Camila POV
Eu deixei mais uma bandeja cheia de copos de refrigerante, em cima de uma das mesas enfeitadas no quintal, antes de voltar ao grupo de mulheres conversando descontraidamente. Era um sábado ensolarado e a casa estava cheia com o pessoal da PJ's, minha mãe, junto com Sofi, além de vários amigos de escola do Benjamin. Era aniversário dele e, claro, que dona Clara não iria deixar passar a data sem uma festa... Ela e minha mãe se empenharam, durante vários dias, em fazer inúmeros doces e comidas, comprar balões de encher, enfeites para a casa e no final, eu também já estava super animada com a comemoração.
Estava animada porque, pela primeira vez, Benjamin estava podendo aproveitar seu aniversário correndo e rindo pela casa com os amigos, se divertindo de verdade, como uma simples criança, mas por outro lado, eu gostaria muito que Lauren estivesse aqui para aproveitar esse momento.
Na verdade, eu gostaria que ela estivesse aqui todos os dias.
—Kaki! – Eu escutei minha mãe praticamente gritar ao lado do meu ouvido.
—Caramba, mãe! O que foi? – Eu perguntei num tom impaciente.
—Estamos te chamando e você fica aí com essa cara de besta... – Ela falou cruzando os braços. – Está pensando na Lauren de novo? – Ela perguntou interessada.
—Não... – Eu murmurei respirando fundo e ela, junto com dona Clara me encararam atentamente. – Talvez... –Eu disse com um sorriso fraco.
—Ela ainda não mandou outro e-mail? – Clara perguntou interessada e eu neguei com a cabeça.
—Até agora nada... – Eu respondi, checando mais uma vez a caixa de entrada do meu e-mail no celular. – Eu achei que ela fosse dar alguma notícia e mandar os parabéns ao Benjamin, mas a ultima vez que ela entrou em contato foi mês passado. – Eu comentei respirando fundo.
—Deve estar tudo bem, Kaki, ela só deve estar ocupada. – Minha mãe tentou suavizar a situação.
—Eu não sei... A Lauren não iria deixar o aniversário do Benjamin passar assim, tem alguma coisa errada. – Eu rebati num tom apreensivo, voltando a guardar o celular no bolso.
—Vamos esperar mais um pouco, qualquer coisa eu falo com Mike e ele tenta conseguir alguma informação sobre ela... ele tem alguns conhecidos que trabalharam com ele, na época em que servia e que podem saber de algo. – Dona Clara afirmou séria e eu assenti.
Eu sabia que, assim como eu, Clara também ficava extremamente preocupada e ansiosa, esperando, todos os meses, por notícias da filha. Já havia se passado um mês desde a última vez em que troquei e-mails com a Lauren e desde então, tenho ficado cada vez mais nervosa imaginando o porquê ela não ter entrado em contato ainda.
—Bom, o que importa é mantermos o pensamento positivo... Tenho certeza que está tudo bem. – Minha mãe disse num tom calmo, deixando um rápido beijo em minha testa.
—Pela minha experiência no assunto, eu concordo com a Sinu... – Dona Clara comentou com um breve sorriso. – E quem sabe em breve a minha filha teimosa deixa isso de lado e resolve ficar aqui de vez, principalmente agora depois de admitir o óbvio. – Ela adicionou com um olhar esperto e eu esbocei um leve sorriso.
Eu havia comentado com as duas sobre o assunto do ultimo par de e-mails que havia trocado com a Lauren e era óbvio que elas estavam radiantes, assim como eu. Depois daquele dia, eu havia ficado tão feliz que as duas logo perceberam que algo estava diferente e como elas, desde o início, sempre estiveram ao meu lado, dando apoio em toda a situação do casamento, eu achei justo dividir com elas o que de fato estava acontecendo entre mim e a Lauren.
—Lóren! – Eu escutei a voz do Benjamin ecoar pelo jardim e senti meu corpo tencionar no mesmo momento.
Espera, o quê?
Quando percorri meu olhar pelo jardim cheio de pessoas, observei Benjamin correndo, com enorme sorriso no rosto, desviando de qualquer um que estivesse na sua frente, até finalmente chegar à ela... Lauren...
Ela realmente estava lá, ajoelhada na grama, com uma de suas velhas calças jeans, a simples blusa branca, os olhos brilhantes como sempre e em um dos braços, carregava um filhote de labrador, enquanto o outro se abria esperando Benjamin vir a seu encontro. Eu ainda estava parada, em choque, sem acreditar no que estava vendo e travando uma verdadeira batalha interna, decidindo se aquilo era um sonho ou não, quando observei Benjamin praticamente pular no corpo da mulher e Lauren rir, deixando beijos por seu rosto.
Minha mãe e dona Clara pareciam tão surpresas quanto eu, quando trocaram um rápido olhar comigo e logo depois, senti meu coração acelerar, deixando minhas pernas andarem praticamente sozinhas, ignorando qualquer coisa que estivesse a minha volta e seguindo na direção dos dois.
—Lo... – Eu falei com uma voz trêmula, assim que me aproximei dos dois, ainda imersos em sua própria interação e trocas de sorrisos.
Seu rosto se virou em minha direção, levantando seu corpo rapidamente, com Benjamin e o cãozinho em seu colo, ostentando um enorme sorriso no rosto. Antes que eu falasse mais alguma coisa, senti seus lábios tocarem os meus, de um modo gentil, mas ao mesmo tempo intenso.
Como eu senti falta disso.
—Oi, Camz... – Ela falou sorridente, assim que afastou seus lábios.
—Oi... – Eu respondi ainda abobalhada. – O que você está fazendo aqui? Como? – Eu perguntei confusa, a encarando atentamente.
—Ué, eu vim dar os parabéns para a minha corujinha. – Ela respondeu deixando um breve beijo na testa do Benjamin, que sorria animadamente. – E como? Bom, eu vim de avião mesmo. – Ela adicionou num tom divertido e eu soltei uma risada.
—Eu pensei que você não fosse conseguir vir. – Eu comentei ainda surpresa.
—E perder a melhor festa do ano? De jeito nenhum! – Ela afirmou animada. – E vim trazer mais um membro da nossa família também... Podem dar as boas vindas ao Marley Jr. – Ela adicionou atraindo nossa atenção para o filhote em seu braço, antes de trocar um olhar cúmplice comigo.
Como eu poderia não me apaixonar por ela cada vez mais? É simplesmente impossível.
—Oh então ele vai poder ficar com a gente? – Benjamin perguntou rindo com o cachorro que tentava lamber seus dedos.
—Vai sim... – Lauren disse simples e eu sorri acariciando rapidamente as orelhas do animal.
—Vamos poder levar ele no parque também? – Ele continuou a perguntar entusiasmado.
—Sempre que você quiser. – Lauren respondeu com um sorriso. – Agora você pode ir apresentar o Marley Jr. para a Harper e seus amigos, o que acha? – Ela adicionou num tom calmo, enquanto colocava Benjamin no chão e lhe entregava o filhote, que continuava empenhado em tentar lamber tudo que via pela frente.
—Mas você vai ter que ir embora e eu quero ficar com você... – Ben murmurou receoso e eu mordi meus lábios em nervoso.
—Eu não vou embora agora, corujinha... Daqui a pouco você e eu podemos apostar corrida com o Marley, ok? – Lauren explicou ao se abaixar para falar com ele, que assentiu com um sorriso mais tranquilo e se afastou com o filhote nos braços.
Assim que Lauren se levantou novamente, eu deixei meus braços envolverem seu pescoço em um abraço apertado, enquanto sentia meu coração bater ainda mais forte em meu peito. Parecia que eu precisava ficar daquele jeito, sentindo seu corpo e seu cheiro, por longos minutos para realmente acreditar que ela estava ali.
E ela estava... finalmente estava em casa...
—Oi de novo... – Ela murmurou ao deixar mais um breve beijo em meus lábios.
—Oi... – Eu rebati ainda entorpecida pelo momento.
—Tudo bem? – Ela perguntou, deslizando sua mão suavemente pelo meu rosto.
—O quê? – Eu questionei encarando seus olhos verdes.
—Ok, acho que tudo normal... – Ela disse soltando uma risada.
Foco, Camila.
—Desculpa, Lo... é que eu ainda estou surpresa... Você não avisou que vinha, não mandou nenhum e-mail... eu só não esperava por isso... – Eu tentei explicar com um sorriso fraco. – Você está bem? Se machucou? Quando chegou? E sabe se vai ter que voltar? Porque não disse que vinha? Vero e Troy também vieram? – Uma verdadeira enxurrada de perguntas começou a escapar da minha boca, enquanto ela apenas me encarava com um sorriso de lado no rosto.
—Camz... Devagar... – Ela me interrompeu soltando uma risada e eu respirei fundo. – Vamos até minha mãe e então respondo suas perguntas, ok? Tenho certeza que ela também irá me questionar sobre as mesmas coisas. – Ela sugeriu e eu concordei, antes de deixar mais um beijo em seus lábios.
Enquanto cruzava o jardim, de mãos dadas com a Lauren, sabia que as garotas da PJ's estavam encarando toda aquela interação e que, mais tarde, elas iriam vir me interrogar sobre minha relação com a Lauren. É claro que todos já desconfiavam, mas eu não havia assumido nada, a não ser para minha mãe e dona Clara.
—Meu bolinho! – Clara exclamou puxando a filha para um abraço apertado.
—Oi, mãe... – Lauren disse sorridente. – Olá, Sinu... – Ela aproveitou para cumprimentar minha mãe com um rápido abraço também. – Meu pai não veio? – Ela perguntou olhando ao redor.
—Foi ao mercado com seu irmão e Jenna comprar mais refrigerante... Já devem estar chegando. – Dona Clara avisou calma. – Estávamos preocupadas com você, não avisou que vinha e não deu notícias... Eu já disse para você não fazer essas coisas, Michelle. – Clara adicionou deixando um puxão na orelha da filha.
Eu sentia muita falta disso também.
—Já com isso, mãe? Caramba! – Lauren reclamou acariciando a orelha e eu sorri negando com a cabeça. – E eu queria fazer uma surpresa, poxa, por isso que não avisei... – Ela tentou se defender.
—Ah e a sua ideia maravilhosa não leva em consideração que poderíamos pensar que algo de ruim tivesse acontecido com você? – Clara rebateu firme, deixando outro puxão na orelha da filha, enquanto Lauren me encarava pedindo por ajuda.
—O quê? Sua mãe está certa... – Eu disse cruzando os braços.
—Ok, tudo bem, eu entendi! – Ela resmungou cobrindo as orelhas. – Desculpa, nada de surpresas mais. – Ela reclamou fechando a expressão em seu rosto.
—Desfaz esse bico, bolinho... Mamãe já parou de brigar com você. – Clara pediu voltando a beijar o rosto da filha e eu sorri com a cena. – Você está bem? – Ela perguntou calma e Lauren assentiu.
—Mesmo? Nenhum arranhão? – Eu perguntei apreensiva e ela riu.
—Estou bem, Camz... Completamente curada daquele corte de papel no dedo. – Ela afirmou com um sorriso, deixando sua mão apoiada em minha cintura.
—Ainda estou tentando entender como você conseguiu aparecer por aqui, pensei que fosse ficar em Alepo por mais algum tempo... – Eu comentei a encarando interessada.
—Bom, eu consegui falar com um dos meus superiores e mudei minha escala... Vou ficar por aqui durante uns três meses, até ter que voltar para Alepo por mais algum tempo e depois venho para o natal. – Ela explicou calma e eu respirei fundo.
Por um lado eu estava extremamente feliz por saber que ela ficaria por aqui durante esse tempo, mas por outro, uma pontada de decepção surgia no meu peito, por pensar que talvez ela pudesse ter desistido da ideia de trabalhar no meio de uma guerra.
—Por um momento achei que você tivesse largado esse emprego. – Clara comentou com um suspiro, visivelmente desapontada.
Você não foi a única, dona Clara...
—Mãe... – Lauren murmurou num tom cansado.
—Ok, tudo bem... eu fico feliz que esteja aqui, sentimos sua falta. – Clara preferiu não insistir, acariciando rapidamente o rosto da filha. – Vou ligar para o seu pai e avisar que você está aqui. – Ela adicionou se afastando ao lado da minha mãe.
—Então é oficial? – Dinah perguntou ao se aproximar rapidamente de nós com o resto das garotas.
Vai começar...
—O quê? – Eu perguntei me fazendo de desentendida.
—Você e Lauren. – Mani disse num tom óbvio e eu troquei um rápido olhar com a Lauren.
—Olá para vocês também e sim, estou ótima, obrigada por perguntarem. – Lauren disse irônica.
—Corta essa vela ambulante, você é igual a gato com sete vidas, se não morreu até agora, não morre mais... Queremos saber o que está rolando de verdade. – Dinah rebateu impaciente e eu abri a boca em surpresa.
—Rude. – Lauren resmungou cerrando os olhos.
—Ela tem razão. – Lucy disse dando de ombros.
—Vocês não vão desistir, não é? – Eu perguntei incrédula.
—Nope. – Ally afirmou simples, antes de tomar mais um gole de seu suco.
—Bom, se vocês querem mesmo saber... a única coisa que eu tenho a dizer é que eu e Camz somos o casal mais bonito que existe e vocês podem ficar com inveja. – Lauren disse num tom descontraído e eu soltei uma risada a abraçando de lado.
—Menos, Jauregui... Bem menos, porque eu e Mani ainda comandamos essa cidade. – Dinah rebateu num tom convencido, puxando a mulher pela cintura.
—Iludida. – Lauren murmurou com um sorriso irônico e Dinah cerrou seus olhos em nossa direção.
—Tirando toda essa competição de casal, eu fico feliz por vocês... Já estava na hora. – Lucy disse sorridente.
—Concordo... Eu não aguentava mais ter que escutar a Camila resmungando sobre como a Lauren faz falta, como ela é maravilhosa, como adoraria... – Mani começou a comentar naturalmente e eu arregalei meus olhos, antes de me jogar para frente e tapar sua boca com a minha mão.
No meio do caminho da tentativa de impedir que a Mani continuasse a me envergonhar na frente de todos, eu acabei batendo com meu braço na mão da Ally e o resto de suco em seu copo, foi parar exatamente na blusa da Lauren, que ostentava um sorriso divertido no rosto, com certeza se divertindo com a cena.
—Ops... – Eu disse com um sorriso sem jeito, enquanto as garotas riam.
Bando de ingratas...
—Esse é um belo modo de dizer bem vinda de volta, Lauren. – Lucy comentou num tom provocativo.
—Refrescante... – Lauren rebateu soltando uma risada e eu encolhi os ombros, ainda embaraçada pela situação.
—Eu vou pegar uma blusa limpa para você, Lo. – Eu avisei com um breve sorriso.
—Tudo bem, eu vou com você... – Lauren afirmou calma. – Lu, Vero não vai poder voltar agora, mas me pediu para entregar isso para você... Dê uma chance, ok? – Ela adicionou tirando o que parecia ser uma carta do bolso de sua calça jeans e entregando para Lucy, que analisava aquilo de maneira duvidosa. – E Ally minion, Troy chega em alguns dias, está ansioso para te ver. – Ela terminou sorridente, antes de segurar em minha mão e seguir comigo pela casa.
Quando chegamos ao quarto, enquanto ela retirava a blusa suja e a colocava no cesto do banheiro, eu fui até o armário pegar uma de suas blusas limpas.
—O que foi? – Eu perguntei confusa, quando estendi a blusa limpa em sua direção e ela apenas me encarou, com um sorriso de lado no rosto.
Ainda sem me responder, eu a observei deixar a blusa na cama e ir trancar a porta do quarto, antes de voltar a caminhar em minha direção com um sorriso esperto.
Oh... isso não vai prestar...
—Quanto tempo até alguém vir atrás de nós? – Ela perguntou me puxando pela cintura e eu arqueei a sobrancelha.
—Na melhor das hipóteses? – Eu perguntei deslizando meus braços por seus ombros e ela assentiu. – Uns vinte minutos... – Eu afirmei num tom divertido e ela soltou uma risada, antes de me puxar para um beijo.
Era um beijo intenso e cheio de saudade, como se tentássemos recuperar cada segundo que ficamos afastadas durante esses meses. Eu podia sentir seus dedos apertando firmemente minha cintura, juntando nossos corpos ainda mais, enquanto minha mão deslizava por sua nuca e meus lábios sugavam os dela com vontade.
De repente, o ritmo ficou mais acelerado e assim que um beijo terminava, nós iniciávamos outro, cada vez com mais desejo e intensidade. A sensação de que minha pele estava queimando com seus toques só aumentou, quando senti meu corpo bater contra uma escrivaninha que havia no quarto e escutar os objetos que estavam por lá despencarem no chão. Suas mãos alcançaram a parte de trás das minhas coxas, expostas pelo vestido curto, e isso foi o suficiente para impulsionar meu corpo para cima e me fazer sentar sobre a mesa de madeira.
Seus lábios se arrastaram da minha boca até meu pescoço, deixando um rasto de beijos molhados, enquanto eu apertava meus dedos em seus ombros e tentava controlar os baixos gemidos que saiam da minha boca. Se fosse qualquer outro dia, eu diria que era loucura fazermos o que estávamos fazendo, com a casa repleta de pessoas e que poderiam suspeitar de algo, mas aquele não era um dia comum... Era a Lauren de volta, depois de quatro meses, sem poder sentir seus lábios e suas mãos em mim... E não, eu não conseguiria parar agora.
E nem ao menos queria.
Suas mãos ainda mantendo o ritmo acelerado, subiram a barra do meu vestido, enquanto as minhas deslizaram por sua barriga, seguindo até o botão de sua calça. Eu podia sentir sua excitação contra a minha mão, enquanto voltava a beijar seus lábios e seus dedos deslizavam minha calcinha por minhas pernas.
Eu evitei que um gemido mais alto escapasse da minha boca, mordendo seu ombro, quando a senti me preencher de uma vez só, forte e fundo. Como todo o resto de nossos toques, seu quadril também se movimentava de forma acelerada, enquanto trocávamos beijos calorosos e carícias ainda mais intensas. Naquele momento, eu não me importava se alguém estivesse escutando a mesa bater contra a parede do quarto, eu só conseguia gemer contra os seus lábios, querendo cada vez mais daquele contato que eu senti tanta falta.
Quando finalmente, sentimos nossos corpos tencionarem e chegarem ao ápice juntos, eu ainda podia sentir a respiração pesada da Lauren bater contra o meu pescoço, enquanto eu também tentava controlar a minha.
—Eu estava morrendo de saudades sua. – Eu escutei ela murmurar contra o meu pescoço, antes de levantar seu rosto para me dar outro beijo.
—Eu também estava... muito... – Eu disse contra os seus lábios.
Pouco tempo depois, escutamos leves batidas na porta e a voz da dona Clara soar do corredor, perguntando se estávamos no quarto e que Mike havia chegado do mercado com Chris e Jenna.
—Acha que, se não respondermos, ela vai pensar que fomos sequestradas por alienígenas e vai embora? – Lauren sussurrou e eu soltei uma risada fraca.
—Provavelmente não... – Eu disse com um sorriso divertido e ela suspirou.
—Droga, eu realmente preferia ficar aqui te beijando. – Ela resmungou voltando a deslizar seus lábios pelo meu pescoço.
—Eu também, mas esse lance de alienígenas não vai colar. – Eu brinquei e ela riu.
—E um buraco negro? – Ela sugeriu com um olhar animado.
—Lauren... – Eu murmurei negando com a cabeça e rindo.
—Já estamos indo, mãe. – Ela falou ao escutar novas batidas e se afastar de mim.
Quando voltamos ao andar debaixo da casa, Lauren foi até o pai lhe dar um grande abraço, seguindo logo depois para o Chris e Jenna e enquanto ela se entretinha em uma conversa animada com eles, eu fui ver se os convidados precisavam de mais alguma coisa.
Pelo caminho, é claro que tive que escutar as piadas das garotas da PJ's, sobre porque eu e Lauren havíamos demorado tanto lá em cima, mas preferi ignorar... Até porque meu rosto cordado iria acabar entregando tudo.
Durante o resto da festa e do dia, Benjamin tomou praticamente toda a atenção da Lauren, junto com o pequeno cachorro, correndo de um lado para o outro do quintal e eu fiquei feliz em poder observar toda a interação deles. Ela ter aparecido por aqui hoje, com certeza, foi o melhor presente que ele poderia ter ganho.
E eu também.
Já de noite, quando a festa havia acabado e todos tinham ido embora, eu aproveitei para ir tomar um banho, enquanto Lauren e Benjamin já estavam prontos para dormir, e ela lia para ele uma daquelas revistas em quadrinhos na nossa cama.
Eu sorri quando voltei ao quarto e Ben já estava adormecido ao lado dela, que deslizava seus dedos sobre os cabelos dele e sorria observando o filhote de labrador, também adormecido no tapete do quarto.
—Vou levar ele para o quarto. – Eu falei baixo e ela negou com a cabeça.
—Não, deixa ele dormir aqui hoje, ainda estou com saudades de vocês. – Ela rebateu estendendo seu braço livre pela cama e eu sorri, puxando a coberta para me deitar ao seu lado.
—Estou feliz por você estar em casa de novo. – Eu murmurei me aconchegando em seu corpo.
—Eu também... fiquei pensando nos seus doces o dia inteiro. – Ela disse divertida e eu soltei uma risada.
—Bem a sua cara mesmo... – Eu comentei deixado um beijo em seu rosto. – Como conseguiu o Marley Jr.? –Eu perguntei calma, ao escutar um pequeno espirro do cãozinho.
—Eu mandei um e-mail para um conhecido que tem criação e ele me deu um... Fui o buscar logo que cheguei e depois vim para cá. – Ela explicou naturalmente.
—Ben o adorou. – Eu comentei e ela concordou com um sorriso. – Lo... – Eu chamei sua atenção num tom baixo.
—Hum... – Ela murmurou fechando os olhos.
—Eu continuo me apaixonando por você. – Eu disse simples e vi um sorriso surgir em seus lábios.
—E eu por você. – Ela rebateu deixado um beijo em minha testa, enquanto eu fechava os olhos.