As Fadas IV

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O festival da Noite começou e aos poucos as fadas chegavam trazendo suas caças e as colocando ao redor da fogueira. Sentada em seu trono a Senhora das Fadas observava a cena já comum em sua rotina, ela estava cedendo a idade, e procurava secretamente uma sucessora.

No canto, o Elfo também observava o festival, e percebeu que a Senhora olhava para ele em alguns momentos. As fadas que chegavam o encaravam sempre, era normal ser odiado por ser diferente. Suzan e Megan chegaram trazendo uma raposa cada uma e as colocando na pilha, elas se dirigiram até o pequeno, que as cumprimentou com um movimento da cabeça.

- Sabemos que o seu primeiro festival foi traumático, mas não tem porque de você ter ficado aqui sozinho criança. - Suzan disse triste.

- Não ve que ele esta numa rebeldia adolescente Su? Deixa, isso é normal. - Respondeu Megan.

O Elfo observou a conversa de suas mães e apenas deu um sorriso forçado para Suzan e segurou em seu ombro, fazendo uma espécie de consolo antecipado por algo ruim que se aproximava.

  A Senhora iniciou seu discurso parabenizando as fadas por mais um festival bem sucedido em que mesmo caçando elas cobseguiram respeitar as leis da natureza. Então estava chegada a hora de cada uma dar um pouco de suas caças para a fogueira em oferenda a Noite, e quando todas ofereceram e a Senhora daria por fim o festival, o Elfo a interrompeu.

- Minha Senhora, eu ainda não dei o meu sacrificio e sou parte dessa sociedade, ou não ? - Ele tinha um sorriso frio no rosto. Megan cochichou com Suzan nervosa por saber o que seu filho estava aprontando, e as outras fadas demonstravam nervosísmo até no respirar.

- Você ainda tem tempo para isso pequeno, gostaria de fazer sua oferenda antes de eu terminar o festival ? - A Senhora respondeu séria.

- Será um prazer minha Senhora. - Ele fez uma sequência de desenhos incompreensiveis no chão, muito próximo a fogueira, como parecia dançar ao desenhar arrancava os suspiros de algumas fadas secretamente apaixonadas e também o temor de algumas mais antigas que sabiam que nenhum elfo era a prova de fogo.

- Pronto. Agora posso apresentar a Senhora e as minhas irmãs o futuro.

- O que esses desenhos significam, o que você esta fazendo meu filho ! - Suzan gritou assustada, mais foi contida por Megan que sabia que a Senhora das Fadas tomaria alguma decisão mais correta que apenas gritar.

- O que se atreve a chamar de futuro irmão ? - A Senhora questionou.

- A Magia ! - Rindo como um paranóico o Elfo invocou sua magia que aprendeu a canalizar sozinho em saidas pela madrugada. De suas mãos surgiu uma fumaça verde que se dirigiu até o desenho, fazendo aparecer uma das sete fadas desaparecidas, a loira Mitris.

- Pela Noite ! O que pretende com isso seu criminoso ! - A Senhora se levantou de seu trono estarrecida. Muitas das fadas voaram de volta para as suas árvores assim que viram a fumaça e sentiram a magia. Suzan e Megan ficaram abraçadas e congeladas, se sentindo culpadas pela cena criada.

- Eu pretendo erguer a face maligna da própria Noite, minha Senhora. Você não é a fada mais poderosa, nem será nunca mais ! Eu limparei esta ilha de sua raça suja, eu serei a própria Ilha ! - O Elfo lançou Mitris em direção ao fogo, a fada estava em pé, porém desacordada. O fogo ao entrar em contato com ela a consumiu e passou de vermelho para verde, e então para preto.

Aos poucos o fogo pareceu diminuir e tornar-se físico. No meio de onde estava a fogueira ergueu-se uma fada diferente. Com as feições de Mitris e o seu cabelo loiro caindo as costas, a Fada estava vestida em um vestido negro, da mesma cor que suas asas que pareciam carregar o breu. Rindo baixo em meio ao silêncio das fadas que ainda observavam sem reação e de frente para o Elfo a fada nascida do fogo disse:

- Boa noite meu invocador, eu sou Nikki, a Fada que nasceu da Noite mais Sombria.

Os Contos das Ilhas II - As FadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora