Don't leave me | taekook

De Taeizzy

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[CONCLUÍDA] Quando Jeongguk descobriu que estava esperando um bebê do alfa, viu seu mundo desabar diante de s... Mais

Not Planned
Fall
Light
Begin
Because of you
More than Words
The story never ends

Overcome

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De Taeizzy

Oiiii!!! Como vocês estão? Espero que bem <3
Não esqueçam de deixar um voto e comentar!
Boa leitura!
×××××××××

Dois anos atrás.

Os grandes olhos jabuticabas acompanhavam as pétalas que voavam delicadas pela rua com a ajuda da leve brisa que tomava conta daquela belíssima tarde de primavera. O rapaz ficava demasiadamente encantado em ver como aquela estação conseguia colorir as ruas coreanas e trazer consigo não só um delicioso perfume adocicado, como também, sorrisos confortantes e um quentinho gostoso no peito.

Andava com Taehyung e seu pequeno rebento por Seul, mais especificamente, caminhavam até a cafeteria que ficava a algumas quadras de distância do apartamento de ambos. Desejavam aproveitar aquela tarde de domingo, visto que o alfa estava de folga e não tinha aula aos domingos. Era perfeito para passar uma tarde com sua família.

— Uau! Olha, papai, uma boboleta— o alfinha comentou empoleirado nas costas do castanho, que logo teve em seu campo de visão uma linda borboleta azul. Sorriu e Jeongguk viu os olhinhos negros do filho brilharem quando o inseto voou até seus cabelos, fazendo o rebento se sobressaltar com o susto de ter o bichinho tão próximo.

— Ela gostou de você, Hyuk. — Taehyung falou, levantando a cabeça para ver o pequeno completamente abobado com a borboleta em sua franjinha negra. O inseto mexia as anteninhas como se saudasse a criança e Junhyuk abriu a boca surpreso, olhando para os pais hesitante.

— O-Oi, boboleta. — sussurrou com medo da mesma voar para longe. Seu jeitinho demasiadamente adorável de falar aquecia o coração dos dois pais, que olhavam aquela cena completamente apaixonados. Junhyuk era tão puro, parecia um anjo, ainda mais com o bichinho azul contrastando com seus fios negros. — Você é bonita.

O inseto bateu as asas e então saiu dos fios rebeldes do pequeno, que se despediu da borboleta e observou a mesma voar para longe. Jeongguk achava tão lindo como sua criança via o mundo de outra forma; com pureza e bondade. Com todas as cores vibrando e a inocência deixando tudo mais delicado e bonito. Junhyuk fazia os gestos mais simples se tornarem os mais lindos e únicos.  

— Chegamos. — Taehyung avisou, entrando na pequena cafeteria que tinha as paredes repletas de tijolinhos e quadros coloridos. Sentaram e Junhyuk ficou admirado com as luzes que estavam penduradas sobre sua cabeça; eram pisca-piscas dourados e tornava o lugar simples mais bonito e aconchegante. Pediram café e diversos tipos de sabores de bolo. Taehyung estava sentado ao lado da janela e Jeongguk não conseguira deixar de reparar em como a luz do sol e o cenário das diversas flores faziam o Kim ficar ainda mais lindo; a luz natural beijava a epiderme amorenada e os cabelos castanhos brilhavam, como se um holofote estivesse virado para o alfa e toda a atenção do Jeon virasse para somente o homem que estava de frente para si. Comprimiu os lábios, pensando em como era injusto ver aquele homem tão lindo de perto e não poder tocá-lo; gostaria de dedilhar a tez macia e tocar a pintinha que adornava a ponta do nariz de outrem, como um lindo sinalzinho que tornava o rosto do Kim mais singular e belo. Fora os longos cílios que delineavam os olhos amendoados. Estes que brilhavam naturalmente.

Jeongguk não entendia o porquê de estar enxergando tanto os detalhes do amigo; na verdade, Jeon não entendia a necessidade que crescia alarmantemente dentro de si, querendo tocar o mais velho a todo momento. Sabia apenas que deveria ignorar aquelas vontades absurdas e tentar esquecer os sinais que o seu corpo dava sempre que estava ou pensava na presença do mesmo. Aquilo era assustador e não deveria crescer mais ainda, por mais desconhecido que fosse o sentimento.

— Ei! — sentiu o creme gelado ser passado na ponta de seu nariz e arregalou os olhos quando viu que Taehyung acabara de passar o chantilly de sua torta no rosto de outrem, fazendo o rebento gargalhar com a atitude do pai.

— O que tanto olha em mim? Nem tocou na sua torta ainda. — o Kim perguntou, realmente curioso e o mais novo acompanhou os movimentos do alfa, que levou o dígito sujo até os lábios rosados, sugando o resto do creme. O ômega suspirou, chacoalhando a cabeça quando sentiu o olhar do outro em si. Deus, por que estava agindo daquela forma? Não estava gostando nadinha daquilo… — Eu sou tão feio assim?

— N-Não, não é isso… — sentiu as bochechas corarem e escondeu os olhos na franja, desviando o olhar para as mãos que tremiam demasiadamente. Tinha sido pego em flagrante observando descaradamente o outro e aquilo era péssimo. Também pensou na última fala do castanho e quis rir, pois Taehyung não sabia o absurdo que estava falando. Desde quando o alfa era feio? Para Jeongguk, ele era o homem mais lindo que já tivera o prazer de ver e o mais novo sabia que muitas pessoas concordavam com seus pensamentos. O Kim era uma obra de arte e atraía o olhar de quem cruzasse o seu caminho, afinal, o mais alto tinha uma beleza exótica e aquilo fazia o Jeon sentir um pouquinho, bem pouquinho, de ciúmes por saber que o Kim era observado por tantos. Droga, nem deveria ligar para aquilo. Era ciúmes de amigo, certo?

— Então coma a sua torta antes que o baixinho aqui faça isso por você. — Taehyung comentou, olhando para o rebento, que sorriu arteiro e levou as mãozinhas para a xícara, bebendo o cafezinho cremoso. Jeongguk resolveu seguir o que o mais velho falou, e bebeu o líquido quentinho, que dançou por sua língua, fazendo o mais novo suspirar com a quentura gostosa que sentiu em seu peito. Mordeu também a torta de limão que pedira e sorriu nostálgico, lembrando de quando o Kim trazia aquele doce para si na época em que estava grávido de Junhyuk. Olhou novamente para o homem à sua frente, que estava distraído com o movimento da rua e observou mais uma vez o quão lindo o mesmo ficava concentrado, deixando a expressão serena e mantinha os lábios carnudos entreabertos, respirando levemente.

— Você é a pessoa mais linda que eu conheço. — sussurrou para si mesmo, voltando sua atenção para o doce cítrico. Porém, Taehyung conseguiu escutar o comentário secreto do moreno e logo tinha um sorriso discreto moldado em seus lábios, sentindo tudo dentro de si se iluminando e as batidas de seu coração gritaram em seu peito, quase atravessando o seu tórax.

Talvez aquilo significasse que Jeongguk poderia um dia amá-lo da mesma forma como o amava.

[...]

Jeongguk andava a passos largos e rápidos até o quarteirão antes tão conhecido por si. Carregava uma mochila com seus materiais e seu coração parecia pesar mais do que aquela bolsa; sentia, mesmo que no inverno, o corpo quente e seu rosto estava fervendo e vermelho de nervosismo. Estava finalmente revivendo seu passado e tentando continuar o que antes fora interrompido.

O gramado muito bem cuidado e verde já entrava no campo de visão do rapaz de fios negros e com isso, o ômega apertou a alça da mochila, tentando não demonstrar o quão desesperado estava por aparecer ali depois de dois anos.

Jeongguk decidira que estava na hora de voltar para a universidade e destrancar o curso de design gráfico.

— Merda, só mais dois minutos! — apressou seus passos e quando deu por si, estava de frente para a tão temida faculdade. Suspirou e então observou a grandiosa construção, que mais parecia uma arquitetura renascentista do lado de fora. Porém, o rapaz bem sabia que seu interior era pura tecnologia.

Mesmo estudando dois anos naquele ambiente, Jeongguk ainda se sentia incrivelmente abismado e admirado com a beleza que aquele lugar apresentava; logo na entrada era recebido por um belo jardim e um estacionamento perfeitamente organizado. Lembrava-se da época que passava seus intervalos sentado em cima das muretas junto com seu melhor amigo. Sorriu nostálgico. Era, de fato, uma época que guardava em seu coração com extremo carinho, pois apesar de tantos sufocos, aqueles anos de universitário ao lado do beta foram maravilhosos e só tinha que agradecer pelos momentos inesquecíveis que viveu ali. Gostaria de poder ter o amigo consigo ainda, entretanto, Jimin já estava formado e não o veria ali.

As pessoas que trombavam com o rapaz de pele alva provavelmente achavam que o garoto era calouro, visto que o mesmo olhava todos os corredores e pavilhões totalmente abobalhado; tinha as orbes negras brilhando e seus lábios avermelhados estavam entreabertos, em puro êxtase. Mal sabiam elas que o Jeon apenas estava revivendo um turbilhão de sensações por reencontrar aquelas estruturas que antes tanto conhecia.

— Com licença — Jeongguk estava acanhado como nunca. Não ter Jimin ali era chato e Taehyung estudava em horário diferente do mesmo, na parte da noite, enquanto o moreno estava no período matutino. Não conhecia nenhum daqueles rostos e aquilo o fazia se sentir inferior. Sentia-se idiota. As ômegas da secretaria finalmente levantaram o olhar para o rapaz, que não parava de morder os lábios. — Er… Eu vim pegar o cronograma de aulas.  

Se antes ele estava se sentindo tímido, com certeza sentia-se demasiadamente pior diante daquela sala cheia de rostos nunca vistos antes. E pior, claro que o aluno “novo” chamava a atenção na porta. Era azar duplo e Jeongguk começava a se arrepender de ter tido aquela ideia maluca de voltar a estudar.

Entrou de cabeça baixa, sentindo suas orelhas esquentarem, assim como suas bochechas e teve certeza de que estava vermelho como um pimentão. Grr, como odiava isso! Sentou-se então na fileira da janela e tentou não ficar tão na frente e nem no fundo, sentando na quarta carteira. Deixou seu material e soltou uma lufada de ar pesada que nem notara estar prendendo.

O professor então entrou na sala e os alunos deixaram de olhar o moreno e finalmente Jeongguk conseguiu respirar um pouco. Tinha vinte e um anos e um filho de dois aninhos e estranhava a forma como ainda sentia-se um adolescente em determinados momentos. Era uma grande merda.

Passou todas as aulas fazendo anotações e prestando atenção na matéria; como passou dois anos longe do curso, agora sentia um pouco de dificuldade em lembrar os termos e várias coisas. Teria que estudar e recuperar o tempo perdido, afinal, estava no terceiro ano de design gráfico agora e não gostaria de pegar dp. Sempre fora um aluno esforçado e aquilo não mudaria agora.

— Obrigado. — estava no intervalo das aulas e já havia passado pela biblioteca e a sala de informática, lugares antes que amava passar o tempo. Agora, com um hambúrguer em mãos, Jeongguk caminhava calmamente até o estacionamento.

Saiu do pavilhão de artes e o sol logo o alcançou, fazendo o mesmo se sentir aquecido dentro daquele casaco de inverno. Caminhou até o muro que costumava partilhar com o Park e viu que poucos alunos passavam por ali. Era algo bom, até porque os dois amigos tinham aquele lugar como algo especial, um cantinho só deles. Deu um impulso e sentou no muro acinzentado, sentindo aquele quentinho no peito por ver as árvores e no fundo o céu azul e sentiu-se com dezenove anos novamente.  

Será que quando Jeongguk trancou a faculdade, Jimin continuou sentado ali pensando no amigo? Não sabia, mas conseguia imaginar o loiro com o rosto levantado, sentindo a brisa gostosa da manhã bagunçar seus fios e acariciar-lhe a pele leitosa, enquanto tinha os olhos fechados e deixava as pernas balançando suavemente, assim como o moreno fazia naquele instante. Era quase como uma tradição para os dois viverem aquilo.

Pensou então em Taehyung e se lembrou de quando o flagrava observando o moreno do canto, como se o mesmo não tivesse percebendo. Jeongguk na época não ligava, achava engraçado e fofo ver o castanho sentado no capô dos carros, o fitando. Mas agora, o Jeon apenas queria que aqueles momentos voltassem para poder retribuir os olhares e quem sabe, caminhar até o mesmo e convidá-lo para passar o tempo com ele. Poxa, depois de dois anos vivendo sob o mesmo teto que o Kim, o ômega começara a sentir coisas estranhas e estando ali, tão sentimental, gostaria de poder voltar no tempo só para fazer algo; desejava ter conhecido o alfa o quanto antes e ter aproveitado aqueles dias com a presença do mesmo. Deveria ter terminado com Bogum também.

Bom, Jeongguk não era o tipo de cara que se prendia a horóscopos e coisas relacionadas a destino, porém, as divindades haviam colocado Taehyung no caminho do Jeon quando deveria, sabendo que aquele era o momento certo e que seria algo natural. Afinal, o ômega precisava de amor e já estava destinado a ser Kim Taehyung o homem que daria todo o carinho que o ômega precisava.

Jeon Jeongguk e Kim Taehyung sempre foram destinados um ao outro, apenas precisavam de um terceiro para uni-los, e ninguém melhor do que o pequeno Junhyuk para fortalecer aquele laço que agora era composto por três pontas.

[...]

— Papai! — Junhyuk entrou na cozinha e Jeongguk sorriu, vendo seu pequenininho correndo de braços abertos até si. Pegou o pequeno no colo, afastando seu material da mesa e beijou milhares de vezes o rosto macio e fofo do filho, que se aninhou ao corpo do pai e riu gostoso com os selares do Jeon em sua bochecha gordinha. — A escolinha pra gente grande é legal?

Sohye entrou então na cozinha com os brinquedos do neto e Jeongguk sorriu para a mesma, enquanto acariciava os fios negros e desgrenhados do mesmo. Já que o ômega começara a estudar, Jeon Sohye havia se comprometido a cuidar do neto, deixando assim o pai da criança mais aliviado por não ter que pagar uma babá.

— É legal sim. O papai aprendeu um montão de coisas e logo mais você verá diversos desenhos meus por aí!

— Uau, sério? Tipo um dinossauro? — o garotinho perguntou com o rosto todo iluminado e Jeongguk quis rir da inocência do pequeno.

— Não, Hyuk. Os desenhos que o papai faz são muito mais elaborados e você provavelmente não vai gostar para ser sincero. — comentou e o olhar do alfinha ficou confuso. Oras, por que não gostaria de algo que o seu papai fez?

— Vou indo. Tenho que chegar antes que o seu pai.  — a mulher comentou, deixando um selar na cabeça do neto e um no filho, que se despediu da mulher.

Jeongguk ficava preocupado com aquele envolvimento da mãe. Afinal, a mulher estava se encontrando com o filho todos os dias há um ano e Junghyun não fazia ideia daquilo. E quando descobrisse, o que poderia acontecer? Será que o homem apareceria em sua porta? E se machucasse a sua mãe? Aigoo, Jeongguk já estava cansado de pedir para a mulher se divorciar do homem, mas ela não aceitava… Odiava aquela situação.

— Papai, o parquinho tava suuuper cheio hoje! — Junhyuk atrapalhou os pensamentos do pai, mostrando seu sorriso banguelinha. Uma fofura. — Eu fiz amizade com uma menininha, papai.

— Uau, que legal!

— Ela fala um montão, papai. E eu gostei disso, porque mesmo eu estando com vergonha, ela sempre tentava conversar mais e mais. Ah, o nome dela é Yuna. — Junhyuk contou, feliz, e o pai sorriu com ternura. Seu bebê era tão gentil. — Papai, eu quero brincar com a Yuna mais vezes! Ela é legal e fez um castelo de areia glandãao. Desse tamanho, ó! — abriu as mãos e Jeongguk ficou impressionado. Uau, a garotinha era boa mesmo.

— Podemos encontrar ela mais vezes no parquinho.

— Ebaaa!

E enquanto o alfa estava trabalhando, Jeongguk e Junhyuk aproveitaram a tarde para assistir desenhos e brincar.

[...]

Um ano atrás.

Taehyung estava demasiadamente nervoso. Mal conseguia pisar firme sem sentir que seus pés poderiam vacilar a qualquer momento e Jeongguk ora ou outra, segurava a sua mão, tentando passar confiança e coragem. Caminhavam em direção a residência, sem saber o que pensar ou esperar.

Apenas sabiam que não seria nada fácil. 

Jeongguk sempre soube que o passado do amigo não era algo que o mesmo gostasse de compartilhar. Em três anos de convivência, o ômega percebera que o Kim era uma pessoa que quase não falava de si, era “fechado”, porém, Jeon conseguia sentir que o castanho guardava algo doloroso em seu peito. Não sabia o que era, nunca obteve respostas claras quando perguntava para o mesmo e também odiava forçar a barra, então sempre deixava aquele assunto de lado. Também notara que algumas vezes no ano, Taehyung sumia por dois dias, dizendo “precisar fazer algo importante” e sempre quando voltava para casa, Jeongguk enxergava as marcas de olheiras e a aparente tristeza que o rapaz trazia de onde estivesse antes. Ele nunca levara Jeongguk para uma daquelas suas “visitas” a sabe-se-lá onde.

Até aquela manhã.

Quando acordou, recebeu a notícia de que Taehyung queria lhe mostrar algo. De primeira, pensou que fosse algo relacionado a algum lugar qualquer, mas quando o alfa disse que deveria fazer sua mala, Jeon soube que aquela não seria qualquer viagem. Ele chutava que iriam para Daegu, e, bom, estava certo.

Durante a viagem, Jeongguk tentava não transparecer a pequena melancolia que sentia por estar voltando para aquela cidade. Queria manter-se forte para o Kim, e ficar lembrando que seu ex era de lá, não ajudava em nada. Por outro lado, Taehyung dirigia com a respiração descompensada e seus dedos longos formigavam enquanto segurava o volante. Finalmente chegara o dia de deixar alguém que não fosse si mesmo, saber sobre sua vida antes de Seul. Iria levar sua família para seu antigo lar.

Junhyuk olhava tudo pela janela e não entendia muito bem o porquê de seus papais estarem tão quietos. Geralmente conversavam muito e naquela manhã, estavam silenciosos como nunca. E aquilo lhe deixava com uma pontinha de medo.

Entraram no bairro tão conhecido por Taehyung e o mesmo suspirou, vendo as várias casas belas e aconchegantes. Era uma rua bem residencial, quase sem movimento de carros e a natureza era vista em abundância até. Gostava do lugar, lhe trazia paz e tinha boas lembranças do lugar. Era como se sentir criança novamente.

As poucas crianças que não estavam na escola aquele horário, estavam andando de bicicleta ou correndo com outras. Taehyung as olhava e pensava se um dia poderia levar o filho ali para brincar como um dia brincou. Poder subir nas árvores e brincar com terra. Passou grande parte da sua infância fazendo traquinagens com seus amiguinhos e se considerava muito, muito grato por ter tido contato com aquele mundo. Mundo esse que parecia ser deveras distante da sua realidade. 

Lembrava-se como se fosse ontem do dia em que partiu para a capital e abandonou tudo aquilo. Foi uma fase difícil, sentia-se constantemente deprimido e seu coração mandava o rapaz fazer outra coisa, voltar atrás, abandonar seus próprios sonhos. Todavia, depois de algum tempo, se acostumou e percebeu que aquela mudança foi a coisa certa a se fazer; ele sempre relembrava que precisava viver, seguir em frente, mesmo que às vezes, sua cabeça quisesse lhe dizer o contrário.

Quando saiu de Daegu, foi direto para a capital após ganhar uma bolsa na faculdade de Artes Cênicas e ali seu sonho começou a se tornar realidade. Claro, no começo nem tudo era um mar de rosas. Para um caipira, morar em Seul sozinho e repentinamente era complicado. Teve que aprender a se virar sozinho com tudo, literalmente, tudo. Aprendeu a cozinhar, teve que arranjar um emprego que conseguisse pagar o aluguel do apartamento e o material da faculdade e aos poucos foi se adaptando e aprendendo a ser um adulto. Era novo, tinha seus dezoito anos na época e sabia que o caminho que tinha pela frente era cheio de oportunidades. Sempre foi um garoto inteligente e o alfa sabia que as oportunidades não poderiam escorrer de suas mãos duas vezes, então sempre as aproveitava. Era a única coisa que o prendia ali, afinal. E por sorte, teve o apoio de uma pessoa querida; sua irmã mais velha, Sunmi.

Encontrou a casa pequena e seu coração palpitou, se aquecendo com aquela doce lembrança de seu lar. Olhou as paredes pintadas no tom bege claro e o jardim bem cuidado que deixava tudo mais bonito.

Será que estava fazendo a coisa certa? Será que estava pronto para aquilo? Estava levando Junhyuk e Jeongguk para seu passado e não queria ser fraco na frente deles…

— Eu não sei se consigo… — seu coração estava acelerado e tremia demasiadamente. Apoiou a nuca no estofado do banco e levou as mãos ao rosto, com vergonha de se sentir tão fraco na frente de sua família.

— Ei, está tudo bem. — Jeongguk tocou as mãos do castanho, retirando-as cuidadosamente do rosto belo do alfa. Taehyung o olhou, perdido e o mais novo sorriu termo, sabendo que o alfa estava inseguro e mostrando suas fraquezas para si. E, bom, queria que Taehyung fosse em frente com coragem, e seria sua força caso o mesmo precisasse. — Você consegue sim, eu sei que consegue.

— Você e o Hyuk…

— Estamos com você. Não é, bebê? — perguntou e Taehyung virou para trás e encontrou o olhar de seu pequeno, fazendo um sinal positivo com o polegar. Sua família era realmente tudo para si.

— Obrigado… — suspirou, e sorriu, certo de que aquilo era o certo a se fazer. Pois, apesar de tudo, teria sua família ao seu lado e aquilo já era suficiente.

Desceram do carro e o alfa caminhou até o três degraus que tinham em frente a porta.

—  Estamos aqui. Eu estou aqui, Tae. — Jeongguk segurou a destra do Kim e sussurrou para o castanho, que sorriu e então deu quatro toques na porta, sentindo que finalmente estava fazendo aquilo sem resquícios de medo ou incertezas.

— Olá… — a ômega apareceu na porta e quando seus olhos avelãs encontraram os do irmão, deixou a mão escorregar da maçaneta e um sorriso retangular igual ao do Kim brotou em seus lábios. O alfa rapidamente a abraçou. Como sentiu falta do carinho de sua irmã.

— Oi, Sun. — falou, vendo a mulher agora afastá-lo, observando como o caçula cresceu desde a sua última visita.

— Você está tão lindo! Como cresceu! — a ômega não parava de admirá-lo e Taehyung riu, ficando vermelho. — A sua família, deixe-me vê-los!

A castanha puxou a mão do Jeon, abraçando-o calorosamente. Jeongguk sorriu, realmente contente por ver que a mulher parecia gostar de si. Quando a ômega se afastou, o moreno segurou a mãozinha do filhote e o conduziu até a mais velha, que se agachou, completamente apaixonado pelo rapazinho tímido.

— Oi, Junhyuk. Eu sou a irmã do seu papai Tae, me chamo Sunmi. — a mesma falou e Junhyuk levantou a cabecinha para os seus progenitores, e ambos tinham um olhar alegre. Então o pequeno sorriu, mostrando sua janelinha e a abraçou. — Eu estou tão feliz por ter conhecido vocês dois. Taehyung me falou tanto e me desculpe por não ter conseguido visitar vocês antes, as coisas aqui em casa estão complicadas.

— Como ele está? — o Kim perguntou, visivelmente preocupado e a irmã suspirou, se levantando.

— Os médicos estão fazendo o possível, Tae. Mas a cada dia que passa, ele vai perdendo mais a consciência de tudo.

Taehyung abaixou a cabeça, e Jeongguk sentiu no fundo do seu coração a dor que o Kim sentia. Seu coração pesou.

— Posso vê-lo? — o alfa perguntou baixinho.

— Claro! Vá até o quarto dele, eu vou mostrar a casa pro Jeongguk.

Taehyung então se despediu do ômega e sumiu pelo corredor. Jeon desejava que ele ficasse bem.

— Venha querido, fiz um bolo de laranja e adoraria que você provasse. — a ômega pegou sua mão carinhosamente e então os três foram para a sala e Jeongguk notou que o interior de Daegu era realmente diferente da capital; as casas eram todas demasiadamente aconchegantes, e a da casa dos Kim’s era a mesma coisa. As paredes eram tingidas com um amarelo claro que dava um ar mais alegre, e o chão era todo de madeira, assim como a mesa da cozinha e Jeongguk notou que a tecnologia daquela casa era bem simples, os eletrodomésticos eram básicos, como o fogão de três bocas, a televisão era de tubo e as luminárias eram abajures e lâmpadas simples. Também reparou que o sofá era de tecido bordado, assim como as toalhas, o tapete e as cortinas. Achou adorável aquela simplicidade toda, era tão a cara do alfa.

— Espero que não se importe, eu não sabia que meu irmão viria, se não teria feito algo mais chique para vocês. Ah, o Tae sempre aparece fazendo surpresa! — a mulher serviu uma fatia generosa de bolo caseiro no pratinho, mais uma xícara de chá quentinho e entregou para ao ômega, que aceitou de bom grado. — Eu estou tão feliz por te conhecer, Taehyung me mostrou várias fotos sua, mas você consegue ser ainda mais bonito pessoalmente! Meu irmão é tão sortudo!

Jeongguk riu sem graça com os elogios, tapando o rosto corado com a mão. — Obrigado, você também é muito bonita.

E era verdade. A mais velha era a cópia do Kim e Jeongguk teve certeza que a genética daquela família era realmente boa.

— Ah, que isso! O Taehyung sempre foi o mais bonito da casa, ele parece muito a nossa mãe….

Enquanto o pequeno assistia ao desenho, extremamente concentrado, Jeongguk terminou de comer o delicioso bolo e então viu a Kim sorrir triste para si.

— O Taehyung é tão duro com ele mesmo. — ela começou e Jeongguk ficou em silêncio, prestando atenção. — Ele se culpa por tudo e agora fica se martirizando por não morar aqui e cuidar do pai… Céus, eu falo toda vez para aquele cabeça dura que você e o seu filho são a vida dele agora! Nosso pai é a família dele, eu sei. Mas o Tae já é um homem e tem uma família linda que precisa dele, entende? Jeon, você e o Hyuk foram a melhor coisa que já aconteceu ao meu irmão.

Jeongguk abriu a boca várias vezes, entretanto, não conseguiu dizer nada. Do que ela estava falando, afinal?

— Provavelmente meu irmão não te contou, né?  — o moreno assentiu. — Eu sabia, ele fica guardando tudo somente para ele e eu sempre digo que é ruim, que ele deve desabafar com alguém, aigoo… Eu vou te explicar então.

— Nossa mãe faleceu assim que o Tae nasceu. Ela já tinha quarenta e poucos anos e os médicos disseram que era uma grávidez de risco. Ele nunca a conheceu, entende? E o nosso pai ficou muito perdido no começo. Eu tinha quinze anos quando ele veio e nosso pai demorou um certo tempo para superar o luto e cuidar do bebê. Eram muitas coisas para assimilar, então eu criei o Tae nessa época. Claro, meu pai ajudava comprando as fraldas, dava a atenção necessária. Mas ele tinha recaídas às vezes e quem cuidava do Tae nessas horas era eu. Quando ele superou a morte da minha mãe, conseguimos voltar aos eixos e o Tae sempre foi muito bem cuidado, sempre teve amor e carinho e nosso pai fazia de tudo para compensar a falta da nossa mãe. Nós três sempre fomos muito próximos, sabe? Somos tudo uns para os outros. Então o Taehyung sempre foi muito próximo ao Dong e por sorte sempre foi incentivado a querer crescer, a seguir os próprios sonhos. Ele estudava muito, seu sonho sempre foi ir para Seul e fazer Artes cênicas. E no último ano do ensino médio, o meu irmão estudava dia e noite. Até que o nosso pai teve um AVC e aquilo abalou muito todos aqui em casa. Nosso pai não sabe mais sobre si mesmo e ele não reconhece o Tae já tem uns anos. E isso destrói o Taehyung de tal forma… Ele nunca conseguiu superar isso. Saber que seu pai esqueceu tudo que eles viveram e até mesmo não saber quem é o próprio filho, ele não consegue superar isso. Nunca conseguiu. E ele já até quis desistir de tudo para ficar aqui, nesse fim de mundo. Mas eu não deixei. Não acho justo meu irmão deixar os sonhos dele para trás. Eu amo o nosso pai, e é por isso que eu sei que ele gostaria que o Tae fosse um homem de se orgulhar, um homem forte. Ele precisa andar com as próprias pernas, Jeongguk. E ficar aqui só vai fazer a vida dele estacionar. Nosso pai não iria querer isso. Então sempre que ele vinha com aquelas ideias loucas de desistir de tudo e vir pra cá, eu o xingava e desligava na cara dele. Meu irmão é o amor da minha vida, e eu quero vê-lo bem. E graças a você e ao Junhyuk, Taehyung encontrou algo que o fizesse querer ficar na capital, viver de verdade. Eu sou muita grata por vocês terem entrado na vida dele. Obrigada.

E Jeongguk não conseguiu conter o choro que veio com força. Seus olhos negros estavam vermelhos e seu lábio inferior tremia. Deus, não sabia nada sobre Taehyung e descobrir que o mesmo sofrera tudo aquilo o destruira. Ele não merecia aquilo, o peso da culpa.

— Certas pessoas entram em nossas vidas com um único propósito: nos ensinar a olhar apenas para frente. E você é essa pessoa. Eu vejo em você um homem maduro e forte, que apesar de todas as dificuldades, aprendeu a usá-las como seu escudo e hoje você consegue cuidar de si mesmo. Você não aceitou o meu irmão em sua vida porque precisava de um alfa. Você o aceitou porque sabia que Taehyung poderia te ajudar a dar um futuro melhor para o bebê naquele momento. Mas você é independente, Jeongguk. Você é um sobrevivente e consegue cuidar de todos como um verdadeiro ômega. Você não abaixa a cabeça e é isso que mais me admira em ti. Então eu faço jus para você ficar com o meu irmão. Você é a sua própria cura e você mostrou isso a ele. Que ele tem que ser a dele.

[...]

— Como foi? — já era noite e estavam os três no antigo quarto de Taehyung. Ficariam aquela noite e no dia seguinte voltariam para casa.

— Eu conversei com ele. Mesmo não falando nenhuma palavra, eu sei que ele me respondeu. Meu pai ainda está ali dentro, né? Então eu deitei com ele e resolvi contar tudo que nós vivemos, desde o começo. Para que onde ele estiver, saber que eu ainda estou aqui por ele. E sempre estarei. — estavam deitados na cama de casal e Junhyuk ressonava no meio dos pais.

— Eu sinto muito orgulho de você. — Jeongguk falou e sorriu para o alfa, levando a mão para os fios castanhos do alfa.

— Uma vez você me falou que eu era o seu porto seguro — aproximaram os rostos, ainda deitados e o olhar amendoado do Kim encontrou a mais incrível galáxia dentro dos olhos negros do ômega. Ele era lindo e Taehyung amava se perder em casa detalhe do rapaz. — Mas você mal sabe o bem que me faz. Você também é o meu porto seguro, Jeongguk.

O carinho no cabelo do alfa se intensificou. Jeon estava completamente admirado pelo homem que tinha ao seu lado. A boca rosada estava entreaberta e a respiração saía tão leve; igual a sua. E Jeongguk fez o que estava querendo fazer há muito tempo; desceu os dígitos dos cabelos pelo rosto do mais velho, tocando primeiro os olhos do Kim, sentindo os cílios longos cutucarem as pontinhas de seus dedos e quando desceu mais, obtendo o olhar do mesmo sob seus toques, Jeongguk tocou a pintinha que enfeitava a ponta do nariz alheio, e o ômega sorriu quando a tocou. Era tão fofa. Desceu então para os lábios e Taehyung levou seu olhar as expressões do rapaz, vendo o moreno admirado com a textura macia dos lábios do mais alto. E o mais novo levou um pequeno susto quando sentiu um selar delicado na ponta de seu indicador, levantando então seu olhar ao do alfa, que fitava-o sem piscar.

E ficaram naquela posição por minutos. Ambos se admirando, os olhares conectados, gritando coisas que não tinham coragem de contar e os corações estavam acelerados e parecia que os dois iriam explodir. Queriam dizer tantas coisas, o quanto se admiravam, o quão lindos eram para o outro,  quão macia era a pele de ambos se tocando, tudo… Porém, apenas ficaram se olhando, imersos demais em seus próprios sentimentos.

Taehyung queria pertencer a Jeongguk. E o ômega queria entender o que era aquele avalanche de borboletas em seu estômago e a vontade avassaladora de tocar Taehyung em todas as partes, sentir mais pele, seu calor, seu perfume, ele por inteiro.

Ele queria sentir Taehyung e toda a sua essência.

×××××××××
Eu sou um monstro por fazer o Jeongguk chorar em todos os capítulos né?

Próximo capítulo já é nos tempos atuais!!!! Junhyuk com 4 anos ebaaa

Eu tava pensando em criar uma tag pra fic pra gnt interagir no tt, mostrando vídeos, fanarts, coisas que lembrem dlm! Amo de paixão quando alguém me mostra desenho do jk gravidinho e fala que lembrou de dlm :((( se vcs quiserem, podemos fazer essa tag, é só me falar aqui nos comentários (eu ia dar a ideia de um grupo no wpp prós leitores mas acho que aí eu estarei exigindo demais né kkk)

Olha só, nessa pequena pausa que eu dei nesses meses, criei a playlist de dlm e tá recheada de música triste e amorzinho pra gnt chorar e pensar muito tem taekook :(( recomendo escutarem pq talvez eu faça alguma menção da letra aqui hehehe vou deixar ela na bio do meu perfil!!!!!

Bom, meus amores, até a próxima atualização!

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