Capítulo 2 ( Parte 2) DEGUSTAÇÃO

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— Disto a senhorita não seria capaz.

Roselaine mantinha um ritmo constante, o único som que se ouvia era os passos dos dois pisando nas folhas, e as vezes uma respiração mais profunda dele mesmo.

Hussein não estava acostumado com o silêncio, ele aprendeu que a única forma de parar as coisas era falando, quando falava as pessoas precisavam parar e escutar, e isso lhe dava tempo para pensar, por isso acabou se acostumando a sempre conversar sobre tudo, ou sobre qualquer coisa que precisasse falar.

Mas Roselaine não era o tipo de pessoa a qual gostava de falar, era como se suas palavras fossem preciosas demais para ela as distribuir sem pensar se isso era mesmo necessário, uma qualidade das quais ele desejava ser capaz de ter, mas lhe faltava paciência, e até mesmo força de vontade.

— Algo aconteceu para está vindo a casa dos Torsten por livre e espontânea vontade? — perguntou ele não suportando mais o silêncio.

Ela olhou para ele apertando os lábios um contra o outro antes de responder.

— Acredite, não existe vontade no que estou fazendo — disse Roselaine com a voz baixa.

Hussein sorriu.

— Se quiser uma desculpa para faltar ao chá eu tenho algumas — ofereceu ele.
Os olhos dela brilharam daquela forma que acontece quando alguém sabe de uma coisa e a outra não.

— Então, acredito que minha mãe não precisa se preocupar com seu lacaio.
Os olhos dela se mantiveram sobre ele enquanto mordia os lábios constrangido.

Era horrível ter que mentir para a senhora Helton, porém, mas horrível ainda era ser pego nesta mentira, que na hora lhe pareceu muito boa, ele não podia dizer que se sentia mal, ou assim que o bilhete chegasse na casa Helton a senhora Helton adentraria a casa acompanhada com uma fila de médicos, e enxaqueca já havia sido muito usada.

— Ah — começou ele gaguejando — o homem não é que teve uma melhora de repente.

Roselaine assentiu ainda com as sobrancelhas erguidas.

— Todos ficamos muito felizes, mas já estou preocupada com sua governanta na próxima semana.

Hussein tentou não expressar surpresa com as palavras que Roselaine vinha dizendo, que já era muito mais do que eles já haviam falado em toda a sua vida.

— Lhe garanto que não seria capaz de encostar um dedo naquela senhora.

— Até mesmo um suspiro mais forte poderia fazer isto.

— A senhorita está certa.

— O que iria fazer o senhor ter um enterro a organizar.

— E uma governanta para encontrar.

Ele olhou para Roselaine bem no momento que os lábios dela se ergueram para cima. A cena dela fazendo um comentário como aquele deveria ser gravado em sua memória com todos os detalhes, não se sabia quando aconteceria uma outra vez.

— Estão sentindo minha falta no chá?

Sabia que não estava indo por vontade própria, mas nem mesmo por isso deixaria de sentir falta das tardes naquela casa.

— Quando o senhor está lá, Morgan esquece que eu estou.

— É sempre bom saber que sou essencial para a senhorita.

— Ah, fora que quando o senhor não está, Ronald tenta ocupar seu lugar, uma vergonha a qual não gostaria de a ver passar!

Uma parte sua ainda não entendia por que não voltou naquela casa desde o casamento de Lisa, mas toda vez que subia aquelas escadas, ou ficava na sala com as Helton ele sentia como se tivesse falhado com duas dela, não precisava encarar a família sabendo disto.
Quando jasmins estava na casa ele poderia usar isto como desculpa, afinal, todos ainda achavam que ele era apaixonado ou ao menos ressentido com o passado, mas agora que ela havia partido para Londres e ele não tinha mais nenhuma desculpa e as suas estavam ficando usadas demais, como Roselaine ousou dizer.

— Pensei que nessa altura aquele pirralho já estaria na faculdade — falou Hussein tentando evitar falar sobre si.

Uma coisa era falar sobre Ronald, a quem os dois conheciam e se importavam, outra bem diferente era falar sobre ele mesmo com ela, não tinham intimidade, não eram nem amigos. Poderia passar horas e horas falando sobre os outros Helton ou com outros Helton, mas não com aquela que estava na sua presença.

— Suspensão.

Hussein se voltou para Roselaine que estava com o rosto plácido, Hussein já perdia as contas de quantas vezes aquele menino tinha sido suspenso.

— Ao que parece a senhorita já esperava por isto — comentou Hussein imaginando o motivo de Tobias não ter lhe falado nada sobre o irmão, sabia que Ronald não escutava muito conselhos, mas Hussein sempre considerou o rapaz inteligente o bastante para não jogar o futuro fora.

Talvez estivesse errado, por que como vinha vendo não tinha nenhum interesse em seus estudos e ninguém em sã consciência diria para ele entrar no clero, e exército não era uma opção, Tobias nunca apoiaria uma ideia tão sem cabimento, para ele o irmão não estava correndo em direção a honra de proteger seu país, mas direto para a morte.

— Não é o que ele quer — falou Roselaine dando de ombros.

— Talvez ele descobrisse o que quer se não fizesse uma tolice atrás da outra.

— Não deveriam pegar tão pesado com ele, quem nunca cometeu uma burrice? — Perguntou Roselaine levando à mão ao chapéu quando um vento o ameaçou arrancar de cima de sua cabeça.

— Bem, acredito que todos já cometemos inúmeros erros, mas ao que parece seu irmão tornou isso uma competição.

Roselaine sorriu, um sorriso pequeno e discreto, ela não era de sorrir muitas vezes, e quando sorria era mais como se não estivesse fazendo isto, era discreto, como tudo nela, como se desejasse permanecer um segredo para todos.

— Sem querer ser intrometida —começou Roselaine engolindo em seco, Hussein a encarou tentando a incentiva a continuar —como o senhor está?

Hussein sorriu tanto que pôde sentir seu rosto doer com o esforço, e ele que pensava que acompanhar Roselaine seria fácil, nisso havia esquecido de uma pequena questão, Roselaine era uma dama dos pês a cabeça e manteria uma conversa amigável com ele, assim sendo necessário, e isso não queria dizer que se importava com isto, só que era educada demais para fazer o contrário.

— Muito bem-disse ele afastando a mão dela do seu braço.

Estavam na entrada da casa dos Torsten, e não entraria naquela casa, não sem ser amarrado e carregado para dentro com uma pistola apontada para sua cabeça, e ainda assim tentaria escapar.

— Acredito que a senhorita não me obrigaria a aguenta a tarde com as Torsten, não quando se mostrou tão preocupada com meu bem está — ele esperava arrancar um sorriso, mas a expressão de Roselaine continuou a mesma.

— Obrigada pela companhia — disse ela se virando e subindo os degraus, no último ela se virou para ele — Senhor Sterling.

— Sim?

— O senhor Spencer nunca passa mais de três dias em Londres, e sempre gosta de voltar antes da hora do chá — ao notar o olhar de confusão no rosto dele ela continuou — é um homem bom, ninguém deseja mágoa um homem bom.

Antes que ele pudesse se justificar ela se virou batendo com força na porta. 



                                                                 ★★★★★★★★★

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Um amor para um visconde ( 2 VOLUME DOS HELTONS)Onde histórias criam vida. Descubra agora