O capítulo é dedicado para as duas pessoas que mais me encheram o saco (amo vocês) para que eu postasse logo, Dani e Leh.
Muito obrigado à todos que comentaram no capítulo anterior e espero que aproveitem a leitura ❤️
P.s: Não pode matar a autora 🎈❤️
Os enjoos haviam passado dois dias depois do meu colapso no set e com eles quaisquer pensamentos sobre uma possível gravidez. Eu voltava a me sentir eu mesma e estava trabalhando pesado.
Em uma noite, Sophie decidiu que todos deveríamos ir até seu apartamento comer pizza, beber cerveja e assistir a nova temporada de Stranger Things.
— Não sei... estou muito cansada.
Era verdade, havia gravado por quase 16 horas com apenas alguns poucos minutos de descanso e me sentia exausta.
— Vamos, mama. Por favor. — Fez sua carinha pidona e eu não tive mais argumentos.
— Só por duas horas, Sophie. — Ela sorriu e deu saltinhos de alegria enquanto ia infernizar outra pessoa.
Estavam todos lá. Laurel, John, César, Sophie, Rik e... Sam. Sam não havia ficado nada contente quando eu o expulsei do meu trailer para conversar com o médico, e menos ainda, quando eu disse que não tinha sido nada. Eu precisava acreditar nisso, então repeti como um mantra nos últimos dois dias. Para ele, para meus outros colegas de trabalho, para mim mesma em frente ao espelho...
Ele estava lindo, como sempre, usando uma blusa preta simples e uma calça jeans, sentado de forma totalmente relaxada no sofá de Sophie com sua garrafa de cerveja em uma das mãos.
— Vamos, vai começar! — Sophie me empurrou para o sofá ao mesmo tempo em que alguém depositou uma garrafa de cerveja cheia em minha mão.
A série, de fato, começou a rodar alguns segundos depois. Encarei a cerveja em minha mão, ponderando se deveria ou não bebe-la. Eu tinha certeza de que não estava grávida, mas o exame de sangue que eu havia feito, ainda não tinha sido entregue e o "e se" começou a martelar irritantemente em minha cabeça.
Droga!
Coloquei a garrafa de cerveja intocada no móvel ao lado do sofá e senti o olhar de Sam em mim. Dei de ombros, como se aquilo não fosse nada demais e ele voltou a sua atenção para a série.
Não prestei atenção. Minha mente tinha voltado para a possibilidade novamente, depois de dias... eu havia me esforçado muito para me convencer de que aquilo não era verdade, de que eu não estava de jeito nenhum grávida e tinha sido bem-sucedida nos últimos dias. E tudo que me esforcei tanto para acreditar, tinha ido por água abaixo em questões de segundos por conta de uma garrafa de cerveja.
Minha mente girava enquanto o pensamento "e se" ecoava alto em minha cabeça, podia sentir meu coração acelerar como o princípio de um ataque de pânico.
Não, não e não.
Para Balfe.
Olhei institivamente para o meu lado quando o sofá afundou sob um corpo pesado, eu não precisava realmente olhar para saber de quem se tratava, o cheiro de Sam era tão conhecido por mim como o meu próprio. Ele passou um dos braços ao redor dos meus ombros, me deu um sorrisinho de lado e voltou a sua atenção para a série.
Desviei o olhar para a televisão também, fingindo — falhamente — que estava prestando atenção no que acontecia.
— O que foi? — Sam sussurrou ao meu ouvido alguns segundos depois.
— Nada. — Respondi evasivamente.
Apesar de tudo, Sam e eu nos conhecíamos muito bem, minha resposta não o tinha convencido.
— Eu posso ver as engrenagens do seu cérebro trabalhando lá do outro sofá, Balfe. — Rebateu — Isso não é nada.
Olhei para ele novamente e ele já me encarava com os seus olhos azuis oceano transbordando a mais pura preocupação.
Tive vontade de despejar tudo o que poderia ou não estar acontecendo comigo e com meu corpo no momento. Mas não era justo. Tínhamos voltado a estabelecer uma certa proximidade de novo e o "e se" poderia não passar disso. E ainda que fosse real, poderia não ser dele.
— Não é nada, Sam. — garanti com convicção, ele bufou como se não acreditasse em mim, mas voltou a atenção para a tv, permanecendo do jeito que estava.
Por costume ou talvez necessidade, relaxei contra ele e finalmente consegui prestar atenção na série, enquanto Rik implicava com Laurel e John, recebendo protestos nada alegres de Sophie e Sam que estavam fascinados pela série.
Adormeci embalada pelos seus braços ao meu redor e o som da tv ao fundo.
— Cait? — Ouvi um chamado à distância — Cait?! — A voz estava mais alta, próxima ao meu ouvido.
Abri os olhos e olhei para o lado. Era Sam e estávamos com as bocas muito próximas umas das outras, se eu mexesse alguns milímetros para a frente, elas se encostariam.
— Tudo bem?
Seus braços ainda estavam ao meu redor, mas ele olhava para os meus olhos. Suspirei.
— Só muito cansada. — Voltei a fechar os olhos novamente — Acabou a série?
— Não, mas temos que acordar cedo amanhã. — Assenti — Quer uma carona para casa?
— Eu vim de carro, mas não acho que estou em condições de dirigir...
— Eu te levo. — Abri os olhos novamente e assenti.
Voltei a reparar no ambiente, éramos os únicos que ainda estavam na sala de Sophie.
— Cadê todo mundo?
— Foram comer um pouco na cozinha antes de irem embora. Quer alguma coisa?
— Só dormir.
— Tem certeza que está bem, Cait? — Estreitei os olhos confusa. — Não bebeu sua cerveja e nem comeu nada.
— Eu disse... estou muito cansada, Sammy.
— Vamos, então. — Ele aceitou minha resposta e se levantou, me levando junto. — Pessoal, estamos indo. — Anunciou ao entrar na cozinha, com um braço envolta de minha cintura como se eu fosse cair se ele me soltasse.
Talvez eu caísse.
— Talvez na próxima eu não esteja caindo de cansaço e aproveite mais. — Os jovens riram.
— Deve ser a idade. — Rik debochou, ganhando um dedo médio de mim.
— Caitriona tem mais disposição que todos nós juntos. — Laurel me defendeu.
— É verdade. — John concordou segurando um bocejo — Tanto que ela ainda está de pé depois de gravar por tanto tempo.
— Mais ou menos de pé. — Emendei e eles riram. — Boa noite, pessoal. Até amanhã.
-/-
Tudo estava bem no set, as gravações corriam naturalmente, Sam e eu tínhamos voltado a nos comportar como Sam e Cait novamente... mas John apareceu para me entregar o bendito envelope e tudo voltou a ficar nublado.
— Maril? — Chamei minha amiga e chefe.
— Oi, C. — sorriu para mim ao erguer os olhos de alguns papéis que analisava. — Tudo bem?
— Estou sim. — Garanti me sentando ao seu lado — O que é tudo isso?
— As nossas folgas! — Sorriu animada — Serão três dias de descanso bem merecidos!
— Na certa. — Me encostei na cadeira atrás de mim.
Ainda não havia aberto o envelope, mas ele estava protetoramente guardado contra minha pele por dentro do corpete do figurino.
— Você acha que conseguimos terminar as gravações em quatro meses? — Tentei fazer minha pergunta sair o mais casual possível.
Entretanto, Maril me conhecia. Afinal, não se trabalhava junto com alguém, de forma tão próxima, por quase cinco anos e não se aprendia nada sobre ela. E todos sabiam que eu adorava trabalhar.
Maril ergueu a sobrancelha para mim.
— Eu sei que levamos em média oito meses, mas tenho alguns possíveis projetos... — menti — queria saber se, algum deles se concretizar, eu seria capaz de me dedicar aos dois.
Era uma preocupação genuína, apesar de não ter nada a ver com possíveis trabalhos, e sim, com uma possível gravidez.
Céus, como eu faria isso? O papel com o resultado pesou em meu peito como se fosse uma âncora de dez kg e não um papel de algumas gramas.
— Você sabe que as gravações duram cerca de oito meses e seria quase inviável cuidar de um projeto grande paralelamente.
Meu coração afundou em meu peito. Um bebê na certa era um projeto grande, era IMENSO na realidade. Como eu poderia cuidar de um e ainda gravar Outlander? Era impossível!
— Você está certa, é claro. — Assenti com um sorriso amarelo — Vou dizer isso ao meu agente.
— C? — Olhei para ela — esse seu projeto é importante para você?
— Ainda não sei... se era algo certo, sabe?
— Bom, tenho certeza que você pode conciliar com suas férias e fazer os dois se for importante para você.
— É, você talvez tenha razão, Maril. — Sorri e me levantei — Muito obrigada, Maril e todos estamos esperando ansiosamente por estes aí. — Apontei para os papéis das folgas e ela riu.
— Aposto que sim! — Gritou de dentro da sua sala enquanto eu ria ao lado de fora.
Empurrei todos os pensamentos sobre uma possível gravidez para o fundo da minha consciência e coloquei minha máscara de atuação. Ainda tinha mais quatro horas de gravação e duas delas eram em cima de um cavalo... ainda bem que não tinha nenhuma cena íntima com Sam, não sabia como encara-lo seminua sem sentir o peso do segredo que eu carregava, ao ar livre, eu tinha uma armadura ao meu redor.
Ao final do dia das gravações, depois da descaracterização retirando perucas, maquiagens e figurino — quase deixando meu envelope secreto ser visto — finalmente cheguei até minha casa e melhor ainda, com o papel de folga em mãos.
Seja qual fosse o resultado, eu teria três dias para processar e decidir o que faria a partir dali. Será que minha vida toda mudaria?
Se eu estivesse realmente grávida, teria muitas explicações para dar. Apesar de ser uma mulher adulta, havia aspectos da minha vida que não eram só meus... haviam contratos, promessas e sentimentos envolvidos.
Havia o contrato com a Starz e com Outlander de mais duas temporadas, além dessa, assinados. Minha imagem era deles até o final dele, não que eu pretendesse abandonar minha carreira se realmente estivesse grávida, mas como esconderia uma barriga de oito meses para terminar de gravar a temporada? E como conseguiria cuidar do bebê e gravar 16 horas por dia?
Também havia Tony e Sam. Será que algum deles ao menos quer ser pai? Eu sei que Sam pensava nisso quando estávamos juntos, mas isso foi há anos e opiniões mudam, enquanto ao Tony, nunca conversamos sobre isso.
Se Tony fosse o pai, eu perderia o Sam totalmente? Uma coisa era saber que eu estava noiva — o que resultou em meses em silêncio — outra bem diferente é que eu estava prestes a me tornar mãe do bebê de outro homem. Ele teria algum direito de ficar bravo comigo? Emoções não enxergam direitos...
E se fosse do Sam? Com certeza complicaria uma situação que já era complicada. Havia tantos problemas envolvidos com essa possibilidade, que minha cabeça girava. Tony era o primeiro deles... como ele ficaria ao saber que eu não só tinha o traído como havia engravidado? O contrato com a Stars que proibia uma relação não profissional entre eu e Sam era o segundo. A reação da mídia com a notícia disso tudo, seria caótica.
E havia minha família, o que diriam de mim se o pai do meu talvez bebê não fosse do homem que eu estava noiva? Eles respeitavam minha vida e as minhas escolhas, não acho que me diriam qualquer coisa de mal... mas eu havia realmente traído meu noivo.
Tantas coisas... tantos problemas resultariam de uma simples palavra no final de um papel.
Olhei para o papel em cima da minha mesinha de centro e depois para a minha barriga lisa. Nenhum indício de que havia alguém ali dentro e se eu estivesse realmente grávida não teria nenhum indício por pelo menos mais dois meses.
Respirei fundo, meu coração estava disparado, minhas mãos tremiam e a ânsia de vômito havia voltado. O e se ecoando tão alto que se mesclava com as batidas de meu coração.
Você consegue, Balfe!
Peguei o envelope e em um único fôlego abri o envelope. Desdobrei o papel com certa dificuldade, ouvindo as batidas de meu coração zumbindo em meus ouvidos. Olhei o papel inteiro sem realmente enxergar nada até alcançar o final da página.
Positivo.
Só notei que estava chorando quando uma gota grossa de lágrima caiu sobre o papel inerte em minhas mãos. Sequei meus olhos com as costas de uma das mãos e encarei o papel só para verificar. E lá estava a palavra de novo.
— Puta que pariu eu vou ser mãe! — Cai em um choro descompensado, enquanto Eddie me encarava com desprezo, como se soubesse que eu não seria mais a única humana na sua vida e que em breve... em breve, céus... haveria uma criança puxando seu rabo e a apertando. Grávida.
Nota: Agora a votação é séria Valentina ou Enzo? Quais são as suas apostas? Será que a Eddie vai gostar de dividir?