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Pov Hoseok.
- Meu Deus, Hoseok! Você está noivo! - Gritou Megan assim que entrei na sala dos professores. Era hora do intervalo e apenas ela estava lá, ocupando umas das cadeiras na enorme mesa redonda onde os professores se encontravam, bebericando uma xícara de algo que deveria ser chá, já que ela também não gostava de café.
- Bom dia pra você também. - Joguei minha bolsa em cima da mesa juntamente com algumas das atividades das crianças e me acomodei em uma das cadeiras do lado oposto ao dela. Minha cabeça doía e a voz dela não era algo que eu queria ouvir no momento.
- Eu nem sabia que você tinha namorado. - Continuou ela, revirando os olhos quando lhe dei bom dia e nem se quer se dando ao trabalho de me responder.
- Eu não tinha. - Passei as mãos em meu cabelo, ajeitando a franja que estava um pouco grande demais e caia em meus olhos. Talvez eu estivesse precisando de um corte. - Mas agora tenho. Não estou noivo, estou namorando. - Expliquei, puxando para perto de mim as folhas com as letrinhas confusas de minhas crianças. Elas tinham feito uma atividade escrevendo seu nome e comida favorita e agora eu precisava corrigir.
- Me deixe ver esse anel. - Levantou de onde estava e deu a volta na mesa. Ela usava uma calça jeans apertada e uma bota de cano alto nos pés, combinando com o sweater marrom que ela vestia. Nos olhos seu grande óculos de armação que fazia um certo charme nela, seu cabelo marrom estava preso em um rabo de cavalo no alto de sua cabeça. - Isso definitivamente é um anel de noivado. - Concluiu Megan assim que pegou minhas mãos e analisou cada detalhe de meu anel. - Quem é o felizardo? - Levou seus olhos azuis até meu rosto, ajeitando o óculos que tinha saído um pouco do lugar ao que ela abaixou a cabeça para ver o brilhante em meu dedo.
- Taehyung. - Respondi de forma simples, vendo a expressão de seu rosto mudar aos poucos ao que a informação a atingia e ela provavelmente realizava sobre qual Taehyung eu me referia.
Era claro que ela conhecia meu namorado. Praticamente toda cidade conhecia. Mas, sendo professora aqui, ela era, de certa forma, amiga de Jennie, consequentemente conhecendo Taehyung também.
Ela arrumou sua postura, que estava abaixada devido ao fato dela estar em pé e eu sentado, puxou seu sweater para baixo e passou as mãos em seu cabelo, deu a volta por trás de mim e rodeou a mesa novamente, sentando-se em seu lugar.
- Kim Taehyung? - Perguntou, um brilho diferente em seus olhos. E eu odiava admitir que conhecia aquele tipo de brilho. Era o mesmo que eu já vi diversas vezes no olhar de homens e mulheres ao meu redor quando comecei meu relacionamento com Kai.
Ela estava com inveja.
Ou qualquer que seja o sentimento, mas ela não tinha gostado de saber que estávamos juntos. Bom, lamento por ela, mas não tem nada que eu possa fazer.
- Sim, Kim Taehyung. - Apoiei o cotovelo na mesa, em cima dos trabalhos das crianças e me coloquei a encara-la de volta.
- Você está namorando pai de aluna, Hoseok. - Sua voz saiu um pouco alterada e estridente.
Inferno de voz irritante que estava dando pontadas em minha cabeça.
- Sim, eu estou. - Fui petulante.
- Isso sequer é legal? - Sua postura tinha sido retomada e ela estava mais calma agora, ou aparentava estar.
- Bem, é bem legal namorar com ele. - Eu tinha entendido muito bem o que ela queria dizer, mas decidi me fazer de sonso. Aquela situação estava me divertindo. Consegui arrancar uma risadinha dela, mas não sei bem se foi bem humorada ou uma de ironia.
- Não, Hoseok! Você entendeu o que eu quis dizer. - Bufou e tomou mais um gole de sua bebida. Seus olhos a todo instante pregados aos meus. -Tipo, ele é pai de duas alunas suas, não sei se isso é muito certo. - Me dizia como se estivesse me dando o melhor dos conselhos. Querida! Eu dispenso. - E talvez a Louise não vá gostar muito de saber. - Disse sutilmente.
Sutilmente...
Eu comecei a namorar Taehyung oficialmente ontem, e hoje já estão me arrumando problemas quanto a isso.
- Veja bem, Megan. - Inclinei minha postura sobre a mesa, ficando um pouco mais perto dela. - Minha vida fora daqui não diz respeito a Louise.
- Hoseok, eu- - Seus olhos se arregalaram com minha fala e ela tentou argumentar. Mas eu a cortei, concluindo minha fala.
- O que eu faço dos portões da escola pra fora, não é problema de ninguém a não ser meu, entendeu? - Eu disse sério, não gostando nem um pouco de ter que ser grosseiro com ela, mas eu detestava gente se metendo na minha vida e ela meio que pediu por isso. - Não é da conta da Louise, assim como não é da sua conta também.
Não esperei por sua resposta, me levantei e fui até uma mesinha no fundo da sala, onde ficavam algumas garrafas térmicas com chás, água fervendo, leite quente e café. Peguei minha xícara no armário e despejei um pouco da água fervente sobre ela, pegando um sachê de chá de hortelã que eu deixava lá e pondo dentro da xícara, despejei um pouco de açúcar e voltei ao meu lugar, esperando o gosto do chá se espalhar pela água para que eu pudesse saborear minha bebida.
Ficamos sentados frente a frente, em silêncio, cada um bebericando sua respectiva bebida e sem dizer nada um ao outro. Ela estava sentada com os ombros um pouco mais baixos do que estavam quando entrei aqui, alguns minutos atrás.
A porta da sala se abriu e mais alguns professores entraram conversando, nos cumprimentando e indo até o fundo da sala preparar algo para beber. O clima entre eu e Megan era um pouco tenso, mas ninguém pareceu perceber.
Louise entrou na sala em seguida das outras pessoas. Ela estava vestida em uma jaqueta de couro, escondendo as tatuagens de seu braço, seu cabelo loiro platinado - quase branco - estava solto e passava um pouco da altura de seu ombro. A maquiagem em seu rosto era carregada e sua boca estava hoje em um tom de azul. Ela era tão excêntrica e aquilo era esplêndido. As crianças adoravam ela e eu seu estilo peculiar.
- Olá pessoinhas. - Acenou para todos que se encontravam ali. Ela provavelmente não tinha visto metade daquele pessoal hoje, já que ficava na diretoria e nos íamos direto para nossas classes, geralmente só nos encontrávamos no horário do intervalo das crianças, quando a gente se reunia aqui na sala dos professores. - Está noivo, Hoseok? - Me perguntou Louise assim que pousou seus olhos sobre minha mão e viu o anel que eu usava.
- Namorando na verdade. - Eu estava pronto para repetir tudo que eu tinha dito a Megan, esperando que ela fosse hostil sobre meu namoro.
- Meu Deus! Esse anel é lindo. - Seu tom era eufórico e ela tinha largado todas as coisas que trouxera consigo encima da mesa, arrastando uma cadeira para próximo de mim e puxando minha mão. - Eu não sabia que você estava com alguém! Será que eu conheço? A cidade é pequena! Eu provavelmente devo conhecer. - Disse tudo em um fôlego só, me fazendo ter vontade de rir, ela pareceria ainda mais empolgada com aquele anel do que eu.
- Você conhece. - Ela analisava atentamente cada detalhe de meu anel, mas parou o que fazia para prestar atenção em mim assim que disse que ela conhecia meu namorado. - É Kim Taehyung.
Vi Megan prestar total atenção em nossa conversa. Talvez ela esperasse a reação de Louise, assim como eu.
Se ela me demitir, Taehyung vai ter que me arrumar um emprego na empresa de seu pai!
- Kim Taehyung? - Ela praticamente gritou e eu acenei em concordância. - Há! Eu sabia! Eu sabia! Vocês formam um casal lindo. Eu e Jennie já tínhamos falado sobre isso algumas vezes. - A reação dela realmente me surpreendeu. Eu esperava algo como "se envolver com pais de alunos é muito errado, Hoseok", mas contrariando o que eu esperava, ela mostrava até que estava torcendo por nós.
- Obrigado. - Agradeci ao elogio que ela tinha feito a Taehyung e a mim como casal, sentindo minha bochecha corar.
- Faz quanto tempo? - Pegou novamente minha mão e voltou a analisar minuciosamente o anel, virando minha mão de todos os lados.
- Oficialmente desde ontem. - Mais alguns dos meus colegas de trabalho ali presente vieram me parabenizar.
Aparentemente, apenas Megan achava um problema namorar pai de aluno, todos os outros tinham ficado feliz em saber de meu relacionamento.
Especialmente Louise.
Ficamos na sala conversando por um tempo, alguns professores me diziam que já desconfiavam de algo, pois sempre viam Taehyung entregar presentes nas mãos das meninas e, logo depois, aqueles presentes apareciam comigo.
Quando estava perto do sinal bater, todos começamos a recolher nossas coisas. Eu sempre saia uns cinco minutos antes para esperar meus pequenos no pátio, eles formavam uma fila e íamos para a sala juntos. Alguns professores adotaram esse hábito depois da minha chegada.
- Bom. - Megan se fez presente pela primeira vez depois de nossa conversa. - Vou ir pegar meus alunos, preciso ensinar sobre ética pra eles. - Me alfinetou assim que pegou sua pasta rosa e colocou debaixo do braço.
- Aproveita que vai ensinar sobre ética, e os ensine a não se meter na vida pessoal das pessoas. - Devolvi sua provocação. Eu já estava na porta, não esperei pela reação das pessoas presentes ali, apenas me virei e fui em direção ao pátio. Meu sangue fervia e eu caminhava com pressa.
Ela definitivamente não era uma pessoa ruim, eu até que gostava de passar meu tempo conversando com ela ou preparando aula para os alunos, mas hoje eu realmente quis voar no cabelo liso e perfeitinho dela e arrancar fio por fio.
Senti-me acalmar assim que cheguei no pátio e meus pequenos alunos já estavam em fila me esperando. Minhas pequenas estavam na ponta hoje e seus sorrisos de covinhas foi o suficiente para me devolver a paz assim que peguei cada uma pelas mãos e as guiei até a sala de aula, sendo seguidos pelo resto da turma.
•••
Cheguei em casa por volta das quatro da tarde naquela terça feira, larguei minhas coisas em cima do sofá e fui até a cozinha tomar um copo de água gelada. Minha cabeça ainda doía um pouco mais já tinha amenizado bastante graças ao analgésico que tomei.
Fui até meu quarto e tomei um banho rápido, colocando uma roupa confortável e em seguida me jogando na minha cama. Perdi algum tempo admirando o meu lindo anel e vendo o quanto ele contrastava bem em minha pele branca.
Deitei em meu travesseiro dobrando um joelho pra cima e apoiando a outra perna em cima do mesmo, cliquei no nome de minha mãe em meus favoritos e fiquei esperando até que ela atendesse.
- Hey, Hoseok! - Franzi o cenho e afastei o celular de minha orelha, conferindo se eu tinha mesmo ligado para o número certo. Era realmente o número de minha mãe, mas não foi ela quem atendeu, e sim Taeyeon. - Ei, bundudo! Tá aí? - Chamou minha atenção, já que eu tinha permanecido calado desde que ela havia atendido o celular.
- Hey, Tae! O que tá fazendo com o celular da mamãe? - Era uma coisa bem estranha alguém atender o celular de dona San que não fosse ela mesma.
- Bom falar com você também. - Eu podia vê-la revirando os olhos pra mim, já que aquela era uma mania de todos os Jung's. - Ela está trocando o Soobin , tava dando banho nos gêmeos, me pediu pra atender quando eu disse que era você.
- E como você tá? - Conversávamos bastante por whatsapp, mas raramente nos falávamos por ligações, era bom ouvir a voz dela. Ouvir a voz de minha mãe e irmãs me fazia sentir em casa.
- Eu tô bem, cada dia mais bonita. - Deu risada ao que finalizou sua sentença.
- E nem um pouco convencida, né? - Ri junto com ela. Eu já disse que na minha família não existia mulheres normais? Pois é, não existe!
- Nah, sou apenas realista mesmo. - Balancei a cabeça de um lado para o outro, mesmo que ela não pudesse ver, a Taeyeon não tinha jeito. - A mãe terminou, vou passar pra ela. Beijos.
- Beijos sua pirralha. - Ainda a ouvi soltar um palavrão pra mim antes que a voz de minha mãe invadisse a linha.
- Oi, solzinho. - Sorri com o apelido. Sua voz era tão suave e eu me sentia relaxar ao falar com ela.
- Oi, mamãe. - Estiquei as pernas e puxei um cobertor para cima de mim, ficando um pouco aquecido, já que começava a esfriar um pouco lá fora e minha janela estava aberta. - Como vocês estão?
- Na medida do possível, estamos todos bem. - Sua resposta me intrigou um pouco.
- Aconteceu algo? - Questionei, preocupado.
- Não, só que cuidar desse tanto de crianças que eu decidi parir não é nem um pouco fácil. - Soltou um suspiro ao que falava, parecendo estar realmente cansada.
- Eu imagino que não mesmo. - Dei risada. Mesmo que fosse cansativo, ela sempre dizia ser feliz e realizada em ter tido tantos filhos.
- Está com uma voz boa. - Eu amava falar com minha mãe. Não precisava que eu fizesse muito esforço para que ela percebesse o meu humor.
- É que eu tô feliz. - Mordi o lábio inferior, tentando conter o sorriso que queria nascer em meu rosto.
- Deixa eu adivinhar. - Fez uma pausa, como se tentasse pensar em um motivo para eu estar assim. - Essa felicidade tem algo a ver com um tal de Taehyung?
- Bingo. - Troquei o telefone de orelha, descansando o lado do braço que tinha segurado o celular por tanto tempo.
- E o que exatamente ele tem feito pra te deixar assim? - Ela não perguntou diretamente, mas tinha um tom meio malicioso ali e eu revirei meus olhos, ela estava apenas sendo ela mesma agindo dessa forma.
- Não o que você está pensando. - Respondi e ela murmurou um "poxa" em tom pesaroso, me fazendo rir. Eu nunca vi uma mãe querer tanto que um filho fizesse sexo igual dona San queria que eu fizesse. - É que ele me pediu em namoro. - Falei de uma vez, ouvindo ela soltar uma exclamação animada do outro lado da linha.
- Aí meu Deus, Hobi! - Eu podia imaginar seu sorriso bonito acompanhado de olhos castanhos brilhantes apenas por ouvi-la animada daquela forma. - Como foi?
- Foi ontem. - Arrumei minha posição na cama, me deitando agora de barriga pra baixo e colocando o celular no viva voz. Meu queixo estava apoiado no travesseiro e minhas mãos dobradas abaixo de minha barriga, que estava pressionada na cama. - Ele me convidou para jantar na casa dele, e ele mesmo preparou o jantar. Montou uma mesa linda na varanda do quarto dele e jantamos ali. - Ela se mantinha em silêncio, prestando atenção em tudo que eu dizia, apenas murmurando alguns "hm" vez ou outra para que eu soubesse que ela estava na linha. - Tinha umas luzinhas decorando o teto e no chão algumas pétalas de rosa. - Deixei um suspiro escapar ao que me recordava do cenário que Taehyung tinha preparado para nós ontem. - Quando acabamos de jantar e de comer a sobremesa, fomos para dentro do quarto dele e nos sentamos no chão, vendo alguns álbuns de fotografia, até que ele tirou uma caixinha do bolso e me pediu em namoro. Foi tão lindo mãe. - Terminei de contar, puxando o fôlego para recuperar o ar que eu tinha perdido ao falar tudo de uma vez só.
- Que lindo, filho! Eu quero ver seu anel. - Bateu algumas palminhas ao que pedia uma foto.
- Vou te mandar uma foto. - Puxei o braço para cima e me coloquei a admirar meu anel mais um pouco. Eu não me cansava de fazer isso.
- Eu preciso ir te visitar. - Afastei o celular do ouvido ao que ela gritou com uma das meninas. Toda aquela gritaria a agitação que era a casa de minha mãe me fazia falta, mas eu estou amando o que tenho agora.
- Sim, você precisa mesmo. - Eu iria amar te-la aqui por alguns dias.
- Antes que você imagine eu vou estar aí, conhecendo a sua casinha e o seu namorado.
- Eu estou com saudades, mamãe. - Fui um pouco sentimental, ficar sem minha mãe era uma das coisas que mais me fazia sofrer nessa nova vida que eu levava.
- Eu também estou, bebê. - Assumiu um tom maternal. Minha mãe não era uma pessoa muito sentimental, mas ela tinha esse tom que era usado apenas comigo e minhas irmãs, era algo especial. Mas se recompôs logo em seguida ao que disse: - Mas uma coisa não se encaixou muito bem nesse jantar.
- E o que seria? - Fiquei em dúvida. Pra mim tinha sido tudo absolutamente perfeito, sem faltar nada.
- Pensei que você seria a sobremesa. - Ela caiu na gargalhada ao que fez essa piada horrível. Sinceramente? Mães deveriam ser proibidas de fazer piadas sexuais com os filhos.
- Há Há Há. - Fingi rir, fazendo com que ela risse ainda mais alto. - Isso foi horrível. Você sabe, né? - Senti minha bochecha esquentar.
- Não foi não. - Murmurei um "foi sim" e deixei ela prosseguir falando. - E as filhas dele? Aceitaram bem?
- Elas ainda não sabem. - Mordisquei a ponta de meu dedo. Essa era uma mania que eu tinha sempre que me sentia nem que fosse um pouco ansioso.
- E quando pretendem contar?
- Combinamos de jantar com elas hoje e contar tudo, mas eu estou nervoso. - Desabafei. Era bom falar em voz alta aquilo que tanto vinha me perturbando.
- Você não tem porque ficar nervoso, huh? - Era sempre bom ouvir essa tipo de conselho vindo dela. Ouvir aquilo me acalmava de uma forma estranha. - Pelo que me disse, vocês já se dão muito bem.
- Sim, nos damos. - Confirmei, lembrando de todas as vezes que já estive ao redor das meninas. Como será que elas reagiriam ao saber que agora eu era namorado do pai delas? -
- Então filho, não tem o que temer. - Sua voz era quase como um sorriso, era como se ela estivesse segurando na minha mão enquanto me dizia que tudo daria certo.
- Obrigado, mamãe. - Senti meus olhos marejarem e me controlei para não deixar as lágrimas escorrerem. Eu queria vê-la, abraca-la.
- Eu te amo, solzinho. - Percebi que sua voz estava um pouco embargada também. - Faça bastante sexo, pois faz bem pra pele. - E lá estava ela novamente. Eu sei que ela estava tentando não chorar, mas ela não precisava falar esse tipo de coisa.
- Mãe! - Exclamei indignado, mas não pude deixar de dar risada.
- Tchau, bebê.
- Tchau mamãe.
Desliguei a chamada e decidi cochilar um pouco, antes que Taehyung viesse me buscar para jantar, me acomodando melhor na minha cama e caindo no sono.
Quando acordei novamente, já era seis e dezoito da tarde. Tomei mais um banho e me arrumei com calma, vestindo uma jeans skinny preta e um sweater cinza, arrepiei meu cabelo pra cima e coloquei um vans branco nos pés. Passei um pouco de perfume e por volta das sete e vinte da noite Taehyung já estava buzinando em frente minha casa.
Desci as escadas correndo e fui até a porta de entrada, pegando minha carteira e meu celular e enfiando ambos em meu bolso traseiro.
Ainda dá porta de casa já pude ver Minjae e Minseo acomodadas em suas cadeirinhas no banco traseiro do carro. Quando me viu descendo os poucos degraus que levavam até a entrada de minha casa, Taehyung desceu do carro e abriu a porta do passageiro, me esperando ali, com um sorriso estampado no rosto.
- Oi, babe. - Me cumprimentou, dando-me um rápido selinho em minha boca e sorrindo igual uma criança.
- Oi, Sun. - Decidi chama-lo por um apelido. Ele vinha sendo tão carinhoso comigo, me tratando como se eu fosse um verdadeiro príncipe, sempre me chamando por apelidos fofos que me faziam sentir especial. Estar namorando com ele tinha me trazido essa confiança, e o melhor apelido que eu achei para chamá-lo foi esse afinal, era isso que ele era, o meu sol particular. Vi seu sorriso aumentar ainda mais ao que o apelido saiu de minha boca, o que me fez sorrir também.
Virei para trás para ver as meninas assim que eu já estava acomodado no banco do passageiro. Sorri para as duas e soprei um beijo para cada uma, recebendo um beijo soprado de volta, ao qual eu fingi capturar com as mãos.
Taehyung nos levou a um restaurante italiano que ele tinha me falado algumas vezes e, quando descemos do carro, pude ver a forma que as meninas estavam vestidas. Elas estavam exatamente iguais, ambas com uma calca legging preta e uma blusa de manga comprida listrada de preto e branco, na cabeça elas usavam uma faixa de um azul bem clarinho com algumas flores roxas espalhadas, a única coisa que as diferenciavam era o sapato, Minseo usava um tênis vans todo coloridinho, como se tivesse granulados jogado nele e Minjae usava uma bota marrom. Estavam adoráveis.
Já o pai usava uma camiseta vermelha ( ele ficava gostoso pra caralho de vermelho ), uma calça skinny também preta, só que aberta nos joelhos e uma bota horrorosa prateada de bico fino com um pequeno salto e um detalhe em azul próximo a canela.
Fomos guiados até uma mesa com duas cadeiras para criança e nos acomodamos ali, fazendo nossos pedidos.
Taehyung e eu pedimos uma lasanha, a minha a bolonhesa e a dele ao molho branco, pras meninas ele pediu uma porção de macarrão com almôndegas.
- Aqui, Minjae. - Estendi um guardanapo de papel para ela quando um pouco de molho sujou sua boca ao que ela deu uma garfada desajeitada em sua comida. Ela pegou de minha mão e limpou a boca, amassando o guardanapo todo no processo e, em seguida, jogando em cima da mesa.
- Filha! Come com mais cuidado. - Alertou Taehyung e ela apenas deu de ombros.
- Deixa elas, Taehyung. - Pedi, fazendo ele negar com a cabeça.
- Não, Lou. - Prendeu seus olhos castanhos em mim. - Elas tem que se comportar na hora de comer.
- Elas só tem quatro anos, por Deus. - Ela não estava comendo de uma forma totalmente relaxada, aquilo foi apenas um acidente e Taehyung estava sendo implicante. Minseo estava comendo certinho, não tinha derrubado nenhum pouco de molho em sua comida até agora.
- Só tomem cuidado para não manchar as roupas de vocês. - Se deu por vencido e continuamos nossa refeição.
Quando acabamos de comer, pedimos sorvetes caseiros para todos e com a sobremesa as meninas fizeram um pouco de bagunça.
Saímos de lá por volta de nove da noite, o jantar foi bem rápido, eu e Taehyung tínhamos que trabalhar no dia seguinte e as meninas tinham que ir pra escola, não podíamos ir embora tarde.
Mas, enquanto estávamos jantando, não encontramos oportunidades para introduzir o assunto "namoro" para as duas. Decidimos então ir até uma pracinha caminhar um pouco. Fazia um pouco de frio, nada exagerado, e alguns pais estavam ali com seus filhos brincando no playground.
Nos sentamos com as meninas em baixo de uma árvore pois Taehyung não deixou elas brincarem de balanço, já que estavam de barriga cheia e provavelmente iriam passar mal.
- Filha, responde pro papa. - Taehyung indicou depois de um tempo que estávamos ali sentados, apenas conversando e ouvindo as meninas nos contarem sobre suas aventuras do dia a dia. - O que vocês entendem por namoro?
- É quando beja. - Minseo respondeu sem olhar em Taehyung, mexendo com as mãos em um montinho de terra no chão.
- Sim, quando beija. - Taehyung concordou e eu dei risada de sua explicação inocente.
- Igual tia Jen e tio Jack, eles é namorado. - Minjae deu um exemplo, tentando mostrar que entendia do que a gente falava.
- A vovó e o vovô Jamis tamem é namorado. - Minseo completou o exemplo de sua irmã.
- E vocês acham que namorar é legal? - Continuou Taehyung.
- Eu non acha, papa! - Minjae balançou seu dedinho indicador de um lado para o outro, mostrando todo o seu desgosto sobre namoros. Me senti um pouco aflito com isso e vi que Taehyung não ficou muito diferente.
- Porque você não acha? - Continuou a interrogar.
- Poque beja, papa. Eu non qué namora poque eu acha bejo nojento. - Fez uma caretinha fofa de nojo e não pude evitar deixar uma risada um pouco alta escapar, sendo acompanhado por Taehyung.
- Você acha nojento quando eu te beijo? - Perguntei a ela.
- Non acho, eu gota do seu beijo. - Foi Minseo quem respondeu a pergunta que eu fiz. Sua bochecha atingindo uma coloração rosada que a algum tempo eu não via ali.
- Eu tamem gota do seu bejo, Hobie. - Minjae emendou, sendo mais cara de pau que a irmã, como sempre.
- Mas o que você acha do papa namorar? - Ele passou as mãos pela bochecha de Minseo, limpando um pouco de molho seco que tinha ali e retomando o assunto anterior.
- Eu non qué que você namora, papa. - Minseo se desesperou um pouco, fazendo meu coração falhar algumas batidas e em seguida parecer descer até meu estômago.
- E porque não, filha? - Ele perguntou com cautela e tanto ele quanto eu quanto Minjae ficamos esperando sua resposta.
- Poque eu qué que você namora o Hobie. - Então ela me olhou com aqueles grandes olhos castanhos e eu sorri.
- E se o papa falar que tá namorando o Hobie? - Taehyung sorria também enquanto finalmente dizia a elas que estávamos juntos.
Observei a reação das duas. O rostinho de Minseo substituía a expressão de desespero por um sorriso, enquanto Minjae levantou com dificuldade de seu lugar e veio até mim, sentando-se em meu colo.
- Voxe tá namorando o papa, Hobie? - Minjae me perguntou.
- Eu tô namorando o papa. - Beijei sua bochecha e ela soltou uma risada audível, deixando a covinha herdada de Taehyung afundar em sua bochecha e eu enfiei o dedo ali, fazendo ela rir ainda mais alto.
- Voxe vai ser nosso papa tamem? - Minseo se juntou a Minjae em meu colo e me fez essa pergunta complicada. Olhei para Taehyung em busca de ajuda e ele apenas acenou com a cabeça um sinal de positivo.
Ele estava sentado ao nosso lado e se mantinha em silêncio, deixando aquele momento ser apenas meu e delas. Seus olhos brilhavam e ele tinha os cotovelos apoiados no joelho, que estavam puxados de encontro ao seu peito, suas mãos apoiando o rosto e um sorriso brincando ali.
- Vocês querem que eu seja o outro papa de vocês? - Perguntei de volta.
- Eu qué. - Minseo balançava a cabeça freneticamente pra cima e pra baixo.
- Eu qué tamem. - Concluiu a pequena Minjae, fazendo meu coração quase explodir tamanha felicidade que preenchia o mesmo naquele momento.
Contar a elas foi até mais fácil do que eu estava prevendo que seria. Taehyung se juntou a nós depois e ficamos mais um tempinho ali, trocando beijinhos entre nós e curtindo o restinho da noite, até termos que ir embora.
Eu já vinha reparando que a vida estava sorrindo pra mim, e tudo que eu podia fazer era sorrir de volta. Meu peito transbordava amor, gratidão e felicidade.
Amor por aqueles três seres que entraram na minha vida tão de repente e estavam se tornando meu tudo.
Gratidão por ter a sorte de tê-los comigo. De fazê-los feliz e ser feliz junto com eles.
Felicidade pelo momento que eu vivia, por ter eles, por estar realizado e satisfeito. Apenas feliz. Porque agora eu sabia o que era a verdadeira felicidade, o que era ser feliz, mais feliz do que eu nunca havia sido antes.