Capítulo 1

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Destino

__ Mae, vou me atrasar para a consulta hoje, desculpe. Tenho que passar na lavanderia para pegar o terno do Sr. Pedro Rodrigues e se não fizer isso agora sabe como pode complicar para mim.

Celeste tentava manter o celular sobre o ombro enquanto falava com a mãe e ao mesmo tempo segurava a cestinha de compras no mercadinho perto do trabalho. Estava muito atrasada e se não levasse o terno do patrão, tinha certeza que seria despedida. Ficar sem emprego não estava nos seus planos. Tinha uma casa para pagar, uma mãe para sustentar e se sobrasse algum dinheirinho, pensava em guardar para pagar os estudos mais adiante. Algo que não estava nos planos dela naquele momento, não que não quisesse estudar, e sim porque não tinha como. Fazia treze anos desde que tinha concluído o ensino médio e cada dia era uma batalha pela sobrevivência. Parecia até brincadeira, mas todas as vezes que encontrava a oportunidade de estudar, algo acontecia na família, e ela tinha que dar todo o dinheiro para que a família não ficasse em más situações, mas nem por isso deixou de buscar cursinhos online e dedicar pelo menos meia hora quando chegava do trabalho, e foram estes momentos investidos que a ajudou a estar no emprego e mantê-lo por tanto tempo.

__ Senhorita? __ a moça do caixa a chamou.

Celeste se voltou para ela da porta do estabelecimento.

_ Sim?

__ O troco. A senhorita esqueceu o troco. __ a atendente estendia a mão com o dinheiro e Celeste apenas olhou o velho relógio de pulso e praguejou baixinho.

__ Merda! Nada está dando certo hoje.

Ao tentar fechar a porta de vidro à alça da sacola ficou enganchada no trinco de metal e ao tentar caminhar a sacola estourou e toda a mercadoria caiu no chão.

As frutas que tinha comprado para a mãe rolaram no chão, indo parar debaixo das gôndolas. Naquele momento lagrimas vieram aos olhos. Não sabia se pegava o troco ou recolhia as mercadorias. Optou pela primeira e deixaria tudo ali quando alguém se agachou e começou a recolher uma a uma e ela correu para buscar as demais que estavam por todos os lados. Aproximou-se do caixa, pegou o dinheiro e voltou para a entrada onde estava um homem com três sacolas cheias nas mãos. Celeste estendeu a mão para pegar as sacolas quando ele disse:

__ Posso acompanhá-la. Vejo que está com pressa.

Ele entregou as sacolas e esperou a resposta.

__ Obrigada, foi muito amável da sua parte, mas tenho que ir.

Pegou as mercadorias e rapidamente correu até a lavanderia que estava na esquina, retirou a encomenda do patrão e correu para o ponto de ônibus. Sentou-se e ficou a esperar um ônibus que não veio. Levantou-se e caminhou durante alguns minutos e ao chegar ao destino, o ponto de taxi estava vazio. O desespero tomou conta. Eram dezoito horas, e se não corresse o chefe não chegaria a tempo para a importante reunião que tinha que participar na sede. Uma chuva fininha começou a cair piorando toda a situação e deixou aquele inicio de noite sombrio.

Do nada um carro de luxo Mercedes Benz S – Class de cor prata parou, o motorista baixou o vidro e gritou:

__ Entre que eu te levo senhorita. Há esta hora os taxis não trabalham mais nesta zona e acredito que o ônibus vai demorar. Percebo que você tem pressa.

Celeste olhou para o relógio e já eram dezoito horas e meia, só tinha meia hora para chegar à empresa e com aquele trânsito louco acreditava que não conseguiria. Não custava nada aceitar uma carona não é?

__ Tudo bem. __ ela respondeu e ele rapidamente abriu a porta, desceu do carro com um guarda chuva e a ajudou a entrar no assento ao lado. Ela protestou. __ Posso ir atrás se não se importa. Vai molhar o assento.

Procura-se maridoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora