A Herdeira do Trono

LauraaMachado által

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E se você tivesse que cruzar seu país para uma última chance de se tornar quem sempre foi? De... Több

Nota da Autora
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1 - Pelo Bem do Trono
Capítulo 2 - De Todas as Pessoas do Mundo
Capítulo 3 - Baile do Século Vinte e Um
Capítulo 4 - Uma Ordem de sua Princesa
Capítulo 5 - Estou Aqui Por Você
Capítulo 7 - Festa com Máscaras
Capítulo 8 - Caminho de Volta para Casa
Capítulo 9 - Celebração da Fênix
Capítulo 10 - O Maior Segredo do Mundo
Capítulo 11 - Reconhecimento
Capítulo 12 - Só o Primeiro Encontro
Capítulo 13 - Uma Garota Conversando com um Garoto
Capítulo 14 - Sua Única Opção
Capítulo 15 - Eles Sabem
Capítulo 16 - Seu Direito e Dever
Capítulo 17 - Inapropriado para Princesas
Capítulo 18 - Você Nem Imagina
Capítulo 19 - Todas as Formas de Comunicação
Capítulo 20 - Uma Questão de Honra
PERSONAGENS
Explicações

Capítulo 6 - Convicções e Princípios

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LauraaMachado által

 Qualquer dúvida que eu tivesse antes de quem ele era se desfez só pelo jeito que me encarava, sem querer me intimidar, tampouco se deixando ceder. Se suas palavras não fossem o suficiente, ele estava seguro de que seus olhos me convenceriam que já não havia segredos entre nós. As máscaras eram dispensáveis. Ele sabia quem eu era. E agora eu sabia por que ele estava ali.

"Parabéns, Lockwood," falei, sem me atrever desviar dos olhos dele por um milésimo de segundo. "Você é oficialmente a única pessoa desse salão inteiro a descobrir que eu estou por aqui."

Inevitavelmente, meu queixo se erguia no ar. Ele não era muito mais alto que eu, mas toda sua prepotência genuína parecia aumentá-lo em alguns bons centímetros e a minha necessidade de me manter à sua altura ia além de ser só por pura defesa própria. Ele definitivamente não via fraqueza em abrir o jogo. Pelo contrário. Atrás de um sorriso contido, claramente escondia o delicioso gosto de vitória por ter me encontrado quando nem deveria saber que podia procurar.

E é claro que eu precisava tentar quebrá-lo.

"Só me explique uma coisa," pedi, virando meu rosto de leve para o lado, mas sem tirar os olhos dele, que agora se apertavam para demonstrar minha curiosidade e falsa confusão. "Qual a vantagem de declarar tão abertamente que está aqui por minha causa?"

Seus lábios se esticaram em um sorriso, e ele desviou seus olhos dos meus, correndo com eles pela festa. Mas, se antes eu achava que isso era se dar por vencido, o jeito que endireitou os ombros deixou claro que ele não via da mesma forma.

"Você não me conhece," quando falou isso, fez questão de voltar a me encarar, ainda que me desse a impressão de se afastar um pouco. "Aceito qualquer vantagem que conseguir, mas perder tempo com jogos não é para mim. Eu não tenho o que esconder de você, nem quero esconder. A vantagem está em você saber quem eu sou desde o começo e não ter dúvidas de que quero descobrir o máximo possível sobre você enquanto puder." E então, como se tivesse acabado de se lembrar de quem eu era, ele completou: "Alteza."

Por um lado, meu instinto me dizia para lhe pedir para me chamar de princesa ou só Lola. Mas, por outro, ainda estava tentando absorver o que ele tinha dito.

Alaric pareceu entender meu silêncio momentâneo como uma resposta e sorriu de novo, tomando um gole da taça que segurava e se virando para ver a festa, voltando a ficar ao meu lado.

"Então você está simplesmente sendo honesto?" Perguntei, meu tom completamente cético.

Ele riu rapidamente. "É tão difícil de acreditar que eu não tenho segundas intenções?"

Baixei meus olhos para as minhas mãos, pensando em sua pergunta. Sim. Era praticamente impossível. Para quem tinha passado a vida inteira dentro do castelo, aprendendo a lidar com políticos, e ainda sobrevivido ao meu ex-noivo, era inevitável duvidar de quem se aproximasse de mim.

"Acho que tem mais coisa que eu preciso aprender com você do que eu pensava," ele voltou a se inclinar para mim, quase se colocando à minha frente, mas ainda me dando espaço. Só me olhava de lado, parecendo se obrigar a desviar os olhos de vez em quando para não passar dos limites e me dar a impressão de estar me encurralando. "Mas eu estou mesmo aqui por você, só por você. E posso te provar se quiser."

Seu jeito de me observar com mais curiosidade do que arrogância já tinha me deixado interessada. Não achava que era possível mesmo provar algo assim, mas ele parecia tão disposto a ser desafiado quanto eu gostaria de desafiá-lo. O sorriso que tomou conta de mim era metade suspeita, metade diversão.

"Ah, é?" Falei.

Ele assentiu, me imitando ao sorrir completamente. "Claro," respondeu, ainda confiante, mas talvez um pouco mais relaxado que antes. "O que gostaria que eu fizesse?"

Cruzei meus braços, só pela brincadeira, mas mantive meu rosto levantado. "Foi você que teve a ideia, mas eu que preciso decidir como me provar?"

"Você que sabe o que precisa para se convencer," rebateu, me observando tão intensamente, que logo precisou pausar e respirar fundo.

Mas eu não queria lhe dar um descanso tão cedo.

"Está mesmo disposto a fazer o que eu falar?" Dessa vez, eu mesma que me coloquei à sua frente. "Como sabe que não vou pedir algo que você não aceite? Não sei se consigo respeitar alguém sem convicções e princípios."

Era verdade. Eu definitivamente não conseguiria. Mas tinha algo nele que me dizia que aquela questão era completamente inútil. Ele tinha porte de quem sabia exatamente quem era. Ainda que seus princípios fossem péssimos e até antiéticos, ele os tinha. E, se eu chegasse a apostar ainda mais, ele devia ter muito orgulho deles.

Era tão seguro de suas próprias convicções, que não se abalou pela minha provocação. Ele a entendeu na hora como uma brincadeira, se deixando rir de novo, mas me olhando como se estivesse começando a me ver de um jeito diferente do que esperava.

"Não se preocupe," disse. "Eu confio em você."

E, com isso, conseguiu fazer meu sorriso desaparecer momentaneamente.

Até aproveitei para olhar para baixo, tentando entender como era possível ele parecer acreditar de verdade em suas palavras sem me conhecer. Mas logo voltei a mirá-lo, determinada em esconder até para mim mesma que eu tinha levado aquilo a sério demais, nem que só por alguns segundos.

"Confia mesmo?" Perguntei, provocando outra vez e apertando os olhos para ele. "Em uma garota mimada e privilegiada que viveu a vida inteira em um castelo e com uma tiara na cabeça?"

Ele não se abalou, mal se deixou sorrir. "Completamente."

Eu balancei um pouco a cabeça, negando meus pensamentos e duvidando dele.

Seu jeito de começar a me provar foi se aproximando de mim, só alguns centímetros que fizeram uma diferença enorme quando nós já estávamos tão perto um do outro.

"Como gostaria que eu provasse, Alteza?" Perguntou, abaixando um pouco a cabeça, em uma quase reverência, para me mostrar que estava à minha disposição.

Aproveitei para quebrar aquela aproximação e corri meus olhos pelo salão, ainda que não estivesse completamente convencida de que tudo aquilo era uma boa ideia. Adorava poder provocá-lo, mas tinha certo receio de que talvez aquela brincadeira lhe desse a impressão errada ou simplesmente fosse mais boba do que ele esperava. A última coisa que eu queria era que ele chegasse ao final dessa noite certo de que eu não chegava nem perto de suas expectativas.

Mas então eu avistei Trevor outra vez. E minhas dúvidas desapareceram quando tive a ideia para o desafio.

Provavelmente não era o que Alaric esperava. Ele devia estar torcendo para eu pedir que conversasse com alguém importante no mesmo nível, dançasse comigo com uma técnica impressionante ou soubesse de algo que poucas pessoas no mundo conseguiram ter a chance de aprender. Mas a minha ideia era bem mais simples.

"Você está vendo aquele cara ali," me virei para encará-lo outra vez, enquanto seus olhos buscavam por cima do meu ombro de quem eu estava falando. "Sentado à mesa, comendo um pedaço de bolo."

"Sim," ele franziu um pouco a testa, o que sua máscara quase escondeu.

"Quero que você vá até ele e coma um pedaço de seu bolo."

Ele ficou ainda mais confuso, seus olhos agora buscando uma explicação nos meus.

Mas, ao invés de me perguntar qual era o meu problema de achar que aquela atitude me provaria que estava ali por mim, ele só relaxou sua testa e sorriu, confiante.

"Fácil."

"Sem falar nada," completei.

"Como é?"

"Eu quero que você vá lá, coma um pedaço do bolo dele e volte. Sem falar nada. Sem explicar o porquê. Sem pedir."

Ele olhou de novo na direção de Trevor, como se pudesse analisar pelas suas costas se valia a pena ou não. E eu fiz questão de lhe dar um último empurrãozinho:

"Imagino que isso não vá contra seus princípios."

Como poderia? Ninguém que ao menos soubesse o significado de princípios perderia tempo criando um que fosse contra roubar pedaços de bolos em silêncio de convidados em bailes reais. Talvez essa fosse a parte brilhante da minha ideia.

Quando Alaric olhou de novo para mim, já parecia determinado. Ele me fez um aceno de cabeça, como quem dissesse, 'até logo', e deu a volta em mim, começando a marchar na direção de Trevor.

Eu me virei para observá-lo. Seus primeiros passos foram realmente diretos, mas ele os diminuiu em velocidade e certeza ao chegar mais perto dele. A menina que tinha estado conversando com Trevor antes já tinha se afastado, o que faria tudo mais fácil para Alaric.

Ou mais difícil. Eu não sabia exatamente como era possível cumprir meu pedido. Mas isso era problema dele.

Quando chegou logo atrás de Trevor, ele parou. Tive a impressão de que ia desistir. O desafio era completamente idiota, até eu sabia disso. Mas era exatamente por isso que tinha feito aquele pedido. Queria ver se ele estava disposto a fazer coisas bobas por mim. Se estava tão disposto a declarar suas intenções, não deveria ter problema em provar.

E não teve. Depois de hesitar um pouco, ele notou que um garçom estava passando por perto e aproveitou para derrubar no chão um dos pequenos pratos de aperitivo que ele carregava. Não consegui evitar abrir a boca de espanto na hora, e o barulho dele caindo no chão me assustou um pouco, ainda que não tivesse chegado a quebrar. E isso porque eu estava longe.

Trevor também levou um susto, parando de comer seu bolo para ver o que estava acontecendo. Alaric tinha se colocado do outro lado dele, se escondendo em seu ponto cego e, no único segundo em que Trevor estava distraído, ele enfiou a mão no que sobrava de seu bolo e tirou um pedaço, que logo colocou na boca.

Eu ria para mim mesma, ainda um pouco horrorizada pelo método que ele tinha escolhido, mas completamente impressionada por ter conseguido! Ele veio correndo para mim antes que Trevor percebesse o que estava acontecendo e, sem se sentir na obrigação de me pedir, colocou uma mão atrás das minhas costas, me virando para o lado contrário de Trevor e me empurrando para nos afastarmos da cena do crime.

"Você é louco," falei, quando paramos e ele teve a chance de recuperar seu fôlego e o que tivesse de nervosismo.

"Eu sou louco?!" Perguntou, com bastante ênfase, parecendo já bem à vontade ao meu lado. "Foi você que teve a ideia!" Ainda que mandasse a culpa para mim, ele sorria largo, aproveitando para checar que não tinha pedaço algum de bolo em seu rosto.

Até eu sorria mais do que deveria. Não poderia negar que estava mesmo impressionada com sua coragem. E aquilo era terrivelmente divertido.

Até ele falar:

"Agora é sua vez."

Tive que piscar algumas vezes para ter certeza de que aquilo estava mesmo acontecendo. "Como é?"

Ele se aproximou um pouco mais de mim, discreto o suficiente para achar que eu não estava percebendo.

"Sua vez de cumprir um desafio, oras," explicou, me fazendo bufar uma risada.

"Você realmente é louco!" Insisti.

E então ele balançou a cabeça, desfazendo devagar seu sorriso. Podia sentir que estava prestes a falar sério antes mesmo que me olhasse com toda a intensidade que conseguia reunir.

"Como eu não faço jogos, talvez seja bom deixar uma coisa clara," falou, me fazendo ficar apreensiva de repente. "Não importa quem você é para o resto do mundo. Entre eu e você, precisamos estar no mesmo nível. E, se não for isso que você espera, não queremos a mesma coisa."

O resto da festa continuava ao nosso redor. Ele tinha me puxado o suficiente para entrarmos no meio de onde as pessoas dançavam, rodopiavam e quase esbarravam em nós. Mas Alaric e eu nos mantivemos imóveis por alguns segundos. Não era mais uma luta para tentar ver quem conseguia sair por cima. Talvez pela primeira vez, eu realmente o estivesse vendo.

Ainda que sentisse que aquele momento não podia ser real.

Tinha muita coisa que eu esperava de meus pretendentes, mas essa definitivamente não era uma delas. Não esperava que um deles fizesse questão de abrir o jogo, de dar por entendido que eu estava mesmo procurando um marido e que ele estava ali por isso. Mas a parte mais surpreendente era ele acreditar nisso, de nós precisarmos estar no mesmo nível. E o que mais me abalou foi o quanto eu concordava.

Sempre tinha concordado. Mas já fazia bastante tempo que não me lembrava dessa minha teoria para o relacionamento perfeito. Tinha aprendido do pior jeito possível que às vezes as coisas não eram tão simples assim e resolvido há muito tempo atrás que era melhor sempre ser superior a qualquer homem. Era o jeito mais fácil de não me machucar.

E, naquela hora, na frente de Alaric, parte de mim queria lhe dizer que então nós não queríamos a mesma coisa, que era melhor nós dois nos afastarmos ali mesmo. Essa era a minha parte covarde.

Respirei fundo, levantando meu queixo no ar. "O que quer que eu faça?"



Olvasás folytatása

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