Dezessete

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Um mês se passou, e todo dia Luke vinha com aquele mesmo papo de que seu namoro com a Eduarda é apenas uma farsa, que ele não gosta dela e que só precisa de um pouco de tempo para ajeitar as coisas. Liviane continua me perturbando e enchendo minha cabeça com mentiras.

― Carter. — Chama a professora de matemática. A encaro, esperando que disse logo porque me chamou. — Eu te fiz uma pergunta.

Assenti em resposta antes de dizer:

― Desculpa. A senhora pode repetir?

Ela riu com a careta de vergonha que fiz logo em seguida e então repetiu a pergunta sobre P.A (Progressão Aritmética), obviamente eu não soube a resposta pois estava com a cabeça nas nuvens, então ela disse que eu provavelmente havia estudado isso no primeiro ano do colegial e que era impossível eu não lembrar. No primeiro ano, eu passava mais tempo escondida na minha própria bolha do que prestando atenção na aula.

Quando a aula finalmente acabou, sai aos tropeços da sala com a cabeça dando voltas, parecia que o mundo estava se distorcendo, hora as paredes estavam perto demais, hora estavam longe demais e mesmo assim eu ainda bati de frente com uma delas. E quando vi Luke beijando a Eduarda novamente, eu quase dei um abraço no chão. Fechei e abri os olhos dezenas de vezes consecutivas até a tontura passar, e quando isso aconteceu, caminhei até minha casa com passos apressados. Parei quase na metade do caminho apenas para mandar uma mensagem de texto para o Luke.

"Preciso falar com você, estou te esperando em casa."

Minha mãe estava dormindo no sofá com um livro de receitas sobre a barriga saliente, a televisão estava ligada em algum canal de desenhos infantis. Niall colocou um dos dedos em frente aos lábios e fez algo parecido com um xiiiiiii, baixinho. Sorri e subi para o meu quarto, tomei um banho e fui terminar de ler um livro de romance gótico que eu havia furtado do quarto de Megan já há algum tempo junto com o outro, mas que só agora me deu vontade de ler.

― Mand. — Me chamou Niall do outro lado da porta. — Mand.

Coloquei o marca páginas dentro do livro e o abri a porta.

― Oi pequeno. — Apertei suas bochechas apenas porque eu já sabia que ele odiava.

― Não faz isso. — Solto uma levei risada com a carinha de bravo que ele faz. — O Luke está aqui — disse e sai batendo os pés emburrado e com os braços cruzados.

Desci as escadas atrás do Niall. Olhei para a porta e Luke estava lá, parado com a cabeça encostada na porta. Minha mãe não estava mais dormindo no sofá, ela devia estar na cozinha, o aroma de café feito na hora viaja pelo ar e invadia minhas narinas. Luke se endireitou e sorriu ao me ver.

― Oi meu anjo. — Ele foi me dar um beijo mas eu passei reto.

― La fora Luke.

Saímos, fechei a porta atrás de mim em um leve baque, caminhamos pelo gramado até uma área onde não havia tanto sol.

― O que houve? — pergunta se encostando na parede.

― Sério?

― O que? — ele pergunta totalmente confuso.

Suspiro, fecho os olhos, apoio uma das mãos na parede que parece ter sido aquecida a uns duzentos graus. Puxo minha mão de volta e encargo Luke.

― Luke, eu não aguento mais ver você e a Eduarda juntos. Você disse que seria por pouco tempo e já faz mais de um mês. Isso vai acabar quando, no dia em que eu receber o convite para o casamento de vocês?

― Claro que não Mand. Eu não sou assim, se eu disse que vou terminar com essa baboseira, é porque eu vou terminar. Eu estou tentando, mas não está sendo muito fácil.

[Pulsos]Where stories live. Discover now