- Isso é um absurdo! Jamais faríamos isso com a Sofia e o Renato.

- Huumm certo, e onde eles estão? - perguntou enquanto fazia anotações.

- Eles quem? Er, quer dizer, estão com a patroa, devem ter viajado.

- Ué, mas e a escola? Estão faltando às aulas?

- Nãão, Nã-Não, foi só hoje. Foram visitar o pai, acho.. - se enrolou.

- Sei... Engraçado, sempre achei que a governanta ficava a par de tudo! Então tá bom, Zenólia!? É assim mesmo seu nome né?!

- Co-como sabe?

- Calma, foi o porteiro que me falou. Até mais Zenólia, acredito que ainda vamos nos ver.

- A-até... - gaguejou.